CC BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2018; 37(S 01): S1-S332
DOI: 10.1055/s-0038-1672552
E-Poster – Spine
Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Isquemia de artéria central da retina unilateral em adolescente após cirurgia de coluna cervical posterior: um relato de caso

Jhoney Francieis Feitosa
1   HSJA
,
Jordan Câmara Moura
1   HSJA
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Édson Bernaldino Neto
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Henrique Alves Pinto Silva
1   HSJA
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Bruno Coelho da Rocha Lázaro
1   HSJA
› Author Affiliations
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Publication Date:
06 September 2018 (online)

 

Injúria ocular culminando em perda da visão após cirurgias não oftalmológicas é extremamente rara 0,01–0,1%, observada principalmente em cirurgias de coluna vertebral, cardíaca e de cabeça e pescoço. Fatores de risco já conhecidos pré-operatório incluem hipertensão arterial, diabetes mellitus, obesidade, tabagismo, policitemia, doença aterosclerótica e distúrbios do colágeno. Paciente feminino, escolar, 12 anos (153 cm, 42,5 kg e IMC 18,2 kg/m2), hígida, admitida no pronto-socorro do hospital com quadro de cervicobraquialgia à esquerda após trauma por queda de portão sobre a região cervical posterior. Acoplada em colar cervical e realizado um exame físico minucioso o qual não revelava nenhuma alteração além da queixa álgica já mencionada. Exame de imagem evidenciava luxação de processo articular de C4–5 à esquerda. Optado por tração fechada de lesão. Realizadas exaustivas tentativas, sem sucesso, tornando imperioso o tratamento cirúrgico com correção aberta da luxação e fixação posterior C4–5, com a paciente em decúbito ventral. No despertar anestésico, ainda no centro cirúrgico, a paciente queixa-se de amaurose direita. Avaliada pela equipe de Oftalmologia e sem apresentar alterações inicias de fundo de olho, foi optado por observar. No dia seguinte, a paciente apresentava-se melhor da queixa álgica braquial, sem novos déficits, porém manteve a amaurose, reavaliada pela oftalmologia, que evidenciou: “Edema pálido de disco óptico, mácula em cereja, sugestivo de oclusão da Artéria Central da Retina”. Em retorno ambulatórial após 30 dias, a paciente manteve o déficit visual. Não é usual para jovem sem comorbidades manifestar complicações oculares em cirurgia de coluna vertebral. Entretanto, neste caso, alguns pontos relacionados à técnica precisam ser elucidados: nesse dia, em especial, não dispúnhamos do fixador de cabeça tipo Mayfield na sala cirúrgica, o que pode ter impactado no posicionamento inadequado da paciente, salientando, assim, a importância desse equipamento para a prevenção de certas complicações, muito embora não haja relato na literatura dessa associação específica. Portanto, não afirmamos, efusivamente, que a ausência do Mayfield tenha sido o grande causador da complicação, sendo que as cirurgias da coluna estão entre as principais causas de oftalmopatias como complicações de cirurgias não oftalmológicas. Assim, várias hipóteses poderiam ser formuladas como causa dessa intercorrência.