CC BY-NC-ND 4.0 · Rev Bras Ortop (Sao Paulo) 2021; 56(02): 272-273
DOI: 10.1055/s-0041-1728705
Carta ao Editor
Joelho

Resposta para o Editor: Em referência à carta para Viscosuplementação - Rezende MU, Campos GC. Rev Bras Ortop 2012;47(2):160-164

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1   Departamento de Ortopedia e Traumatologia, Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo (FMUSP), São Paulo, SP, Brasil
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Caro Editor,

Na versão em inglês do artigo Viscossuplementação, o Durolane® é citado como um ácido hilaurônico (AH) de peso molecular intermediário. Foi mal colocado nessa referência. Apesar de Durolane® ser o primeiro ácido hialurônico intra-articular de aplicação única do mercado europeu, não foi assim no Brasil. Quando introduzido pela primeira vez no Brasil, não foi apresentado corretamente.

Durolane é um ácido hialurônico não animal estabilizado (NASHA) que foi desenvolvido na tentativa de superar as limitações das formulações existentes, aumentando o tempo de residência na articulação e proporcionando maior concentração de HA.[1]

NASHA foi o primeiro AH a ser produzido por síntese bacteriana e o primeiro a ser biocompatível e também reticulado em ligações cruzadas (em uma solução contendo 1,4-butanodiol diglicidil éter).[2] Este agente de ligações cruzadas reage com grupos hidroxila da unidade de dissacarídeo de repetição, restrita a aproximadamente 0,5–1,0% (aproximadamente 1 em cada 100 unidades de dissacarídeo é unida a outra unidade). O processo une as moléculas de AH umas às outras, formando um gel tridimensional. Cada grânulo de gel é efetivamente uma enorme molécula de AH, o que aumenta o peso molecular por um fator de cerca de dez bilhões (ou seja, dez elevado a 13 ou 1013).[1] É o produto AH de maior peso molecular do mercado brasileiro atualmente.

A meia-vida verdadeira do NASHA é considerada de 4 semanas.[3] O gel NASHA é degradado lentamente, provavelmente por radicais livres, com uma liberação gradual de moléculas de AH livres, que são dispersas no fluido sinovial e então degradadas da mesma forma que as moléculas de AH de ocorrência natural.[4]

Considerando-se a densidade, a dose de AH administrada por cada injeção de NASHA é de 60 mg (3mL; 20 mg / mL HA).[1]

Desde a publicação desta revisão, existem outros AH lançados (e alguns foram retirados) no mercado brasileiro (todos hialuronanos, ou seja, sem ligações cruzadas como Durolane® ou Synvisc®): Euflexxa®, Cristalvisc®, Synovium® 20, 40 e 75, Synolis VA®, Renehavis®, Opus Joint®.

Densidade (concentração), propriedades reológicas, tempo de residência intra-articular e biocompatibilidade são propriedades do AH que afetam os resultados finais e nem todos esses aspectos foram considerados na revisão de 2012 que deve ser atualizada.

Do ponto de vista clínico, semelhante ao Hylan G-F20 que mostrou maior eficácia a curto prazo em baixo peso, sexo masculino, menor tempo desde o diagnóstico e dor basal intensa,[5] NASHA é mais eficaz em OA de joelho único do que OA de joelho bilateral que também é mais eficaz do que OA generalizado.[6] Ambos os medicamentos são intervenções úteis em pacientes com OA leve a moderada do joelho, podem produzir alívio sustentado da dor em 6 meses e podem reduzir a necessidade de analgesia e medicação anti-inflamatória durante esse período com uma vantagem significativa para o grupo NASHA (p = 0,001). Aos 6 meses, essa diferença se estende ainda mais. As reações adversas ocorrem significativamente menos com o produto mais eficaz.[7] Nenhum estudo foi realizado com NASHA para provar se a eficácia é melhorada com a adição de triancinolona, como foi demonstrado com Othovisc®[8] e Synvisc One®.[9]



Publication History

Article published online:
26 April 2021

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