Linfomas são diferenciações neoplasicas de células linfóides normais. O linfoma não
Hodgkin (LNH) é a 11° neoplasia mais freqúente no Brasil e estima-se que 10.180 novos
casos diagnosticados em 2018. Sua prevalência é maior na população com infecção pelo
HIV, cujo risco é 60-100 vezes superior. Quanto às manifestaçoes, o acometimento extranodal
é raro (10% a 35% dos casos), e atinge o trato gastrintestinal em sua maioria. O linfoma
primario de glândulas adrenais, devido a agressividade, a forma mais comum de apresentação
é a insuficiência adrenal primaria. Paciente feminino, 28 anos, com diagnóstico prévio
de Sfndrome da Imunodeficiência Adquirida, em uso irregular de TARV, internada por
quadro de cefaléia intensa em queimação, hemicraniana direita, com irradiação occipital,
associada à visão turva e acromatica à direita. Evoluiu com paralisia de hemiface
esquerda, seguida de ptose palpebral direita, hemiparesia e hemiplegia em hemicorpo
direito. Em tratamento para neurotoxoplasmose. Durante internação apresentou quadro
de hipotensão, dor abdominal e queda abrupta série vermelha no hemograma, sem apresentação
clfnica de sangramento externo. Investigação por exames imagem tomografia computadorizada
evidenciou imagem heterogênea perirrenal direita com extensão infra-hepatica, medindo
21,2 × 12 cm, borramento da gordura perirrenal direita e conteúdo lfquido na goteira
parieto-cólica hematoma retroperitoneal? Cisto hepatico roto? A paciente foi submetida
a uma laparotomia exploradora, onde foi observado hematoma retroperitoneal e grande
quantidade de sangue na cavidade abdominal. Depois de retirada do coagulo e de material
para biópsia, paciente apresentava sangramento difuso e quadro de choque hipovolêmico
grave, foi realizado cirurgia controle de danos e encaminhamento à UTI, para posterior
reabordagem. O anatomopatológico do material colhido evidenciou lesão linfoproliferativa
compatfvel com Linfoma não Hodgkin e, à imuno-histoqufmica, Linfoma de Células B de
alto grau, compatfvel com linfoma de Burkitti. Conclusão: O linfoma não Hodgkin primario na adrenal é uma entidade rara, correspondendo a menos
de 1% dos casos de LNH, que apresenta evolução rapida e de mau prognóstico, pois esta
associado a sintomas de insuficiência adrenal. A apresentação como abdome agudo hemorragico
é rara. Estratégias de diagnóstico precoce, bem como tratamento multimodal cirúrgico
e quimioterapico podem impactar positivamente na sobrevida dos pacientes.
Bibliographical Record
Maurflio de Cassio Golineli, Fernanda Dantas, Ana Laura Reichert Centenaro. Case Report:
ACUTE HEMORRHAGIC ABDOMEN-CLINICAL PRESENTATION NON-HODGKIN's LYMPHOMA IN SUPRARENAL.
Brazilian Journal of Oncology 2019; 15.
DOI: 10.1055/s-0044-1797885