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DOI: 10.1055/s-0038-1672689
Neurocisticercose racemosa: relato de caso
Publication History
Publication Date:
06 September 2018 (online)
Apresentação de caso: Trata-se de G.Q.Q, 47 anos, feminina, procedente de La Paz, Bolívia, residente de São Paulo, Brasil, há 15 anos. A paciente, previamente hígida, foi levada ao pronto-socorro (PS) por familiares, confusa, com relato de cefaleia, tontura, sonolência e alteração de marcha de caráter progressivo há 3 meses, evoluindo com incapacidade de realizar atividades da vida diária. À admissão, trazia ressonância magnética (RM) de encéfalo realizada 2 meses antes evidenciando lesão em ângulo pontocerebelar direito, sem realce ao contraste ou restrição à difusão, associada à hidrocefalia. Solicitada tomografia computadorizada no PS com piora comparativa da hidrocefalia, sendo realizada derivação ventriculoperitoneal com melhora progressiva dos sintomas no pós-operatório. Após nova RM de encéfalo com lesão de aspecto cístico, multisseptada, extra-axial, na cisterna pontocerebelar à direita insinuando-se para o interior do conduto auditivo interno direito e para o interior da cisterna magna, determinando importante deslocamento dos pares cranianos locais e, acometimento do pedúnculo cerebelar médio direito, associado à obliteração parcial do IV ventrículo, foi iniciado tratamento com albenzadol 15 mg/kg para neurocisticercose racemosa. Devido à escassez de sinais e sintomas e possibilidade de melhora da lesão com tratamento medicamentoso, optado, inicialmente, por não indicar tratamento cirúrgico para abordagem da lesão.
Discussão: A neurocisticercose é uma doença altamente prevalente em nosso país, sendo a parasitose mais comum do sistema nervoso central (SNC). Somado à epidemiologia, sua gravidade reforça a importância do pleno domínio desta patologia. Apesar do conhecimento bem estabelecido sobre a doença, a indicação do tratamento cirúrgico para abordagem da lesão pode ser controversa a depender da localidade e do quadro clínico do paciente. Como visto no caso relatado, temos uma paciente apresentando neurocisticercose racemosa, forma mais grave da doença, em topografia nobre do SNC, porém com achados neurológicos pobres após o tratamento da complicação. Assim, cabe a discussão sobre risco e benefício da abordagem cirúrgica do caso em questão.
Comentários finais: Apesar da vasta literatura sobre o tema em questão, é inegável a importância da análise individualizada de cada caso estudado, assim como seu compartilhamento no meio científico, com o objetivo de compreender cada vez mais sobre essa patologia tão importante em nosso meio.
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