Introdução: Adenocarcinoma de pulmão com mutações ativadoras do EGFR (AP-EGFR-MT) possuem uma
maior probabilidade de diagnóstico de metástases cerebrais devido ao aumento de sobrevida
com o uso de terapias-alvo. Até o momento não está clara qual a melhor sequência de
tratamento para estes pacientes, que inclui radioterapia e/ou cirurgia, e inibidores
de tirosi-na-quinase anti-EGFR (EGFR-TKI). Objetivo: O objetivo deste estudo é caracterizar a eficiência do tratamento multimodal em pacientes
com AP-EGFR-MT e metásta-se em sistema nervoso central (SNC). Método: Foi realizada análise retrospectiva de pacientes com AP-EG-FR-MT e metástase em SNC,
submetidos a tratamento com EGFR-TKIs, radioterapia, radiocirurgia, quimioterapia
intratecal (QT-IT) e/ou metastasectomia cerebral no período entre 2009 e 2017. Todos
os pacientes apresentavam diagnóstico de metástase em SNC antes do uso do TKI. Dados
clínicos, resultados de exames de imagem e de patologia molecular foram extraídos
dos prontuários eletrônicos. O diagnóstico de mutação ati-vadora foi realizado através
de sequenciamento direto (Sanger) de material fixado em formalina e embebido em parafina.
O método de Kaplan-Meier foi utilizado para estimativas de sobrevida. Resultados: 35 pacientes foram incluídos, com idade mediana de 63 anos (intervalo 35-90), 74,2%
do sexo feminino, 45,7% tabagistas ou ex-tabagistas, 74,2% com ECOG-PS de 0-2. Todos
os pacientes utilizaram EGFR-TKI, sendo que 26 receberam radioterapia, 11 foram operados,
2 realizaram radiocirurgia, 1 realizou QT-IT e 4 não receberam tratamento adicional
além do TKI. A mediana de utilização do TKI foi 7,6 meses. A mediana de sobrevida
livre de progressão (SLP) foi 8,2 meses e sobrevida global (SG) 11,9 meses. Entre
as principais mutações do EGFR encontradas, 25 pacientes apresentaram deleção do éxon
19, sendo neste grupo a mediana de SLP 8,2 meses e SG 11,9 meses, 9 pacientes apresentaram
mutação L858R no éxon 21 com mediana de SLP 10,8 meses e SG 13,8 meses. Conclusão: Pacientes com AP-EGFR-MT e me-tástase em SNC quando tratados com EGFR-TKI podem apresentar
SG de até 1 ano, especialmente no contexto multimodal, sendo este um tratamento eficiente.
Estudos prospectivos são necessários para avaliar a melhor sequência de tratamento.