Introdução: O tratamento das neoplasias de cabeça e pescoço (NCP) pode afetar uma variedade de
funções corporais, com grande potencial de provocar comprometimento considerável de
qualidade de vida (QV). A Radioterapia (RT) é ferramenta fundamental à disposição
da equipe multidisciplinar e viveu, nos últimos anos, intenso desenvolvimento tecnológico.
Objetivo: O objetivo deste estudo, prospectivo e multi-institucional, foi avaliar a disfagia
em pacientes com NCP submetidos a RT e comparar os scores daqueles tratados com RT
convencional (2D), RT conformada (RTC) ou RT de intensidade modulada (IMRT). Métodos: Pacientes com NCP foram solicitados a completar dois questionários: EORTC QLQ-30
e EORTC HN-43, antes de iniciar o tratamento protocolar de sua instituição e, posteriormente,
a cada três meses, durante seu seguimento clínico. Os escores de disfagia foram avaliados
no tempo 0, 3, 6 e 9 meses após o tratamento. A comparação se deu pelo método do quiquadrado
e foi considerada estatisticamente significativa se p<0,05. Resultados: Foram incluídos 262 pacientes de 13 instituições espalhadas pelo país, sendo 81%
do sexo masculino, com os seguintes estadiamentos: 8% estádio I, 10% estádio II, 20%
estádio III, 52% estádio IVa e 10% estádio IVb. Quanto ao sítio, 33% tinham tumor
da cavidade oral, 27% da orofaringe e 27% da laringe. Foram abordados inicialmente
com cirurgia 30% dos doentes, seguida de RT adjuvante, e 70% foram tratados com RT
associada ou não à quimioterapia radiosensibilizante, composta principalmente de cisplatina.
Destes, 19% foram tratados com 2D, 54% com RTC e 27% com IMRT. O seguimento médio
foi de 8,4 meses. Para a avaliação do desfecho “disfagia”, foram considerados apenas
os pacientes com seguimento mínimo de 3 meses após o fim da irradiação e cujo escore
relacionado a deglutição não era moderado ou severo antes da RT, totalizando 143 enfermos.
Observamos uma tendência a melhora aos 6 meses em favor da IMRT, uma vez que nenhum
paciente submetido a esta técnica de tratamento apresentou tal sintoma, enquanto que
16,1% (±12,9 % – IC: 95%) dos pacientes submetidos a RTC apresentaram queixas a este
relacionadas (p=0,053). Conclusões: Observou-se uma tendência de melhora da disfagia nos enfermos seguidos por 6 meses
quando submetidos a IMRT, em comparação aos pacientes submetidos a RTC. Trata-se,
no entanto, de resultados preliminares, dado o curto seguimento médio a que foram
submetidos os pacientes.