Resumo
A pandemia de COVID-19 exigiu reorganização e adaptação substanciais dos serviços
de saúde em todo o mundo. Este estudo tem como objetivo analisar o efeito das estratégias
operacionais implementadas no Brasil em resposta à pressão extra imposta aos serviços
de saúde pela pandemia de COVID-19 de 2020. Esta pesquisa examina principalmente a
estratégia de conversão de um instituto especializado em procedimentos ortopédicos
eletivos de alta complexidade em uma unidade de trauma para todos os pacientes com
traumatismo musculoesquelético de toda uma unidade federativa. Um estudo retrospectivo
comparou as variáveis hospitalares no período de pico da pandemia (de 16 de março
de 2020 a 30 de junho de 2020) com o mesmo período de 2019, que representou os valores
basais. As variáveis analisadas foram número de profissionais afastados do trabalho,
cirurgias realizadas, atendimento ambulatorial, transferências, tempo de internação,
número de pacientes com diagnóstico de COVID-19 e mortalidade dos pacientes. Durante
o período de pico de COVID-19, houve uma redução de 48,5% na produtividade cirúrgica
e de 72,4% no atendimento ambulatorial em comparação ao mesmo período de 2019. O número
de transferências aumentou de maneira substancial (124,5%), com relato de 94 casos
confirmados e 77 casos suspeitos de COVID-19. A taxa de mortalidade aumentou 245%.
Este estudo destacou o efeito da COVID-19 em um hospital ortopédico terciário. Apesar
das mudanças dramáticas no funcionamento do hospital devido à instituição de protocolos
em resposta à pandemia, os resultados demonstraram a viabilidade e a eficiência de
tais protocolos em priorizar a qualidade e a segurança dos pacientes e dos profissionais
de saúde.
Palavras-chave COVID-19 - coronavírus - SARS-CoV-2 - trauma - ortopedia - cirurgia