Apresentação do caso: Paciente, masculino, 18 anos, há 5 meses com aumento do volume abdominal e perda
ponderal de 3 kg. Iniciou atendimento na oncologia clínica e foi encaminhado para
urologia devido a achado, na TC de abdome, de massa retroperitoneal sugestiva de tumor
renal. Biópsia guiada por USG mostrou neoplasia maligna indiferenciada em região retroperitoneal
à esquerda e imuno-histoquímica sugestiva de Sarcoma de Ewing/PNET. RNM de abdome
identificando lesão de origem renal parcialmente capsulada, com deslocamento de estruturas
adjacentes, com ausência de plano de clivagem com artéria mesentérica superior e aorta
e ausência de sinais de invasão. A ressecção da massa retroperitoneal em monobloco
com baço, cauda pancreática, rim esquerdo e linfadenectomia retroperitoneal ocorreu
sem intercorrências. Anatomopatológico evidenciou neoplasia maligna indiferenciada
de pequenas células, com margens livres e comprometimento linfonodal 1/25, sendo estadiado
pT2bN1. Seguimento pós-operatório apresentando função renal dentro da normalidade,
no entanto, TC de abdome revelou metástases hepática, linfonodal e retroperitoneal.
Sem indicação de tratamento cirúrgico e após discussão com a equipe clínica sobre
possibilidade de tratamento quimioterápico, foi encaminhado para acompanhamento em
rede de reabilitação. Discussão: O tumor neuroectodérmico primitivo (PNET) compõe um grupo de tumores raros e muito
agressivos derivados do neuroectoderma. Por sua semelhança com os sarcomas de Ewing,
ele tem sido incluído nessa família de tumores e corresponde ao 2° tipo de sarcoma
de partes moles mais prevalentes nas 2 primeiras décadas de vida. Os principais sítios
primários desse tumor são tecidos moles e ossos, raramente o tumor primário é renal.
É um tumor com baixa expectativa de sobrevida livre de doença, com variação entre
25 a 60% em até 3 anos. No presente caso, a avaliação anatomopatológica demonstrou
margens livres e apenas 1 de 25 de linfonodos comprometidos. Contudo, o paciente apresentou
metástase linfonodal, hepática e retroperitoneal em menos de 9 meses do diagnóstico
e 1 ano dos sintomas. Comentários finais: O PNET de pâncreas é extremamente raro e pertence a um grupo de tumores de alta agressividade
e com baixa expectativa de sobrevida livre da doença, com alta probabilidade metastática,
com 30 % dos pacientes já apresentando metástase no momento do diagnóstico e devendo
ser tratado como doença sistêmica desde o início da abordagem.