Apresentação de caso: Paciente feminina 60 anos, renal crônica dialítica devido a rins policísticos e hipertensa
de difícil controle, com quadro de cefaleia holocraniana refratária e confusão mental
há 2 dias. Admitida na emergência com PA de 240 × 120 mmHg com intensa cefaleia e
confusa. Ao exame neurológico apresentava-se vigil, desorientada em tempo e espaço,
paraparesia assimétrica de membros inferiores (força motora grau 2 a direita e grau
3 a esquerda), hiperreflexia patelar, Babinsk bilateral e meningismo. Realizada angiotomografia
de crânio com evidência de hemorragia subaracnoide Fisher III e sinais de dissecção
de segmento V4 de artéria vertebral direita. Ressonância Magnética de coluna com sinais
de hemorragia intradural extramedular se estendendo desde região cervical até lombar
na porção ventral com hematoma determinando estenose de canal e compressão medular
ao nível de T11, sem evidência de MAV espinhal. Paciente submetida à laminectomia
descompressiva T11–T12, com abertura do saco dural e drenagem do hematoma subdural.
Pós-operatório em leito UTI com piora do nível de consciência, necessário ventilação
mecânica e em tratamento de infecção foco pulmonar.
Discussão: A dissecção da artéria vertebral em seu segmento intracraniano (V4) é um evento raro
de acidente vascular encefálico hemorrágico. Os principais fatores de risco associados
são hipertensão arterial e doença renal policística, vistos no presente caso. O hematoma
subdural espinhal corresponde a apenas 4% dos hematomas espinhais e normalmente está
associado a anormalidades da coagulação, trauma ou pós-punção lombar. Porém pode ocorrer,
de forma atípica, secundário à hemorragia subaracnoide intracraniana com a migração
e extensão do sangramento pela circulação liquórica no espaço subaracnoide e então
sua ruptura para o espaço subdural devido à fragilidade da aracnoide a nível espinhal.
O tratamento nos casos de déficit neurológico deve ser a imediata drenagem cirúrgica.
Conclusão: O hematoma subdural espinhal secundário à dissecção de artéria vertebral é uma rara
entidade, existindo poucos relatos na literatura e na maioria das vezes apresentam
evolução desfavorável.