Introdução: Rizotomia dorsal seletiva (RDS) é uma opção terapêutica indiscutível para o tratamento
de espasticidade causada por paralisia cerebral (PC). O resultado pós-RDS é usualmente
adquirido por escalas subjetivas e escores de qualidade de vida, mas também por goniometria,
que é a mensuração da mobilidade total de uma articulação específica. Isto permite
uma análise quantitativa da eficácia da RDS, e é utilizada rotineiramente no seguimento
durante a reabilitação.
Objetivo: Avaliar os parâmetros goniométricos de pacientes com PC submetidos à RDS em nosso
serviço e, desta forma, mensurar os resultados pós-operatórios.
Materiais e métodos: Os autores revisaram os casos de pacientes com PC associada à espasticidade tratados
com RDS entre junho de 2010 e julho de 2017. Dados demográficos, número de membros
espásticos e escore pré-operatório de GMFCS (Gross Motor Function Classification System)
foram coletados, além de goniometria da abdução do quadril, poplítea bilateral e ângulo
da dorsiflexão do pé pré-cirúrgico e 6 meses de pós-operatório.
Resultados: Foram incluídos 35 pacientes (19 do sexo masculino e 16 do feminino, com média de
idade de 8,7 anos). Treze (37,1%) tinham paresia bilateral em membros inferiores;
dez (28,5%), triparesia; e 14 (40%), tetraparesia. A distribuição pré-operatória do
GMFCS foi: um de grau II, sete de grau III, 16 de grau IV e dez de grau V. Melhora
do ângulo de abdução do quadril foi vista em 84,6%; do ângulo poplíteo bilateral,
em 69,2%; e de dorsiflexão do pé, em 61,5%.
Conclusão: Goniometria é um método seguro para a avaliação quantitativa dos benefícios da RDS,
demonstrando sua eficácia e se correlacionando com outros escores como uma ferramenta
confiável de resultado. É simples e, portanto, pode ser realizada por qualquer membro
clínico da equipe de reabilitação envolvido nos cuidados dos pacientes com espasticidade.