Introdução: O câncer de testículo é a neoplasia maligna mais comum entre homens de idade entre
20-30 anos.1Atualmente é considerado o tumor sólido com maior taxa de cura, com sobrevida
em 5 anos acima de 95%.3Entretanto, apenas 25% dos pacientes portadores de doença
metastática expostos a quimioterapia de resgate experimentam respostas completas e
dura-douras9. Neste cenário, a quimioterapia em altas-do-ses com suporte de transplante
autólogo de medula óssea (TAUMO) tem apresentado resultados promissores. Objetivo: Avaliar a evolução dos pacientes portadores de tumor de testículo submetidos a TAUMO
em um centro oncológico terciário, por meio de análise de sobrevida global (SG) e
sobrevida livre de progressão (SLP). Como objetivo secundário avaliar a taxa de resposta
ao TAUMO, perfil de toxicidade relacionado ao tratamento, e avaliar fatores prognósticos/preditivos.
Materiais e Método: Trata-se de um estudo retrospectivo, observacional e unicêntrico. Foram incluídos
todos os casos de câncer de testículo que foram em algum momento do seu tratamento
submetidos à quimioterapia em altas doses em nossa instituição, de outubro de 2001,
quando foi realizado o primeiro TAUMO para este fim até abril de 2016. A SLP e SG
foram calculadas a partir da data da primeira infusão de células-tronco hematopoiéticas
por meio das curvas de probabilidades estimadas de Kaplan-Meier. Resultados: Foram incluídos 36 pacientes que se enquadraram nos critérios de inclusão/exclusão.
Em 12 meses, 38.9% dos pacientes estavam livres de progressao, e 52.8% estavam vivos,
com um seguimento mediano de 9.6 meses. As SG e SLP medianas foram de 10.4 e 8.9 meses
respectivamente. A taxa de resposta foi 58.3%. Em relação à toxicidade, 83% dos pacientes
experimentaram algum evento grau 3, e 25% grau 4. As toxicidades mais frequentes (de
qualquer grau) foram: neutropenia febril (69%), diarréia (50%) e mucosite (50%). Houve
3 mortes decorrentes do tratamento (8% do total). Devido ao numero reduzido de pacientes,
não foram identificados fatores prognósticos, e não foi possível validar os grupos
de risco propostos por Beyer J e Einhorn LH. Conclusão: Os dados de literatura foram reproduzidos em população não selecionada, com dados
de toxicidade e mortalidade semelhantes. A quimioterapia em alta--dose é uma opção
de tratamento para pacientes com tumor de células germinativas metastáticos, mas de
toxicidade não desprezível.