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Introdução A fístula anal é uma patologia muito frequente na proctologia cirúrgica, e em 90%
dos casos tem como principal etiologia o abscesso criptoglandular, cuja sua incidência
é de 8.6 a 20 pacientes por 100 mil pessoas, sendo maior no sexo masculino, na proporção
de 3:1. Outras etiologias estão associadas à formação das fistulas anais, entre elas,
a doença de Crohn, traumas obstétricos, tuberculose, sarcoidose e HIV.
Relato dos Casos Nesta série de casos, foram estudados 4 pacientes, todos com o diagnóstico de fístula
anal, com distribuição igual entre os sexos; em relação ao trajeto, 50% eram interesfinctéricas
e 50% tinham o trajeto transesfinctérico. Das fistulas complexas transesfinctéricas,
uma tinha sido submetida a drenagem com sedenho havia quatro meses, sem resolução
do quadro. Todos os casos foram submetidos a fistulotomia com laser díodo com ponteira radial. Durante o acompanhamento, no período de 60 dias após a
cirurgia índex, foi observada a resolução completa de metade dos casos, sendo 1 caso
de fístula interesfinctérica e o outro caso de fístula transesfinctérica. Em outro
paciente, foi observada manutenção dos orifícios internos e externos, mas sem saída
de secreção purulenta ou outros sintomas associados. Apenas uma complicação foi relatada
nesta série de casos: uma fissura anal no leito da fistulotomia, que foi tratada com
nifedipino tópico, com resolução do quadro após 30 dias de tratamento.
Discussão O tratamento das fístulas anais por laserterapia radial foi descrito em 2011 como
uma nova técnica para o fechamento de trajetos simples e complexos, sem risco de causar
incontinência fecal. Nas primeiras séries de casos, foram observadas taxas de sucesso
de 77% a 82%; entretanto, na literatura mais recente, as taxas variam de 33% a 71%.
Há evidência de melhores desfechos em pacientes com fístulas interesfinctéricas, trajetos
curtos (< 30 mm) e histórico prévio de drenagem com sedenho. Nesta série, a taxa de
resolução foi de 75% dos casos, taxa similar à relatada na literatura.
Conclusão Podemos concluir que a fistulotomia a laser representa uma nova abordagem para o tratamento das fístulas anais, sejam elas simples
ou complexas, com a possibilidade de preservação da continência fecal e taxas de resolução
similares às de outras técnicas. Ademais, vimos que os resultados são reprodutíveis
e que, embora nossa série seja modesta, conseguimos alcançar taxas similares às da
literatura.