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         The ventriculoperitoneal shunt (VPS) is an established treatment for hydrocephalus.
            The functioning of the system requires a pressure difference between the cranial and
            abdominal cavities. The VPS can be particularly problematic in patients with increased
            intra-abdominal pressure (IAP). We report the case of a 16-year-old girl with VPS
            since she was 2 months old due to hydrocephalus secondary to myelomeningocele. The
            patient had been asymptomatic ever since, but she sought the emergency service with
            intermittent headache and vomiting. A non-enhanced brain tomography, a shunt trajectory
            X-ray and an abdominal ultrasound revealed no cause of system malfunction. In view
            of the persistent clinical picture, a revision of the shunt was performed, which revealed
            adequate intraoperative functioning. She returned with the same symptoms two weeks
            after surgery. The patient was obese (body mass index [BMI]: 48). We hypothesized
            intermittent valve malfunction due to increased intra-abdominal pressure. She underwent
            a ventriculoatrial shunt, without intercurrences. In the postoperative period, the
            patient presented transient tachycardia and was asymptomatic at the 6-month follow-up.
            Obesity should be considered an important variable for the inadequate functioning
            of the VPS due to increased IAP and catheter dystocia to the extraperitoneal cavity.
            Studies have already correlated the IAP with the BMI, which reaches between 8 mm Hg
            and 12 mm Hg in obese individuals. Therefore, the BMI can be considered during the
            selection of valve pressure in systems with non-adjustable valves to prevent insufficient
            drainage. The recognition of obesity as a cause of VPS malfunction is fundamental
            to avoid unnecessary surgeries and intermittent malfunction of the system.
         
         Resumo
         
         A derivação ventriculoperitoneal (DVP) é um tratamento estabelecido para a hidrocefalia;
            contudo, algumas variáveis podem influenciar na eficácia desta modalidade. O funcionamento
            do sistema requer uma diferença de pressão entre as cavidades craniana e abdominal.
            A DVP pode ser particularmente problemática em pacientes com aumento da pressão intra-abdominal
            (PIA). Neste artigo, relatamos o caso de uma paciente do sexo feminino, de 16 anos,
            portadora de DVP desde os 2 meses de idade por hidrocefalia secundária a mielomeningocele.
            Desde então assintomática, procurou o pronto-socorro com queixa de cefaleia e vômitos
            intermitentes. Uma tomografia de crânio sem contraste, um raio X (RX) do trajeto do
            cateter distal, e uma ultrassonografia (USG) abdominal não evidenciaram a causa do
            mau funcionamento do sistema. Diante do quadro persistente, realizou-se uma revisão
            da derivação, que mostrou funcionamento adequado no período intraoperatório. A paciente
            retornou com os mesmos sintomas duas semanas após a cirurgia. A paciente era obesa
            (índice de massa corporal [IMC]: 48). Aventou-se possível funcionamento intermitente
            da válvula pelo aumento da PIA. A paciente foi submetida a uma derivação ventrículo-atrial,
            que foi realizada sem intercorrências. No pós-operatório, ela apresentou quadro transitório
            de taquicardia, e não apresentou sintomas no acompanhamento feito depois de 6 meses.
            A obesidade deve ser considerada uma variável importante para o funcionamento inadequado
            da DVP, pelo aumento da PIA e pela associação com distocia do cateter para a cavidade
            extraperitoneal. Estudos já correlacionaram a PIA com o IMC, que pode atingir entre8 mm
            Hg e 12 mm Hg em obesos. Logo, o IMC pode ser considerado na seleção da pressão da
            válvula em sistemas com válvulas não ajustáveis, para prevenir a drenagem insuficiente.
            O reconhecimento da obesidade de risco para o mau funcionamento da DVP é fundamental
            para evitar cirurgias desnecessárias e o mau funcionamento intermitente do sistema.
         
         Keywords
obesity - ventriculoperitoneal shunt malfunction - hydrocephalus - intra-abdominal
            pressure
Palavras-chave
obesidade - derivação ventrículo-peritoneal - hidrocefalia - pressão intra-abdominal