Palavras-chave cirurgiões - fraturas do tornozelo - radiografia - tomografia computadorizada por
raios x
Keywords ankle fractures - radiography - surgeons - tomography, x-ray computed
Introdução
As fraturas do tornozelo são frequentes na prática dos ortopedistas. Aproximadamente
40% das maleolares acometem o maléolo posterior (MP). Esse tipo de fratura está associado
a maior instabilidade e incongruência articular, maior complexidade na redução articular
e maior risco de desenvolver osteoartrose a longo prazo.[1 ]
[2 ]
Durante muitos anos, o tratamento das fraturas do maléolo posterior (MP) foi baseado
no tamanho da fratura em relação à articulação tíbio-talar, avaliado nas radiografias
(RX) pré-operatórias.[3 ] No entanto, desde o final do século XX, a avaliação RX do MP tem sido criticada,
pois muitas vezes não esclarece adequadamente a complexidade da fratura ou subestima
a dimensão do fragmento posterior.[2 ]
[4 ]
[5 ]
[6 ] A partir dos anos 2000, a tomografia computadorizada (TC) passou a ser uma ferramenta
valiosa na avaliação das fraturas do MP, permitindo uma interpretação mais precisa
dos padrões de fraturas e auxiliando na programação pré-operatória onde novas classificações
foram criadas exclusivamente para o fragmento posterior.[7 ]
[8 ]
[9 ]
A TC pré-operatória mostra um tamanho maior do MP quando comparado com o RX[10 ] e traz mais informações quanto aos traços de fratura, afundamento articular, fragmentos
interpostos; além de mostrar a relação do próprio MP com os outros maléolos e a sindesmose.
Atualmente, a TC em conjunto com RX é cada vez mais recomendada no planejamento cirúrgico
das fraturas articulares do tornozelo.[5 ]
[11 ]
[12 ]
O objetivo desse estudo é avaliar o impacto da TC na avaliação pré-operatória da fratura
do tornozelo e o que as informações obtidas com a TC influenciariam na interpretação
do MP e na conduta tomada pelo cirurgião ortopédico.
Materiais e Métodos
Em um período de 5 anos, entre 2016 e 2021, 144 pacientes com diagnóstico de fratura
do tornozelo envolvendo MP foram tratados no Centro de Trauma Nível 1 do nosso hospital.
Foram selecionados para o estudo casos de fraturas ou fraturas-luxação do tornozelo
que acometiam o MP de pacientes acima de 18 anos e com documentação adequada de RX
e TC. Casos com fraturas do pilão tibial, fraturas de tornozelo associadas à outras
fraturas do retropé e pacientes com esqueleto imaturo foram excluídos. Esse estudo
foi cadastrado e aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa sob o CAAE número 52916921.1.0000.5479.
O estudo incluiu 81, que foram pré-avaliados por dois ortopedistas da nossa instituição.
Ambos são especialistas em cirurgia de pé e tornozelo que, de forma independente,
aferiram as dimensões do MP nos exames de imagem ([Figura 1 ]) e classificaram as fraturas segundo Haraguchi.[7 ] A média do tamanho percentual do fragmento do MP em relação a superfície articular
total foi definida como valor padrão dos casos bem como a classificação tomográfica
para a montagem do estudo.
Fig. 1 Medida do tamanho do fragmento de fratura do maléolo posterior na radiografia em
perfil. Aferiu-se a proporção entre a fratura e a totalidade da superfície articular,
sendo a relação (a)/(a + b).
Com base nos valores padrão, foram selecionados casos para formar conjuntos de 10
fraturas do maléolo posterior com diferentes tamanhos conforme evidenciado nas radiografias.
Os intervalos considerados foram < 15,0%; 15,0 a 19,9%; 20,0 a 24,9%; 25,0 a 29,9%
e > 30,0% da superfície articular total, além de abranger diferentes tipos tomográficos
de fraturas do MP.
O estudo foi feito em duas etapas sendo que a ordem dos casos apresentados para os
avaliadores foi sorteada previamente para cada etapa ([Tabela 1 ]).
Tabela 1
Importância do MP na estabilidade da fratura do tornozelo de acordo com seu tamanho
na radiografia
Casos
Estabilidade
Média
DP
IC 95% inferior
IC 95% superior
Valor de p
< 15%
Não
79,4%
30,4%
68,6%
90,2%
< 0,01*
Sim
20,6%
30,4%
9,8%
31,4%
15–19,9%
Não
45,6%
39,6%
31,5%
59,6%
< 0,01**
Sim
54,4%
39,6%
40,4%
68,5%
20–24,9%
Não
44,1%
29,6%
33,6%
54,6%
< 0,01***
Sim
55,9%
29,6%
45,4%
66,4%
25–29,9%
Não
11,8%
30,3%
1,0%
22,5%
< 0,01***
Sim
88,2%
30,3%
77,5%
99,0%
> 30%
Não
14,7%
35,9%
2,0%
27,5%
NA
Sim
85,3%
35,9%
72,5%
98,0%
Abreviações: DP, desvio padrão; IC, intervalo de confiança; MP, maléolo posterior.
Notas: * Comprado a todas as outras categorias de MP. ** Comparado às categorias 25–29,9%
e ≥ 30%. *** Comparado a > 30%.
Na primeira etapa (E1), os casos foram organizados em ordem alfabética de A a J, utilizando
radiografias do tornozelo nas incidências anteroposterior e lateral, com ênfase na
fratura MP. Na segunda etapa (E2), os mesmos casos foram reorganizados de Q a Z, apresentando
as mesmas radiografias da E1, agora complementadas por imagens tomográficas em cortes
sagitais e axiais, que detalhavam a fratura ([Figura 2 ]).
Fig. 2 Exemplo de caso enviado para cada avaliador. A 1ª etapa (A ) exclusivamente com RX e (B ) contendo RX, TC em corte sagital com o maior fragmento do MP e TC corte axial 5 mm
acima da superfície articular. Abreviaturas: MP, maléolo posterior; RX, radiografia; TC, tomografia computadorizada.
Foram convidados 40 médicos ortopedistas de diferentes hospitais para participar como
avaliadores. Todos os que aceitaram preencheram um termo de consentimento, previamente
aprovado pelo Comitê de Ética Médica da instituição. Para participar, era necessário
que cada avaliador fosse especialista com formação em cirurgia de pé e tornozelo,
vinculado a um Serviço de Ensino de Residência Médica em Ortopedia e Traumatologia
ou a um Centro Formador de Especialistas em Cirurgia de Pé e Tornozelo credenciado
pelas respectivas Sociedades.
Cada avaliador recebeu, por e-mail, um conjunto de 10 casos e respondeu individualmente
às duas etapas da pesquisa, com um intervalo de 2 meses entre elas. Para cada caso,
eram fornecidas informações sobre idade, sexo e mecanismo de trauma (entorse do tornozelo,
queda de altura, acidente de trânsito, trauma durante prática esportiva). Além disso,
cada conjunto incluía um questionário padronizado. Na E1, as perguntas abordavam exclusivamente
as imagens radiográficas, enquanto na E2, as questões eram direcionadas tanto para
o RX quanto para a TC (Anexo 1–Questionário ).
Em ambas as etapas, as perguntas relacionadas às radiografias abordavam aspectos como
a estabilidade da fratura, interpretação do tamanho do MP, indicação de fixação e
o tipo de fixação recomendada. Já as questões sobre TC incluíam comparações do tamanho
do MP em relação ao RX, classificação tomográfica, possíveis alterações na conduta,
indicação de fixação e o tipo de síntese a ser utilizada.
Após a conclusão das duas etapas, foram comparadas as respostas das radiografias de
E1 e E2 com o objetivo de avaliar a concordância intra- e interobservador em dois
momentos distintos. As respostas referentes à TC foram analisadas para verificar a
precisão da classificação tomográfica pelos avaliadores, além de serem comparadas
com as respostas dadas para as questões radiográficas. Por fim, foi avaliado quanto
a TC influenciou na interpretação da fratura e na definição da conduta pré-operatória.
Análise Estatística
A análise dos dados foi realizada utilizando o software Statistical Package Social
Sciences (SPSS, IBM Corp.) versão 25 para MAC. Os dados categóricos foram descritos
por suas frequências absolutas e relativas. A concordância intra- e interavaliadores
foi avaliada pelos testes Kappa e McNemar.
Os dados contínuos ou numéricos foram descritos pela média e desvio padrão (DP), e,
quando apropriado, pela mediana e pelos percentis 25 e 75. A normalidade dos dados
contínuos foi testada por meio do teste de Shapiro-Wilk. Para a comparação entre as
proporções das mudanças de conduta, foram empregados testes não paramétricos: o de
Mann-Whitney para amostras independentes e o de Friedman para múltiplas comparações.
Em todas as análises estatísticas, foi considerado um nível de significância de p < 0,05.
Resultados
O estudo contou com a participação de 33 avaliadores com uma média de idade de 45 ± 8
anos. O grupo tinha uma média de 15 ± 7 anos de experiência em cirurgia de pé e tornozelo
e tratavam, em média, 65 (39–86) casos/ano de fraturas de tornozelo.
Tamanho do Maléolo Posterior
Tamanho do Maléolo Posterior
Na análise das radiografias, em média, 59,7 ± 15,3% dos avaliadores estimaram o tamanho
do MP de forma semelhante aos valores dos subgrupos padrão, com índices de concordância
de 0,16 e 0,15, respectivamente, nas duas etapas. Nas etapas E1 e E2, 78,8 ± 19,9%
dos avaliadores consideraram o tamanho do MP relevante para a estabilidade das fraturas,
e sua importância aumentou proporcionalmente ao tamanho do fragmento, com um índice
de concordância de 0,21 (p < 0,01), como pode ser visto na [Tabela 1 ].
Considerando exclusivamente a tomografia, a concordância dos avaliadores referente
à classificação de Haraguchi[7 ] foi de 66,1 ± 4,82%. Além disso, em 60,9 ± 15,8% dos casos os avaliadores assinalaram
um tamanho do MP na TC semelhante ao que haviam medido no RX.
Quando o tamanho do MP foi comparado simultaneamente nas RX e na TC, 54,1% dos avaliadores
consideraram os tamanhos semelhantes em ambas as modalidades. Em 34,7% dos casos,
o MP foi interpretado como maior na TC em relação ao RX, enquanto em 11,2% o MP parecia
menor na TC. A [Tabela 2 ] e a [Figura 3 ] ilustram as diferenças nos tamanhos do MP entre os subgrupos. Observa-se que, à
medida que o tamanho aumenta, maior é a divergência na interpretação entre as imagens
de RX e TC.
Tabela 2
Comparação do tamanho do MP na TC com o previamente aferido no RX na totalidade dos
casos e em cada intervalo
Igual
Maior
Menor
Tamanho MP no RX
Média
DP
Média
DP
Média
DP
Valor de p
Total
54,1%
16%
34,7%
16%
11,2%
11%
N/D
< 15%
75,0%
30,8%
17,6%
29,9%
7,4%
18,0%
< 0,05*
15–19,9%
57,4%
35,1%
32,4%
32,3%
10,3%
23,9%
< 0,05**
20–24,9%
51,0%
33,1%
36,3%
30,0%
12,7%
16,4%
> 0,05***
25–29,9%
48,5%
33,7%
35,3%
33,8%
16,2%
29,4%
N/D
> 30%
29,4%
46,2%
61,8%
49,3%
8,8%
28,8%
< 0,05*
Abreviações: DP, desvio padrão; MP, maléolo posterior; N/D, não disponível; RX, radiografia; TC,
tomografia computadorizada.
Notas: * Comparado a todas as categorias de MP. ** Comparado às categorias 20–24,9% de MP
e 25–29,9%%. *** Comparadoà categoria 25–29,9% de MP.
Fig. 3 Interpretação dos avaliadores ao comparar o tamanho do maléolo posterior nas radiografias
com a tomografia.
Tratamento do Maléolo Posterior
Tratamento do Maléolo Posterior
Os avaliadores concordaram em 83,5 ± 11% em relação a conduta de fixar (ou não) o
MP nas 2 etapas avaliando apenas as radiografias, com concordância de 0,36 e 0,34,
respectivamente.
Na análise simultânea dos RX e TC, em 49,1% dos casos, não haveria mudança na conduta
dos avaliadores. Nos demais casos, a TC influenciou a decisão clínica, modificando
a via de acesso em 29,7%, o tipo de osteossíntese em 25,6%, a indicação para fixação
do MP em 20,9% e a posição de decúbito do paciente em 17,6%. A [Tabela 3 ] apresenta as modificações de conduta sugeridas em cada subgrupo, e a [Figura 4 ] ilustra essas mudanças. Nos grupos com fraturas envolvendo menos de 25% do MP, a
alteração mais frequente foi a indicação de fixação. Já nas fraturas com fragmentos
maiores que 25%, houve um aumento progressivo nas mudanças de conduta relacionadas
à via de acesso, posicionamento e escolha da osteossíntese.
Tabela 3
Alterações de conduta dos avaliadores nos diferentes intervalos de tamanho do MP após
analisar a TC em conjunto com o RX
Tamanho MP
Nada
Fixar o MP
Posicionamento do paciente
Via de acesso
Tipo de osteossíntese
Outro
< 15%
67,6%
22,1%
7,4%
13,2%
10,3%
2,9%
15–19,9%
41,2%
30,9%
17,6%
29,4%
25,0%
7,4%
20–24,9%
47,0%
21,5%
19,6%
29,4%
31,3%
1,9%
25–29,9%
47,0%
10,3%
20,5%
36,7%
29,4%
1,4%
> 30%
38,2%
17,6%
26,5%
50,0%
32,4%
2,9%
Abreviação: MP, maléolo posterior; RX, radiografia; TC, tomografia computadorizada.
Fig. 4 Alterações de conduta dos avaliadores após avaliar RX e TC em conjunto. (A ) Sem mudança na conduta, (B ) fixação do MP após ver a TC, (C ) posicionamento do paciente no ato cirúrgico, (D ) via de acesso cirúrgico, (E ) tipo de osteossíntese escolhida para fixação, (F ) outras modificações. Abreviaturas: MP, maléolo posterior; RX, radiografia; TC, tomografia computadorizada.
Discussão
A TC é amplamente utilizada no planejamento pré-operatório das fraturas do MP devido
a três principais fatores. Primeiro, ela permite visualizar com precisão o tamanho
real do fragmento posterior.[10 ] Segundo, fraturas que se estendem além da porção posterolateral da tíbia, fraturas
multifragmentadas ou com fragmentos interpostos não podem ser adequadamente avaliadas
apenas por radiografias.[13 ]
[14 ] Por fim, a TC auxilia o cirurgião na escolha da via de acesso, posicionamento do
paciente e seleção dos implantes de fixação.[12 ]
[15 ] Atualmente, muitos autores recomendam seu uso rotineiro no pré-operatório em fraturas
de tornozelo.[5 ]
[16 ]
Neste estudo, a análise das imagens radiográficas revelou uma variação significativa
na precisão dos avaliadores ao medir o tamanho do MP, com uma média de 59,7 ± 15,3%
em relação aos valores padrão. Embora essa média seja considerada satisfatória, a
concordância foi baixa, com índices de 0,16 e 0,15 nas duas etapas. Esses resultados
estão alinhados com outras publicações que também relatam baixa concordância entre
avaliadores na análise de parâmetros radiográficos para fraturas do MP.[17 ]
A relevância do MP para a estabilidade das fraturas foi enfatizada pela maioria (78,8 ± 19,9%)
dos avaliadores nas etapas E1 e E2. Esse reconhecimento aumenta conforme o tamanho
do MP cresce, o que é esperado, já que fragmentos maiores que 25% são tradicionalmente
indicados para fixação. No entanto, fragmentos menores que 25% também estão sendo
cada vez mais fixados, visando melhorar a estabilidade articular. Embora o estudo
tenha destacado a importância do tamanho do MP, a literatura recente enfatiza que
sua morfologia e redução correta são fatores cruciais para o planejamento do tratamento.[18 ]
[19 ]
[20 ]
Nas imagens de TC, os avaliadores apresentaram uma taxa média de acerto de 66,1 ± 4,82%
ao utilizar a classificação de Haraguchi.[7 ] De modo geral, estudos comparativos das principais classificações tomográficas mostram
resultados semelhantes aos desta série.[21 ]
[22 ]
[23 ] A classificação de Haraguchi foi escolha para o presente estudo por ser a primeira
descrita e amplamente utilizada até hoje, frequentemente em conjunto com a classificação
de Bartoníček.[8 ]
[21 ]
[22 ]
Quando o tamanho do MP foi comparado entre radiografias e TC, observou-se concordância
em 54,1% dos casos. Entretanto, em 34,7%, o tamanho foi maior na TC. Essa diferença
aumentou à medida que o tamanho do MP crescia, reforçando a hipótese de que a TC proporciona
uma análise tridimensional mais precisa das fraturas, especialmente nas mais complexas.[5 ]
[13 ]
[14 ]
[15 ] A crescente divergência entre as medições de RX e TC à medida que o MP aumenta sugere
que a TC deve ser recomendada, mesmo para fragmentos maiores, com possíveis implicações
diretas na escolha do tratamento.[11 ]
Na avaliação do tratamento da fratura posterior, os avaliadores mostraram alta concordância
na decisão de fixar ou não o MP com base apenas nas radiografias (83,5%, com índice
de concordância de 0,36). Entretanto, a introdução da TC modificou a conduta em 49,1%
dos casos, influenciando a escolha da via de acesso (29,7%), o tipo de osteossíntese
(25,6%) e a indicação de fixação do MP (20,9%). Esses resultados reforçam a relevância
da TC na avaliação pré-operatória e no planejamento do tratamento. Gibson et al. demonstraram
que ela altera significativamente os planos cirúrgicos em fraturas trimaleolares,
com mudanças na técnica operatória em 25,1% dos casos, e uma tendência em 16,3% para
optar pela fixação após a análise da TC.[24 ]
No tratamento das fraturas do MP com tamanho inferior a 25%, a principal mudança foi
o aumento na indicação de fixação, sugerindo que o RX pode subestimar a importância
do MP na estabilidade da fratura, e que a TC poderia oferece uma avaliação mais detalhada,
revelando o tamanho real da lesão e eventuais desvios articulares.[5 ]
[12 ]
[15 ] Em fraturas com fragmentos maiores que 25%, o tamanho por si só geralmente justifica
a fixação, mas a análise pela TC resultou em mudanças significativas na abordagem,
incluindo o posicionamento do paciente, a via de acesso cirúrgico e o tipo de osteossíntese.
Esses ajustes permitiram uma interpretação mais precisa do fragmento do MP pelos avaliadores.[25 ]
Este estudo é pioneiro na literatura nacional e se baseia em uma longa série de casos
avaliados por 33 médicos experientes na área. No entanto, apresenta algumas limitações.
Por se tratar de um estudo retrospectivo focado exclusivamente no fragmento do MP,
não foram incluídas dados clínicos ou de exame físico dos pacientes. Além disso, como
o objetivo foi investigar apenas a interpretação pré-operatória do MP, o estudo não
aborda o tratamento de cada caso nem os resultados funcionais a longo prazo, o que
limita a análise de desfechos clínicos e terapêuticos.
Conclusão
O estudo reforça a importância da TC no planejamento pré-operatório das fraturas do
MP. Essa técnica de imagem possibilita uma análise mais precisa especialmente em fraturas
complexas e multifragmentadas, sendo fundamental na decisão de fixação para fragmentos
menores que 25%.
Além disso, o uso da TC permite, mesmo nas fraturas maiores que 25%, ajustes significativos
no posicionamento do paciente, escolha da via de acesso e tipo de osteossíntese, mostrando
seu impacto direto no planejamento cirúrgico.
ETAPA 1 (E1)
1- Você considera o tamanho do maléolo posterior (MP) importante para estabilidade/instabilidade
dessa fratura de tornozelo ?
2- Qual o tamanho do MP em relação a articulação tibiotársica ?
3- Você fixaria o MP deste caso baseado nas imagens radiográficas?
4- Considerando a sua indicação de fixar o MP, qual acesso cirúrgico utilizaria para
abordá-lo?
5- Você fixaria o MP com?
6- Na sua interpretação, as radiografias são suficientes para programar o tratamento
dessa fratura ou é necessário algum exame adicional no pré-operatório ? Qual?
ETAPA 2 (E2)
1- Você considera o tamanho do maléolo posterior (MP) importante para a estabilidade/instabilidade
dessa fratura de tornozelo?
2- Qual o tamanho do MP em relação à articulação tibiotársica?
3- Você fixaria o MP baseado nas imagens radiográficas?
4- Se fosse fixar, qual via de acesso usaria? (Não responda se não indicar fixar.)
5- Se fosse fixar, como faria a osteossíntese? (Não responda se não indicar fixar.)
6- O que você considera mais importante nessa fratura do MP ?
7- Qual a classificação tomográfica (Haraguchi) dessa fratura?
8- Qual o tamanho do MP em relação a articulação tibiotársica considerando as radiografias
e a tomografia ?
9- Na sua interpretação, ao avaliar as radiografias somadas à TC o tamanho do MP é:
10- Ao avaliar a TC você mudaria sua conduta em relação ao MP nessa fratura?
11- O que a TC faria você mudar no momento da cirurgia em relação ao MP ?
() Nada () Indicar Fixar o MP
() Posicionamento do paciente () vias de acesso () Tipo de osteossíntese () Outro
Legenda:
MP – maléolo posterior
TC – tomografia computadorizada
RM – ressonância magnética
Bibliographical Record Noé De Marchi Neto, Pietro Felice Tomazini Nesello, Jordanna Maria Pereira Bergamasco,
Marco Túlio Costa, Ralph Walter Christian, Nilson Roberto Severino. Influência da
tomografia computadorizada no planejamento cirúrgico das fraturas do maléolo posterior.
Rev Bras Ortop (Sao Paulo) 2025; 60: s00451810041. DOI: 10.1055/s-0045-1810041