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DOI: 10.1055/s-0040-1702960
Fraturas causadas por armas de fogo: Epidemiologia e taxa de infecção[*]
Artikel in mehreren Sprachen: português | EnglishResumo
Objetivo Investigar a incidência de infecção em pacientes com fraturas por arma de fogo, e correlacionar esse achado com a ocorrência de desbridamento cirúrgico na sala de emergência.
Métodos Estudo retrospectivo, observacional e descritivo, que incluiu todos os casos de fraturas causadas por armas de fogo entre janeiro de 2010 e dezembro de 2014; foram incluídas 245 fraturas em 223 pacientes.
Resultados Houve infecção do local cirúrgico em 8,5% das fraturas, e a média de desbridamentos necessários para controlar o processo infeccioso foi de 1,273 ± 0,608. Foi identificada correlação entre o tratamento cirúrgico escolhido e o segmento corporal afetado (p < 0,001). O tratamento cirúrgico na sala de emergência teve correlação com a ocorrência de infecção (p < 0,001; teste do qui-quadrado).
Conclusão Pacientes com ferimentos à bala tratados de forma não operatória apresentaram lesões menos graves e estáveis; portanto, a incidência de complicações nesse grupo foi menor. Por outro lado, os pacientes com lesões complexas foram aqueles submetidos a desbridamento e fixação externa. Portanto, como esperado, foi encontrado um maior número de complicações infecciosas em pacientes submetidos à fixação externa.
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Palavras-chave
infecção dos ferimentos/epidemiologia - ferimentos por arma de fogo/epidemiologia - fraturas ósseasIntrodução
Lesões não fatais causadas por projéteis de arma de fogo (PAFs) afetam mais de 60 mil pessoas anualmente nos Estados Unidos (EUA), e as extremidades são as regiões anatômicas mais afetadas.[1] Além disso, elas representam a segunda causa de morte nos EUA, e contabilizam-se entre 30 e 50 mil vítimas por ano.[2]
No Brasil, de acordo com o “Mapa da Violência 2015”,[3] estima-se que, entre 1980 e 2014, tenham ocorrido mais de 1 milhão de mortes secundárias a tiros: 8.710 em 1980, e 44.861 em 2014, o que representa um aumento de 415,1%.
Ainda se debate sobre a melhor abordagem para o tratamento de fraturas causadas por PAFs. Alguns consideram que elas devam ser tratadas como fraturas expostas. Por outro lado, outros argumentam que nem todas as fraturas de PAFs requerem cirurgia e desbridamento urgentes. Taxas de infecção semelhantes foram identificadas em fraturas estáveis causadas por PAFs de baixa energia, com os pacientes recebendo ou não antibióticos profiláticos, por via oral ou intravenosa.[4] [5]
Nosso principal objetivo foi o de investigar a incidência de infecção em pacientes com fraturas por arma de fogo, e correlacionar esse achado com a ocorrência de desbridamento cirúrgico na sala de emergência.
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Pacientes e Métodos
Estudo retrospectivo, observacional, descritivo, que incluiu todos os casos de fraturas causadas por PAFs no Serviço de Ortopedia e Traumatologia do nosso hospital entre janeiro de 2010 e dezembro de 2014. Os pacientes que morreram foram excluídos porque não havia registro de sua evolução, para infecção ou não, durante o acompanhamento ambulatorial.
As variáveis avaliadas foram: idade, segmento corporal acometido, tratamento de primeiros socorros, horário da sala de cirurgia, esquema antibiótico profilático, incidência de infecção do sítio cirúrgico, número de desbridamentos, e complicações.
A análise estatística foi realizada utilizando o aplicativo Wizard Pro para Mac, versão 1.9.24, e programa o StatPlus (StatPlus, Inc., Taipei, Taiwan), versão 6.7.03. As variáveis contínuas foram submetidas à avaliação da distribuição e posteriormente comparadas com o uso dos testes estatísticos apropriados. As variáveis categóricas foram comparadas pelo teste do qui-quadrado. Valores de p < 0,05 foram utilizados para indicar diferença estatisticamente significante.
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Resultados
Um total de 245 fraturas de 223 pacientes foram incluídas. Ao todo, 9 pacientes (4%) com 10 fraturas foram excluídos do estudo porque não havia informações completas em seus prontuários.
A maioria dos pacientes era do sexo masculino (93,9%; n = 230), e a idade média foi de 26,0 ± 1,2 anos. Os membros superiores foram atingidos em 55,7% dos casos, os membros inferiores, em 43%, e fraturas em múltiplos locais representaram 1,3% dos casos. A distribuição por segmento anatômico atingido é mostrada na [Tabela 1].
Segmento |
% (n) |
---|---|
Perna |
17.9 (42) |
Mão |
17 (40) |
Antebraço |
15,3 (36) |
Braço |
14 (33) |
Coxa |
11,1 (26) |
Ombro |
9,4 (22) |
Pé |
8,5 (20) |
Quadril |
5,5 (13) |
Múltipla |
1,3 (3) |
Quanto ao manejo médico na admissão, 28,1% dos pacientes não foram operados, e 71,9% foram submetidos a procedimentos cirúrgicos, com a seguinte distribuição: 36,2% (n = 85), apenas desbridamento; 24,3% (n = 57), desbridamento e osteossíntese; 11,5% (n = 27), desbridamento e fixação externa. No total, 95,9% dos procedimentos cirúrgicos foram realizados nas primeiras 24 horas após o trauma. O tempo médio de conversão entre fixador externo e osteossíntese foi de 14,37 ± 2,7 dias. Todos os pacientes incluídos receberam profilaxia com antibióticos durante o tempo médio de 2,779 ± 0,214 dias.
Houve infecção do local cirúrgico em 8,5% das fraturas, e a média de desbridamentos necessários para controlar o processo infeccioso foi 1,273 ± 0,608.
Foi identificada correlação entre o tratamento cirúrgico escolhido e o segmento corporal afetado (p < 0,001). Ao avaliar a conduta e sua relação com o segmento afetado, descobrimos que: 1) há preferência por não operar fraturas do úmero proximal e do quadril em comparação com fraturas de outros segmentos (p = 0,004 e p < 0,001, respectivamente; teste do qui-quadrado); 2) o fixador externo não foi utilizado nas fraturas de quadril; e 3) todos os pacientes com fratura do pé foram operados.
O tratamento cirúrgico na sala de emergência teve correlação com a ocorrência de infecção (p < 0,001; teste do qui-quadrado) ([Fig. 1]).


A análise de subgrupos identificou que os pacientes submetidos a desbridamento e fixação externa foram responsáveis por 57,1% dos casos que evoluíram para infecção (escore Z, p < 0,001) ([Fig. 2]).


A proporção de complicações infecciosas foi maior entre os pacientes submetidos a desbridamento e fixação externa (teste do qui-quadrado; p = 0,04).
O desbridamento externo e a fixação no pronto-socorro estiveram associados à ocorrência de complicações não infecciosas, como não união, consolidação viciosa e lesão neurológica (teste do qui-quadrado; p = 0,002).
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Discussão
Segundo a literatura, as lesões por PAFs são frequentes em homens (94,4%) com idades entre 15 e 29 anos.[3] Os segmentos mais afetados são: coluna vertebral, fêmur, tíbia, fíbula, mão e antebraço.[6] [7] Nossos resultados são congruentes com os desses estudos: 93% dos nossos pacientes eram do sexo masculino; a idade média foi de 26 anos; e a distribuição topográfica mostrou que os ossos longos foram os mais afetados. Este artigo é relevante para o estudo das complicações relacionadas às lesões por PAFs em uma população urbana brasileira.
O número de 245 fraturas em 223 pacientes é relevante, pois existem numerosos estudos[8] [9] [10] retrospectivos sobre o assunto com amostra menor. Nguyen et al.,[8] em um estudo retrospectivo que avaliou os resultados do tratamento de fraturas articulares por PAFs, incluíram 55 lesões em 53 pacientes. Kaim Khani et al.[9] avaliaram 90 lesões isoladas para comparar os resultados de lesões por PAFs de alta e baixa velocidade. Mehta et al.[10] estudaram fraturas do antebraço causadas por PAFs por 5 anos, e incluíram 56 lesões de 55 pacientes. O desenho retrospectivo do estudo justifica-se pela incidência de lesões por PAFs e pelo tempo necessário para a identificação das complicações relacionadas ao tratamento.
As lesões por PAFs são classificadas, de acordo com a velocidade do projétil, como baixas ou altas. Os ferimentos por PAFs de alta velocidade são causados por armas cujo projétil é lançado a velocidades superiores a 600 m/s. Os ferimentos de baixa velocidade são causados por revólveres comuns à população civil, enquanto os ferimentos de alta velocidade são típicos de armas militares.[9] Neste estudo, supomos que as lesões estudadas foram causadas por armas com projéteis de baixa velocidade, uma vez que este é o armamento mais utilizado nos confrontos urbanos em nossa cidade. Vale ressaltar que neste estudo foram excluídos os pacientes que morreram, pois a avaliação do desfecho primário (infecção) exigiu o acompanhamento ambulatorial dos pacientes.
A gravidade das lesões que um PAF produz depende da energia transmitida aos tecidos, que, por sua vez, varia com a velocidade, diâmetro, forma, estabilidade na trajetória e peso do projétil.[6] O aumento do dano tecidual está associado a múltiplos PAFs, disparo próximo ao corpo, projéteis de alta velocidade, e munição com ponta oca.[7] Neste artigo, devido ao seu caráter retrospectivo, não foi possível correlacionar as características do projétil ou as lesões produzidas com o resultado infeccioso. Podemos inferir que os pacientes não operados apresentaram lesões menos graves e mais estáveis no julgamento ortopédico; portanto, a incidência de complicações nesse grupo foi menor. Por outro lado, aqueles pacientes com lesões complexas foram submetidos a desbridamento e fixação externa. Portanto, é explicado o maior número de complicações infecciosas em pacientes submetidos à fixação externa no primeiro atendimento.
As fraturas estáveis de baixa energia da tíbia e do úmero, por exemplo, podem ser adequadamente tratadas com talas ou moldadas com uma janela para tratamento de feridas e fechamento por segunda intenção. As fraturas instáveis são tratadas cirurgicamente com o mesmo princípio de estabilidade e implante que seria usado em fraturas fechadas.[1]
Nas fraturas causadas por PAF de alta ou baixa energia em ossos subcutâneos, como a tíbia ou a clavícula, recomenda-se o desbridamento cirúrgico da ferida. Quanto à profilaxia com antibióticos, nas fraturas causadas por PAFs de alta velocidade, são recomendadas de 24 a 72 horas de antibióticos intravenosos; nas fraturas causadas por PAFs de baixa velocidade, não há evidências para o uso de antibióticos. A escolha do regime antimicrobiano também é variável.[7] [11] Neste estudo, 40 pacientes (28%) não foram submetidos a uma abordagem cirúrgica de emergência, e receberam antibióticos profiláticos por 24 horas. A decisão de não levar o paciente ao centro cirúrgico foi tomada pela equipe de plantão com base em uma avaliação pessoal da gravidade do caso. Essa estratégia, embora subjetiva, conseguiu garantir a esse grupo de pacientes uma menor incidência de complicações infecciosas e não infecciosas. Portanto, a gravidade da lesão inicial aparece como um fator para justificar uma maior incidência de complicações, apesar da abordagem inicial oferecida. A avaliação pela equipe de emergência também foi o critério utilizado para definir o tratamento em outros trabalhos. Nguyen et al.[8] relataram que, em 43,6% dos casos, o tratamento não cirúrgico foi a opção, e não houve relatos de complicações infecciosas nesse grupo. No entanto, os dois casos de infecção relatados por esses autores são de pacientes submetidos a desbridamento cirúrgico de emergência,[8] [9] e eles correlacionaram a ocorrência de infecção profunda com a energia do trauma inicial. Na série destes autores, todos os 90 pacientes foram levados ao centro cirúrgico e receberam profilaxia com antibióticos. As lesões causadas por PAFs de alta energia apresentaram maior incidência de infecção, e as lesões múltiplas por PAFs foram excluídas.[9]
Estudos recentes[8] não consideram que a classificação recomendada por Gustilo et al.[4] deva ser usada na avaliação de fraturas causadas por PAFs. Os autores argumentam que o tamanho da lesão pós-desbridamento não corresponde ao dano causado internamente pelo PAF, e que a energia dissipada nos tecidos seria o principal fator prognóstico.[6] Não utilizamos a classificação mencionada como parâmetro para estratificação da gravidade. Optamos por confiar no julgamento da equipe de plantão sobre o grau de contaminação e instabilidade óssea, pois acreditamos que isso inclui outros elementos subjetivos que não podem ser simplificados pelas pontuações.
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Conclusão
Pacientes com ferimentos a bala tratados de forma não operatória apresentaram lesões menos graves e estáveis; portanto, a incidência de complicações nesse grupo foi menor. Por outro lado, os pacientes com lesões complexas foram submetidos a desbridamento e fixação externa. Portanto, foi encontrado, conforme esperado, um maior número de complicações infecciosas em pacientes submetidos à fixação externa.
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Conflito de Interesses
Os autores declaram não haver conflito de interesses.
* Dados coletados no Hospital Risoleta Tolentino Neves, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, Brasil.
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Referências
- 1 Dougherty PJ, Vaidya R, Silverton CD, Bartlett III CS, Najibi S. Joint and long-bone gunshot injuries. Instr Course Lect 2010; 59: 465-479
- 2 Bartlett CS, Helfet DL, Hausman MR, Strauss E. Ballistics and gunshot wounds: effects on musculoskeletal tissues. J Am Acad Orthop Surg 2000; 8 (01) 21-36
- 3 Waiselfisz JJ. Mapa Da Violência 2015: Mortes Matadas Por Armas de Fogo. Brasília, DF: 2015. . Disponível em: httpbibjuventudeibictbrjspuihandle
- 4 Dickey RL, Barnes BC, Kearns RJ, Tullos HS. Efficacy of antibiotics in low-velocity gunshot fractures. J Orthop Trauma 1989; 3 (01) 6-10
- 5 Knapp TP, Patzakis MJ, Lee J, Seipel PR, Abdollahi K, Reisch RB. Comparison of intravenous and oral antibiotic therapy in the treatment of fractures caused by low-velocity gunshots. A prospective, randomized study of infection rates. J Bone Joint Surg Am 1996; 78 (08) 1167-1171
- 6 Moye-Elizalde GA, Ruiz-Martínez F, Suarez-Santamaría JJ, Ruiz-Ramírez M, Reyes-Gallardo A, Díaz-Apodaca BA. [Epidemiology of gunshot wounds at Ciudad Juárez, Chihuahua General Hospital]. Acta Ortop Mex 2013; 27 (04) 221-235
- 7 Tosti R, Rehman S. Surgical management principles of gunshot-related fractures. Orthop Clin North Am 2013; 44 (04) 529-540
- 8 Nguyen MP, Reich MS, O'Donnell JA. et al. Infection and Complications After Low-velocity Intra-articular Gunshot Injuries. J Orthop Trauma 2017; 31 (06) 330-333
- 9 Kaim Khani GM, Humail SM, Hafeez K, Ahmed N. Pattern of bony injuries among civilian gunshot victims at tertiary care hospital in Karachi, Pakistan. Chin J Traumatol 2015; 18 (03) 161-163
- 10 Mehta SK, Dale WW, Dedwylder MD, Bergin PF, Spitler CA. Rates of neurovascular injury, compartment syndrome, and early infection in operatively treated civilian ballistic forearm fractures. Injury 2018; 49 (12) 2244-2247
- 11 Simpson BM, Wilson RH, Grant RE. Antibiotic therapy in gunshot wound injuries. Clin Orthop Relat Res 2003; (408) 82-85
Endereço para correspondência
Publikationsverlauf
Eingereicht: 21. Mai 2019
Angenommen: 29. November 2019
Artikel online veröffentlicht:
27. April 2020
© 2020. The Author(s). This is an open access article published by Thieme under the terms of the Creative Commons Attribution-NonDerivative-NonCommercial-License, permitting copying and reproduction so long as the original work is given appropriate credit. Contents may not be used for commercial purposes, or adapted, remixed, transformed or built upon. (https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. Published by Thieme Revinter Publicações Ltda
Rio de Janeiro, Brazil
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Referências
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