Apresentação do caso: O.F.C, sexo feminino, 57 anos, G4, P4, N4, história prévia de histerectomia total
há 2 anos devido a quadro de miomatose uterina. Foi admitida com quadro de dor há
1 ano em hipocôndrio direito com irradiação para flanco direito, de forte intensidade
e piora progressiva. Sem hematúria e demais queixas. Dor a palpação de hipocôndrio
e flanco direitos, punho percussão dolorosa à direita. Sem massa palpável. TC de abdome
evidenciou lesão ovalar, isodensa, de limites definidos, medindo 1,5 × 4,9 × 5, 4
cm adjacente ao polo superior do rim direito. RNM de abdome visualizou lesão heterogênea
com limites definidos junto a cápsula posterior do polo superior do rim direito. Biópsia
guiada por TC constatou tumor histologicamente benigno de músculo liso. A imuno-histoquímica
sugeriu neoplasia mesenquimal fusocelular de baixo grau. Realizou-se ressecção cirúrgica
da lesão retroperitoneal cujo anatomo patológico mostrou neoplasia benigna de músculo
liso, pesando 20 g e medindo 6, 0×4,5 cm, composta por feixes com orientação variada
de músculo liso sem necrose, sem figuras de mitose e sem atipia celular. Discussão: Os tumores de retroperitônio representam 0,2% de todas as neoplasias, sendo que 85%
apresentam comportamento maligno e apenas 15% benigno. Dentre as lesões benignas destaca-se
os leiomiomas, tumores com incidência menor que 1%, sendo mais frequentes nos tratos
geniturinário e gastrointestinal e raros em retroperitónio. Acomete qualquer faixa
etária, tem crescimento insidioso, geralmente assintomático ou oligossintomático,
podendo chegar a grandes volumes. Sintoma mais frequente é a dor abdominal inespecífica
podendo apresentar também massa palpável. Outras queixas que podem ocorrer são anorexia,
náuseas/vómitos, ascite, alteração do hábito intestinal e edema de membros inferiores
por compressão da veia cava. Comentários finais: O diagnóstico dos tumores retroperitoniais raramente é realizado somente pelo quadro
clínico e exame físico, deve-se ampliar avaliações clínicas e exames de imagem, permitindo
estabelecer um diagnóstico preciso. A literatura evidencia uma associação entre leiomioma
e patologias ginecológicas como história prévia de miomatose uterina. O tratamento
cirúrgico é a melhor opção para os tumores retroperitoniais, devendo ser indicado
o mais precocemente, pois freqüentemente há invasão de estruturas nobres durante seu
crescimento, o que torna menor a sua ressecabilidade.