CC BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2018; 37(S 01): S1-S332
DOI: 10.1055/s-0038-1672491
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Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Dreno lombar como alternativa para o tratamento de fístula liquórica em meningiomas da base do crânio

Rodolfo Carvalho
1   Hospital Ernesto Dornelles
,
Leonardo Olijnyk
1   Hospital Ernesto Dornelles
,
Eduardo da Silva
1   Hospital Ernesto Dornelles
› Author Affiliations
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Publication Date:
06 September 2018 (online)

 

Introdução: Fístula liquórica (FL) é uma complicação relativamente frequente em neurocirurgia. De modo geral, 2 a 5% dos pacientes submetidos a craniotomias apresentam fístula. Em cirurgias de base de crânio este número pode chegar a 17%.

Objetivo: Os autores apresentam o protocolo de drenagem lombar externa (DLE) utilizado no serviço como primeira escolha para tratar FL. Entre suas vantagens está a baixa morbidade, a facilidade de iniciar esta terapia precocemente e os bons resultados evitando reintervenções cirúrgicas.

Método: Pacientes submetidos à ressecção de meningiomas da base do crânio com sinais de extravasamento liquórico pela ferida operatória ou acúmulo subcutâneo (quando as coleções são puncionadas para confirmar que se trata de líquor) são candidatos à drenagem lombar externa (DLE), com o seguinte protocolo: punção lombar em nível L4/5 idealmente com agulha peridural calibre 17 para introdução de cateter peridural 18 em espaço subaracnóideo sob anestesia local, seguido de encaixe em sistema de quinto ventrículo; fixação com curativo compressivo/adesivo local; orientações quanto a conduta e cuidados com dreno para paciente e equipe de enfermagem; drenagem de 30 mL de líquor em sistema fechado sem coluna de pressão, seguindo 3 horas de fechamento. Após este período, o dreno é aberto novamente e assim sucessivamente por 5 dias. Em alguns casos o paciente pode não tolerar a hipotensão liquórica, sendo reavaliado o fluxo de drenagem. Com as devidas orientações, o paciente pode sair do leito com o dreno fechado e deambular. Ressaltamos que, para estes aspectos, tanto pacientes e familiares como equipe de enfermagem neurocirúrgica devem receber orientações e treinamento adequados. Ao retirar o dreno sempre é realizada coleta de líquor para análise.

Resultados: Ocorreram 16 casos de FL em 112 pacientes submetidos à ressecção de meningiomas da base do crânio (13%). Destes 16, nove (56%) tiveram o quadro de fístula solucionado com dreno lombar. Sete necessitaram reintervenção cirúrgica.

Conclusão: Drenagem lombar intermitente é uma opção útil na condução de fístulas liquóricas pós-operatórias. Em nossa experiência, este procedimento apresenta boa tolerância, pouca morbidade e tem taxa de resolução satisfatória. Sua falha pode ser seguida de técnica operatória aberta para a correção de FL, que resulta em resolução do problema na quase totalidade dos casos.