Resumo
Objetivo O reparo do manguito rotador (RMR) é um dos procedimentos artroscópicos mais comuns.
Nossa pesquisa visa quantificar o impacto da pandemia de COVID-19 sobre o RMR, especificamente
em pacientes com lesões agudas e traumáticas.
Métodos Os prontuários institucionais foram consultados para identificação de pacientes submetidos
ao RMR artroscópico entre 1° de março e 31 de outubro de 2019 e de 2020. Dados demográficos,
pré-operatórios, perioperatórios e pós-operatórios dos pacientes foram coletados de
prontuários eletrônicos. Os dados foram analisados por estatística inferencial.
Resultados Totais de 72 e de 60 pacientes foram identificados em 2019 e 2020, respectivamente.
Os pacientes de 2019 apresentaram menor intervalo entre a ressonância magnética (RM)
e a cirurgia (62,7 ± 70,5 dias versus 115,7 ± 151,0 dias; p = 0,01). Os exames de RM mostraram menor grau médio de retração em 2019 (2,1 ± 1,3 cm
versus 2,6 ± 1,2 cm; p = 0,05), mas nenhuma diferença foi observada na extensão anteroposterior da laceração
entre os anos (1,6 ± 1,0 cm versus 1,8 ± 1,0 cm; p = 0,17). Em 2019, o número de pacientes atendidos por seus cirurgiões em consultas
pós-operatórias por telemedicina foi menor em comparação com 2020 (0,0% versus 10,0%; p = 0,009). Não foram observadas alterações significativas nas taxas de complicação
(0,0% versus 0,0%; p > 0,999), de readmissão (0,0% versus 0,0%; p > 0,999) ou de revisão (5,6% versus 0,0%; p = 0,13).
Conclusão Não houve diferenças significativas nos dados demográficos dos pacientes ou nas principais
comorbidades entre 2019 e 2020. Nossos dados sugerem que, embora o intervalo entre
a RM e a cirurgia tenha sido maior em 2020 e tenha havido necessidade de consultas
por telemedicina, o RMR ainda foi realizado em tempo hábil e sem alterações significativas
nas complicações precoces.
Nível de Evidência III.
Palavras-chave
COVID-19 - duração da cirurgia - período perioperatório - manguito rotador - ombro