CC BY-NC-ND 4.0 · Rev Bras Ortop (Sao Paulo) 2022; 57(02): 348-350
DOI: 10.1055/s-0041-1726073
Nota Técnica
Mão

Uso do portal piramidal-hamato na fusão de punho de quatro cantos: Um bom truque técnico*

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1   Departamento de Ortopedia e Traumatologia, Serviço de Cirurgia da Mão e Microcirurgia, Santa Casa de Misericórdia, São Paulo, Brasil
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1   Departamento de Ortopedia e Traumatologia, Serviço de Cirurgia da Mão e Microcirurgia, Santa Casa de Misericórdia, São Paulo, Brasil
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Resumo

As técnicas de fusão parcial do punho assistidas por artroscopia estão se tornando mais populares. Ficou claro que evitar a violação de importantes estruturas ligamentares e tendíneas, o que é imposssível com as técnicas abertas clássicas, permite uma abordagem mais biológica, essencial para a cicatrização mais rápida e melhora da função. Descrevemos o uso do portal piramidal-hamato (PH), raramente aplicado em técnicas artroscópicas de rotina para cirurgia de mão e punho, como portal acessório para melhor execução do desbridamento carpal medial anterior na fusão de quatro cantos. Esse truque possibilita a ressecção anterior quase completa das superfícies condrais do capitato e do hamato, o que aumenta o contato ósseo subcondral na articulação mesocárpica após a fixação e eleva as taxas de consolidação.


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Introdução

As técnicas de fusão parcial do punho assistidas por artroscopia estão se tornando mais populares. Ficou claro que evitar a violação de importantes estruturas ligamentares e tendíneas, o que é impossível com as técnicas abertas clássicas, permite uma abordagem mais biológica, essencial para a cicatrização mais rápida e melhora da função.

Descrevemos o uso do portal piramidal-hamato (PH), raramente aplicado em técnicas artroscópicas de rotina para cirurgia de mão e punho, como portal acessório para melhor execução do desbridamento carpal medial anterior na fusão de quatro cantos.[1] Esse truque possibilita a ressecção anterior quase completa das superfícies condrais do capitato e do hamato, o que aumenta o contato ósseo subcondral na articulação mesocárpica após a fixação e eleva as taxas de consolidação.


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Técnica Cirúrgica

A técnica padrão é realizada com os portais artroscópicos 3/4, 6R, carpal medial radial (CMR) e carpal medial ulnar (CMU). O escafoide é removido com broca ou uma pequena abordagem aberta (geralmente volar). As superfícies da articulação mesocárpica são removidas com broca. Alguns casos requerem enxerto de osso esponjoso. O semilunar é alinhado e temporariamente fixado ao rádio, e a articulação mesocárpica é reduzida. O alinhamento ósseo é assegurado por parafusos de compressão canulados colocados por via percutânea sob visualização fluoroscópica.

O portal PH é feito ulnarmente ao tendão extensor ulnar do carpo (EUC), à altura da articulação PH, distalmente ao portal radiocarpal 6U. Raramente utilizado, foi descrito para visualização e desbridamento da articulação PH, e como portal de entrada/saída. Lesões ao ramo cutâneo dorsal do nervo sensorial devem ser evitadas.[2]

Em nosso único caso em que esse truque foi realizado, após o desbridamento de todas as superfícies condrais, como na técnica padrão descrita anteriormente, o portal PH foi criado para a obtenção de um excelente acesso às superfícies condrais anteriores do hamato e do capitato. Isso permitiu a ressecção de toda a cartilagem até o osso subcondral, aumentando consideravelmente a superfície de contato entre o semilunar e a cabeça do capitato, e entre a parte distal do piramidal e a superfície proximal do hamato ([Figs. 1A, 1B], [2A, 2B, 2C] e [2D]). As etapas cirúrgicas seguintes foram semelhantes àquelas em uma abordagem padrão para uma fusão de quatro cantos.[3] [4]

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Fig. 1 (A) Vista dorsal do punho após a criação do portal piramidal-hamato (PH), que é criado distalmente ao portal 6U. (B) Vista ulnar do punho após a colocação do portal PH, criado distalmente ao portal 6U.
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Fig. 2 (A) Esquema de visualização através do portal carpal medial ulnar (CMU), geralmente aplicado na técnica padrão de fusão de quatro cantos. (B) Esquema de visualização através do portal PH. Este portal melhora muito a visualização da superfície condral dorsal do capitato. (C) Esquema de visualização e instrumentação através de portais dorsais comuns, como na técnica padrão, em uma perspectiva lateral do punho (como seria visto através do portal PH). (D) Esquema da instrumentação através do portal PH: o shaver atinge muito melhor a face anterior da superfície condral do capitato, como em nossa modificação da técnica padrão.

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Conclusão

Descobrimos que este é um bom truque para melhorar a qualidade e as taxas de consolidação após o procedimento, e esperamos melhores resultados clínicos e maior rapidez na cicatrização e recuperação funcional no pós-operatório.

A fusão óssea foi obtida seis semanas após o procedimento. O paciente manteve 50% da amplitude de movimento contralateral, com dor mínima.


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Conflito de Interesses

Os autores declaram não ter conflito de interesses.

Ética

Não foi solicitada aprovação ética para este estudo, pois nenhum dado do paciente é ou pode ser identificado e/ou divulgado com a publicação de nossa nota técnica. Este estudo foi realizado de acordo com a Declaração de Helsinque, revisada em 2013.


O registro do estudo e o consentimento livre e esclarecido não são aplicáveis pelos motivos descritos anteriormente.


Suporte Financeiro

Não houve suporte financeiro de fontes públicas, comerciais, ou sem fins lucrativos.


* Estudo desenvolvido no Departamento de Ortopedia e Traumatologia, Serviço de Cirurgia da Mão e Microcirurgia, Santa Casa de Misericórdia, São Paulo, Brasil.



Endereço para correspondência

João Pedro Farina Brunelli, MD
Rua Leopoldo Bier, 825/301, Porto Alegre, RS, 90620-100
Brasil   

Publication History

Received: 18 October 2020

Accepted: 08 January 2021

Article published online:
27 May 2022

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Fig. 1 (A) Vista dorsal do punho após a criação do portal piramidal-hamato (PH), que é criado distalmente ao portal 6U. (B) Vista ulnar do punho após a colocação do portal PH, criado distalmente ao portal 6U.
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Fig. 2 (A) Esquema de visualização através do portal carpal medial ulnar (CMU), geralmente aplicado na técnica padrão de fusão de quatro cantos. (B) Esquema de visualização através do portal PH. Este portal melhora muito a visualização da superfície condral dorsal do capitato. (C) Esquema de visualização e instrumentação através de portais dorsais comuns, como na técnica padrão, em uma perspectiva lateral do punho (como seria visto através do portal PH). (D) Esquema da instrumentação através do portal PH: o shaver atinge muito melhor a face anterior da superfície condral do capitato, como em nossa modificação da técnica padrão.
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Fig. 1 (A) Dorsal view of the wrist after the creation of the triquetrum-hamate (TH) portal distal to the 6U portal. (B) Ulnar view of the wrist after the creation of the TH portal distal to the 6U portal.
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Fig. 2 (A) Schematics for visualization through the midcarpal ulnar (MCU) portal, which is usually applied in the standard four-corner fusion technique. (B) Schematics for visualization through the TH portal. This portal provides much better visualization of the dorsal chondral surface of the capitate. (C) Schematicsfor the visualizartion and instrumentation through standard dorsal portals, as in the standard technique, in a lateral wrist perspective (as would have been seen through the TH portal). (D) Schematics for instrumentation through the TH portal: the shaver reaches much better the anterior aspect of the chondral surface of the capitate, as seen in our modification of the standard technique.