METÁSTASES CEREBRAIS DE ADENOCARCINOMA DE PULMÃO ALBERGANDO MUTAÇÕES ATIVADORAS DO GENE EGFR: APRESENTAÇÃO CLÍNICA E PERFIL DE MUTAÇÕES

Introdução: Metástases cerebrais em pacientes (pts) com adenocarcinoma de pulmão albergando mutações ativadoras do gene EGFR (EGFR-MT) ocorrem frequentemente em algum momento da história natural desses pts. Objetivo: Caracterizar a apresentação clínica e o perfil de mutações do adenocarcinoma de pulmão EGFR-MT metastático para cérebro a fim de adequadamente planejar intervenções terapêuticas nesta população. Método: Foi realizada análise retrospectiva uni--institucional dos pts consecutivamente diagnosticados com adenocarcinoma de pulmão EGFR-MT e metástases cerebrais em algum momento da sua evolução clínica, entre 2009 e 2017. Todos os pts receberam em algum momento algum inibidor de tirosina quinase (TKI) do EGFR (erlotinibe ou gefitinibe). Dados clínicos, resultados de exames de imagem e de patologia molecular foram extraídos dos prontuários eletrônicos. O diagnóstico de mutação ativadora foi realizado através de sequenciamento direto (Sanger) de material fixado em formalina e embebido em parafina. Resultados: 40 pts foram incluídos na análise, com idade mediana de 62 a (intervalo: 35-90), maioria do sexo feminino (29 pts; 72,5%) e de raça branca (34 pts; 85%). 18/40 pts (45%) eram tabagistas ou ex-tabagistas, sendo que 6 pts (33,3%) apresentavam carga tabágica superior a 30 anos.maço. Metástase cerebral antes do início do uso de EGFR-TKI estava presente em 34 pts (85%), sendo que nesse momento o ECOG-PS era 1 ou 2 em 28 pts (70%). Comprometimento leptomeníngeo concomitante ocorreu em 4 pacientes (10%). Todos os pts apresentavam metástatases extra-cranianas, sendo que os principais sítios foram pulmão (26 pts; 65%), linfonodos (24 pts; 60%) e ossos (23 pts; 57,5%). As mutações ati-vadoras de EGFR mais frequentes foram as deleções no éxon 19 (67,5%), seguidas pela mutação L858R no éxon 21 (22,5%). Além destas, foi ainda identificada mutação G719A em heterozigose no éxon 18 em um caso. Conclusão: Os dados sugerem que o adenocarcinoma de pulmão EGFR-MT metastático para cérebro não apresenta particularidades clínicas ou de perfil de mutações em EGFR que permitam diferenciar este grupo. Parece-nos essencial a avaliação por imagem de sistema nervoso central através de ressonância magnética em todos estes pacientes.

Publication History

Article published online:
10 July 2025