Forma de Apresentação: e-Pôster
Introdução A doença de Paget perianal (DPP) é uma entidade rara da forma extramamária da doença
de Paget, acometendo principalmente idosos e manifesta-se como uma erupção cutânea
perianal, podendo está associada ao prurido ou doença maligna. Na literatura há pouco
mais de 200 casos relatados, o que torna seu diagnóstico desafiador e essencial para
um bom prognóstico, que está relacionado com a espessura da lesão, a profundidade
da invasão e a presença de metástase. A excisão cirúrgica é a única chance de cura,
sendo a terapia primária para a DPP. O emprego dos retalhos cutâneos é uma excelente
opção para a reconstrução dos defeitos perianais, pois permite a manutenção das funções
intestinais. Relatamos um caso de uma paciente submetida à excisão cirúrgica com uso
de retalho cutâneo para o tratamento da DPP, de forma a fundamentar o emprego dessa
técnica em pacientes idosos.
Relato de Caso Mulher, 82 anos, com lesão perianal hipocrômica, sobrelevada, circunferencial em
borda anal associada à prurido. Realizada biópsia incisional, evidenciando células
grandes com citoplasma abundante e pálido e núcleo grande localizado na periferia,
que corrobora com o diagnóstico de Doença de Paget. Submetida à ressecção cirúrgica
da lesão, com margem radial de aproximadamente 1,0 cm, com identificação e preservação
de musculatura esfincteriana, seguida de retalho cutâneo tipo "Asa de Gaivota" bilateral.
Evoluindo com infecção e deiscência de ferida operatória, tratada com antibióticos,
antifúngico e curativo com hidrogel, não sendo necessário a confecção de ostomia.
Em seguimento ambulatorial há dois anos, sem evidência de recidiva da doença, defeitos
cicatriciais, sem queixas de incontinência ou presença de estenoses.
Discussão A DPP não possui um tratamento padrão devido à escassez de dados por se tratar de
uma doença rara. Apesar disso, a cirurgia é considerada a terapia primária, por ser
a única chance de cura. O tratamento não cirúrgico é indicado no pré-operatório para
reduzir as lesões, principalmente diante de uma doença avançada. Como a maioria dos
pacientes são idosos, após as ressecções locais, pode ocorrer a incontinência fecal,
mesmo na vigência da preservação dos músculos esfincterianos. Portanto, a manutenção
da fisiologia e o fechamento do defeito devem nortear as indicações para a cirurgia.
O uso de retalho de avanço cutâneo na região perianal na DPP é uma ótima opção de
reconstrução, pois permite a manutenção da continência e favorece ao retorno à vida
diária. Apesar dessas prerrogativas, são necessários mais estudos com retalho de avanço
para estabelecimento de protocolos mais precisos.