Introdução No Ocidente, a quimiorradioterapia neoadjuvante associada à excisão total do mesorreto
(ETM) é o padrão-ouro para o tratamento do câncer de reto baixo localmente avançado.
Com o aprimoramento da técnica cirúrgica no compartimento central da pelve, as metástases
dos linfonodos laterais pélvicos têm emergido com uma das principais causas de persistência
e recidiva local, e são um desafio para o cirurgião.
Objetivo Propor uma opção de padronização da linfadenectomia pélvica lateral (LPL) laparoscópica
com base no conceito dos espaços das fáscias pélvicas uretero-hipogástrica e vesico-hipogástrica,
com o intuito de facilitar a identificação das estruturas anatômicas, simplificar
a técnica e diminuir as complicações, capacitando tecnicamente o cirurgião para atuar
na diminuição das recidivas local e lateral.
Materiais e Métodos Nesta padronização da técnica da LPL laparoscópica, utilizamos a dissecção dos três
espaços fasciais avasculares. O primeiro espaço (medial) fica entre a fáscia do nervo
hipogástrico e ureter (uretero-hipogástrica) e a face medial da fáscia vesico-hipogástrica,
tomando como referência o ureter. O segundo espaço de dissecção fica entre a face
lateral da fáscia vesico-hipogástrica e a face medial da fossa obturadora, sendo a
referência anatômica a face lateral da artéria umbilical. O terceiro espaço (lateral)
se localiza entre a fáscia do músculo psoas, os vasos ilíacos externos, e o músculo
obturador interno, região que prossegue até os linfonodos obturadores, sendo o músculo
obturador interno a referência lateral da dissecção. Após essa dissecção, o campo
operatório está pronto para a ressecção do pacote linfonodal. A dissecção então é
iniciada pela remoção dos linfonodos obturadores: após a identificação do nervo obturador,
eles são separados do músculo obturador interno e da fáscia vesico-hipogástrica, ao
passo que os linfonodos ilíacos internos superiores e inferiores são isolados da fáscia
vesico-hipogástrica e uretero-hipogástica.
Resultados Utilizando este modelo de padronização, não observamos complicações intra ou pós-operatórias
relevantes, e evitamos a ligadura vascular excessiva, o que, de acordo com os estudos,
diminui as disfunções genitourinárias.
Conclusão A padronização da técnica da LPL laparoscópica é de extrema importância para a execução
do procedimento com segurança, e tem como objetivo facilitar a técnica operatória,
tornando-a acessível aos cirurgiões oncológicos colorretais interessados em realizá-la.