Introdução: O sexo feminino, contracepção oral, terapia de reposição hormonal, multiparidade,
gravidez precoce e o consumo de soja estão associados a uma diminuição do risco de
Câncer Colorretal (CRC). Embora a causa desta diferença não seja conhecida, os esteroi-des
sexuais podem ser considerados um fator contribuinte. Por outro lado, o desenvolvimento
de múltiplos pólipos em polipose adenomatosa familiar (FAP) começando durante a puberdade,
no pico da produção dos esteroides sexuais, sugere que os mesmos possam agir como
cofatores no desenvolvimento dos pólipos e na carcinogênese colorretal. Inicialmente
realizamos um estudo preliminar para identificar qual hormônio sexual está associado
na patogênese do CRC. Os níveis de expressão dos receptores de estrogênio (ER) subu-nidades
ER-a, ER-ß, receptores de progesterona e an-drógenos em portadores de FAP e câncer
esporádico. Encontramos uma significativa perda de expressão de ER-ß com a carcinogênese
e impacto na sobrevida. Não houve correlação significativa nos demais receptores sexuais.
Subunidades de ER-ß são expressas em isoformas de splicing alternativos em diferentes
tecidos. Essas variantes e suas correlações com a mucosa normal, pólipos da síndrome
Polipose Adenomatosa Familiar (FAP) e de carcinomas colorretais esporádicos nunca
foram descritas. Materiais e Método: No total, usando RT-PCR quantitativa avaliamos 307 amostras, com 921 análises de
três transcritos e seus pares de isoformas associadas, em mucosa normal, pólipos e
câncer color-retal esporádico, assim como em mucosa normal e póli-pos da FAP. Resultados: Uma diminuição de expressão das isoformas ER-ß foi identificada em pólipos esporádicos
e em CRC, bem como em pólipos de pacientes FAP em comparação com tecidos normais (p
<0,001). As isoformas ERß1 e ERß5 foram mais expressas no tecido da mucosa normal
FAP em comparação com tecido normal esporádico (p <0,001), sugerindo uma associação
nos indivíduos afetados por mutações germinativas do gene APC. Houve diminuição progressiva
da expressão de ER-ß em pólipos com displasia de baixo grau, seguidos de tumores T1-T2
e T3-T4 (p <0,05). No câncer colorretal esporádico, a perda de expressão de ERß1 e
ERß5 foi um preditor independente de recorrência (p = 0,002). Conclusão: Esses achados podem proporcionar uma melhor compreensão do estrogênio e seus potenciais
efeitos preventivos e terapêuticos sobre o câncer colorretal esporádico e aqueles
associados à síndrome de FAP.