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Relato do Caso Relatamoso caso da paciente I.P.S.S, de 52 anos, do sexo feminino, portadora de adenocarcinoma
de reto médio, que apresentando lesão a 7 cm da borda anal em colonoscopia realizada
em 3 de outubro de 2018. Ela foi submetida a excisão total do mesorreto com ileostomia
protetora em 17 de setembro de 2019 após neoadjuvância. Ela compareceu ao pronto atendimento
no 14º dia de pós-operatório (DPO) com quadro de febre, dor abdominal e ferida operatória
com lesões eritematosas associadas a sinais flogísticos. A paciente foi internada
para iniciar tratamento por infecção de sítio cirúrgico, e evoluiu com aumento das
lesões, com necrose total da derme e epiderme sugerindo pioderma gangrenoso (PG).
Fez-se uma biopsia incisional, e o anatomopatológico foi compatível com processo inflamatório
agudo inespecífico. O tratamento foi realizado com corticoide, com melhora da lesão
em 3três semanas.
Discussão O PG é uma dermatite neutrofílica que se apresenta como lesão de pele inflamatória
e ulcerada, não associada a infecção ou gangrena. É uma manifestação incomum, caracterizada
por lesões ulceradas adjacentes a estomas ou a demais locais de incisão cirúrgica.
Geralmente acomete pacientes portadores de retocolite ulcerativa, doença de Crohn,
ou outras condições autoimunes, e também pode ocorrer em pacientes com diverticulite,
doenças neurológicas ou neoplasia intestinal. É mais frequente entre os 18 e 50 anos
de idade, e cerca de 70% dos casos ocorrem na pele periostomal. O surgimento da lesão
pode acontecer em dias ou em até 25 anos após a confecção da ostomia. O tempo médio
para o aparecimento do PG periostomal costuma ser entre o 7º e 14º DPOs, e pode ser
facilmente confundido com infecção de sítio cirúrgico e fasciite necrosante. O estudo
histológico é indicado para afastar processos infecciosos ou demais causas; contudo,
o diagnóstico se dá com base na macroscopia característica da lesão, visualizando
pústulas que ulceram rapidamente, dando lugar a ulcerações dolorosas e irregulares,
serpiginosas e coalescentes, de bordas endurecidas, com fístulas e interligadas. Por
se tratar de uma reação neutrofílica, a base do tratamento é a corticoterapia e, a
depender da gravidade, podem ser utilizados corticoides orais, sistêmicos ou imunomoduladores.
Considerações Finais O PG periostomal é uma condição clínica incomum. Seu reconhecimento e diagnóstico
são clínicos, de acordo com o aspecto da lesão. O tratamento deve ser instituído o
mais breve possível.