Introdução: O câncer colorretal e o câncer gástrico são as principais neoplasias malignas do
trato gastrointestinal. Os fármacos amplamente utilizados no mundo em diferentes esquemas
terapêuticos no combate a esses dois tipos tumorais são à base de fluoropirimidinas,
representados pelo 5-Fluorouracil (5-FU) e seus derivados orais. Apesar do uso na
prática clínica, tratamentos à base de 5-FU ainda são considerados desafiadores em
função da grande variabilidade observada nas taxas de eficácia e toxicidade apresentadas
pelos pacientes. O gene DPYD já é amplamente utilizado em prática clínica por agências
regulamentadoras de fármacos Americana e Europeia como exame preditivo de resposta
ao tratamento com fluoropirimidinas, uma vez que ele desempenha papel chave na via
de metabolismo do 5-FU. Objetivo: Avaliar a manifestação de toxicidade em pacientes com câncer gástrico ou colorretal,
submetidos ao tratamento com fluoropirimidinas, e sua associação com nove biomarcadores
moleculares presentes no gene DPYD (rs55886062, rs17376848, rs67376798, rs4970722,
rs3918290, rs1760217, rs1801159, rs17116806, rs1801265). Método: Foram avaliados 142 pacientes em relação aos nove polimorfismos genotipados por ensaios
Taqman em Open array, utilizando o aparelho QuantStudio™ 12K Flex Real-Time PCR System.
As análises estatísticas foram realizadas pelo software SPSS v.14.0. Resultados: Foi encontrada uma associação significativa entre o marcador rs1801159 e a presença
de diarreia (p=0,038, OR=7,529), bem como entre o polimorfismo rs3918290 e a presença
de toxicidades graus 3 e 4 (p=0,036, OR=5,520). O biomarcador rs17116806 apresentou
significância estatística com a presença de mucosite (p=0,009, OR=3,608). As variantes
rs1801159 e rs4970722 apresentaram associação significativamente estatística para
o desenvolvimento de neuropatia (p=0,015, OR=0,196 e p=0,025, OR=4,599). Adicionalmente,
os polimorfismos rs17376848, rs4970722 e rs1801265 foram estatisticamente significantes
para o desenvolvimento de reações hematológicas nos pacientes investigados (p=0,043,
OR=1,212; p=0,025, OR=3,934 e p=0,016, OR=3,793). Conclusão: Este estudo reafirma o papel dos polimorfismos investigados no gene DPYD como biomarcadores
preditores de toxicidade em pacientes oncológicos tratados com fluoropirimidinas.