A capsulite adesiva acomete 13,5% dos pacientes que buscam atendimento de um ortopedista
especialista em ombro, configurando o segundo diagnóstico mais frequente, após as
afecções do manguito rotador.[1] Entretanto, sua causa ainda é desconhecida. Boa parte da pesquisa sobre o tema se
refere à busca de fatores de risco para o desenvolvimento da doença. A influência
racial é pouco estudada como um fator envolvido no desenvolvimento da capsulite adesiva.
Etnia branca[2] e nascimento nas ilhas britânicas[3] já foram descritos como fatores de risco, mas informações sobre as demais etnias
são uma lacuna na literatura. E é essa lacuna que nosso estudo[4] visa ajudar a preencher.
Concordamos com algumas das críticas apresentadas. O estudo foi denominado como transversal
para ressaltar que a avaliação dos pacientes ocorreu em tempo único, transversalmente,
não sendo retrospectivo ou prospectivo. Entretanto, a terminologia mais adequada,
e compatível com toda a análise estatística realizada, seria caso-controle. Avaliamos
se a presença ou ausência de doença (capsulite adesiva) está ou não relacionada à
exposição (ser ou não de etnia asiática), corrigindo a razão de chances para possíveis
fatores confundidores por meio de uma regressão logística. Além disso, o intuito do
estudo não foi avaliar a prevalência da doença, mas sim o risco em desenvolver a doença
decorrente de uma exposição. Cabe ressaltar que a temporalidade de um fator de risco
é motivo de discussão na escolha entre um desenho transversal (definindo a razão de
prevalência) ou caso-controle (definindo a razão de chances). Devido ao fato do fator
estudado (etnia) ser intrínseco à pessoa e presente desde o nascimento, consideramos
ambos os desenhos possíveis.
Concordamos ainda que algumas formas de avaliação estatística podem superestimar diferenças
entre os grupos. Entretanto, isso seria preocupante; principalmente se o risco obtido
fosse marginal, e não robusto, como demonstram nossos dados. Uma análise utilizando
razão de prevalência, ao invés de razão de chances, diminuiria o risco não corrigido
de 4,2 para 3,6, valor este que ainda é superior ao reportado para hipotireoidismo,[5] hipertireoidismo,[6] nascimento nas ilhas britânicas, e em alguns estudos sobre diabetes.[3]
[7] Por fim, ressaltamos que a metodologia empregada no nosso estudo (utilizando regressão
logística e expondo a razão de chances) é semelhante à utilizada por Wang et al.[3] em artigo publicado no Journal of Shoulder and Elbow, revista mais prestigiada no campo da Cirurgia de Ombro e Cotovelo.
Diante do exposto, e apesar das limitações inerentes aos estudos observacionais, mantemos
a convicção de que a etnia asiática deve passar a fazer parte dos fatores de risco
a serem considerados diante de um paciente com dor e rigidez articular no ombro.