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Apresentação do Caso Relatamos o caso de uma paciente do sexo feminino, de 71 anos, com doença de Alzheimer,
em acompanhamento com a Coloproctologia havia mais de 3 anos por episódios de constipação
intestinal com vômitos e dor abdominal difusa, sendo necessárias internações. Simultaneamente,
seguiu-se com tratamento conservador, com o uso de parassimpatomiméticos e laxantes
osmóticos, com piora significativa no último ano de evolução: perda ponderal e constipação,
com evacuações líquidas e explosivas a cada dez dias. Nesse período, foi realizada
colonoscopia, que apontou diverticulose leve dos cólons. Evoluiu para megacólon e
megarreto, com mais episódios de distensão. Ao exame físico, foram identificados alças
intestinais perceptíveis à inspeção, abdome distendido, hipertimpânico, doloroso à
palpação profunda, sem sinais de irritação peritoneal ou massas palpáveis. Realizou-se
TC de abdome com acentuada distensão de alças cólicas por toda a sua extensão, diâmetro
máximo de 9 cm no sigmoide, sem pontos obstrutivos evidentes. Após tentativa de tratamento
clínico e descompressão por colonoscopia, a paciente foi submetida a cecostomia por
colonoscopia, com drenagem de 3 L de líquido fecalóide e redução imediata da distensão
abdominal.
Discussão A pseudo-obstrução aguda do cólon (síndrome de Ogilvie) é uma entidade com incidência
de 0,001% e prevalência em idosos hospitalizados com comorbidades, incluindo síndromes
demenciais. Estudos apontam para um déficit do sistema nervoso parassimpático da região
sacral como cerne da fisiopatologia. Caracteriza-se por distensão das alças intestinais
com sintomas obstrutivos, sem etiologia definida. Suas principais manifestações são
distensão abdominal, seguida de náuseas, vômitos, dor abdominal, constipação e diarreia
paradoxal. O diagnóstico se baseia na exclusão de causas obstrutivas mecânicas, vasculares
ou outras etiologias funcionais por meio dos parâmetros clínicos e exames de imagem
que evidenciem dilatações colônicas ≥ 9 cm. Tem-se o tratamento conservador (com parassimpatomiméticos)
e, com a falha desse, opta-se pela descompressão por colonoscopia ou tratamento cirúrgico
(cecostomia). No caso relatado, foi realizada a cecostomia guiada por colonoscopia
por questões de urgência e do risco cirúrgico.
Comentários Finais Tais casos devem ser descritos a fim de elucidar o objetivo do diagnóstico e do tratamento
precoce: a redução da morbimortalidade dos pacientes. A cecostomia colonoscópica é
uma modalidade com aceitável taxa de morbidade, além de trazer conforto imediato ao
paciente ao reduzir a distensão.