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DOI: 10.1055/s-0041-1732331
Poroma écrino associado a um hidradenoma poroide devido a coexistência de uma grande massa sobre o pé: Relato de caso
Artikel in mehreren Sprachen: português | EnglishResumo
O poroma écrino e o hidradenoma poroide são neoplasias poroides benignas raras, derivadas das glândulas sudoríparas écrinas. Existem quatro tipos de neoplasias poroides, conforme a posição na camada da pele, sendo denominadas hidroacantoma simples, poroma écrino, tumor do ducto dérmico e hidradenoma poroide. As neoplasias poroides geralmente surgem como uma lesão solitária, com crescimento lento, podendo apresentar diferentes apresentações clínicas, como massa sobre o pé, lesão ulcerada, cisto sólido, lesão hemorrágica ou suspeita de melanoma. As extremidades são os sítios mais comuns, especialmente as mãos e os pés. No entanto, a coexistência desses dois tumores em uma única lesão é extremamente rara. A excisão cirúrgica representa o principal tratamento, podendo ser curativa, prevenindo assim as alterações malignas e as recidivas. Descrevemos um raro tumor solitário no pé com características clínicas e histopatológicas de uma associação de poroma écrino e hidradenoma poroide tratado cirurgicamente sem recidiva no acompanhamento de médio prazo.
Nível de Evidência IV, Relato de Caso.
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Introdução
O poroma écrino (PE) e o hidradenoma poroide (HP) são neoplasias poroides (NPs) benignas raras derivadas das glândulas sudoríparas écrinas.[1] [2] [3] As NPs geralmente surgem como uma lesão solitária com diferentes manifestações clínicas, como massa sobre o pé, lesão ulcerada, cisto sólido, lesão hemorrágica ou suspeita de melanoma. Existem quatro tipos de variações de NP, classificadas em relação à posição dentro da camada da pele: hidroacantoma simples, PE, tumor do ducto dérmico e HP.[4] O PE envolve a camada basal da epiderme, enquanto o HP está confinado à derme.[3] [4] [5]
A literatura sobre a coexistência desses dois tumores em uma única lesão é escassa.[5] [6] [7] A ressecção total seguida de biópsia tem sido descrita como o tratamento principal, e pode ser curativa.[2] O presente estudo tem como objetivo relatar um caso com uma grande massa solitária sobre o pé, originado a partir de uma rara associação de PE e HP.
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Relato de Caso
Apresentamos um paciente do sexo masculino de 55 anos com uma grande massa não traumática e dolorosa sobre o médio-pé esquerdo (∼ 7 × 4 cm) ([Fig. 1]). Ele referiu que a lesão começou como uma mancha nodular hipercrômica na pele e cresceu lentamente nos últimos 8 anos. Ao exame físico, o tumor apresentava bordas bem definidas e consistência fibroelástica, não aderindo ao tecido mole circundante. A mancha nodular hipercrômica tinha o tamanho aproximado de 1,5 × 1cm.


Foi realizada a ultrassonografia para confirmação de sua forma cística e análise do conteúdo. O resultado foi uma formação cística translúcida bem definida medindo 72 × 46 × 26 mm, com 3 mm de um conteúdo fluido homogêneo dentro do tecido subcutâneo ([Fig. 2]). Havia a suspeita de que o tumor cístico poderia ser um cisto sinovial comum. Porém, solicitamos avaliação dermatológica, devido à presença de uma mancha preta na pele sobre o cisto. Cogitou-se a hipótese de que o diagnóstico diferencial seria melanoma, carcinoma basocelular pigmentado e neoplasias epiteliais benignas.


Foi realizada a ressecção total do tumor, já que o seu aspecto clínico e as imagens ultrassonográficas apresentavam características benignas. Foi realizada uma abordagem dorsomedial longitudinal centralizada sobre o tumor a partir da articulação do tornozelo até o terço distal do primeiro metatarso, sendo a mancha preta removida totalmente em forma de elipse. Nossa decisão por esta abordagem foi porque ela permitiria dissecar o tumor medial e lateralmente, com menos manipulação dos tecidos moles, já que a pele sobre os tumores císticos tende a ser fina ([Fig. 3]). Durante a dissecção, foi tomado todo o cuidado para evitar danos ao ramo nervoso do nervo fibular profundo, ao nervo safeno e à veia, bem como à artéria dorsal do pé. Conseguimos dissecar e excisar totalmente o tumor com uma margem limpa ([Fig. 3]). Em seguida, o tumor foi encaminhado para análise anatomopatológica.


O exame histopatológico confirmou que o tumor era uma NP, consistindo de ambos os componentes da derme (hidradenoma poroide) e da epiderme (poroma écrino). A maioria das neoplasias era da derme. Essa porção era caracterizada por partes císticas e sólidas. A parte sólida era a parede do cisto, abrangendo uma ou duas camadas de células poroides e cuticulares com citoplasma rosa ([Fig. 4]). A porção da epiderme era caracterizada por um tumor sólido, consistindo principalmente de células cuboides pequenas, escuras e monomórficas, com citoplasma escasso e núcleo redondo, conhecidas como células poroides ([Fig. 4]). Não havia características histológicas de malignidade.


Após 43 meses de acompanhamento, o paciente permanece assintomático e totalmente ativo. Ele voltou às suas atividades anteriores sem limitações físicas. Não foram observados sinais clínicos de recidiva até agora ([Fig. 5]).


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Discussão
A coexistência de PE e HP é rara, restrita a poucos relatos de casos no joelho e nas partes superior e inferior das costas.[8] [9] Porém, eles têm demonstrado evolução clínica satisfatória após a excisão completa do tumor. Não foi observada nenhuma característica de malignidade na análise patológica e nenhum sinal de recorrência. O presente estudo relata um caso único de grande tumor solitário sobre o pé, consistindo de uma associação de PE e HP, que foi tratado com sucesso através da ressecção cirúrgica, sem sinais de malignidade e recorrência. Até onde se tem conhecimento, apenas descrições de apresentações separadas desses tumores nos pés foram publicadas.
O PE e o HP compartilham a origem histológica, as características celulares semelhantes às células tumorais monomórficas, a diferenciação ductal e a necrose.[7] No entanto, clinicamente, apresentam aspectos diferentes. Frequentemente, o PE é uma lesão sólida não cística, com aspectos nodulares, granulares e papilados de várias cores. O HP se apresenta como um tumor sólido e cístico localizado inteiramente na derme.[6] Diferentemente do PE, o HP não ocorre na palma da mão ou na planta do pé.[7] Nosso paciente apresentava uma lesão solitária com características clínicas de PE e HP, nas formas de uma mancha nodular hipercrômica e de uma formação cística, respectivamente.
A etiologia desses tumores é desconhecida. A inflamação e a regeneração tissular podem ter grande importância, já que existem descrições de associação a traumas, cicatrizes, exposição à radiação e imunossupressão.[7] No entanto, o tumor do nosso paciente cresceu sem qualquer trauma, infecção local anterior, doenças imunossupressoras ou histórico de exposição à radiação. Em geral, uma das hipóteses etiológicas dessa associação é porque, provavelmente, algumas partes da pele e das glândulas sudoríparas podem ser induzidas à via da tumorigênese ao mesmo tempo.[5] Embora raro, o PE pode evoluir para um porocarcinoma écrino (PCE).[2] [10]
A descrição do diagnóstico e do tratamento desse tumor raro pode ajudar o cirurgião ortopédico na busca por tumores cutâneos como um diagnóstico diferencial de tumores nos pés. Ficou demonstrado que a excisão cirúrgica foi um tratamento eficaz, sem recorrência do tumor no acompanhamento de médio prazo.
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Conflito de interesses
Os autores declaram não ter conflito de interesses.
Trabalho desenvolvido no Serviço de Ortopedia, Cirurgia do Pé e Tornozelo do Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo, São Paulo, SP, Brasil.
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Referências
- 1 Moeller CA, Welch RH, Kaplan DL. An enlarging tumor of the foot. Eccrine poroma. Arch Dermatol 1987; 123 (05) 653-654 , 656
- 2 Wong MW, Tse GM. Eccrine poroma: a differential diagnosis in chronic foot lesions. Foot Ankle Int 2003; 24 (10) 789-792
- 3 Soyer HP. Neoplasms with eccrine differentiation. Acta Dermatovenerol APA 1997; 6 (04) 151-154
- 4 Abenoza P, Ackerman AB. Neoplasms With Eccrine Differentiation: Ackerman's Histologic Diagnosis of Neoplastic Skin Diseases: A Method by Pattern Analysis. Philadelphia: Lea & Febiger; 1990: 536
- 5 Chiu HH, Lan CC, Wu CS, Chen GS, Tsai KB, Chen PH. A single lesion showing features of pigmented eccrine poroma and poroid hidradenoma. J Cutan Pathol 2008; 35 (09) 861-865
- 6 Misago N, Kohda H. A single lesion demonstrating features of eccrine poroma and poroid hidradenoma. J Dermatol 1995; 22 (10) 773-779
- 7 Soyer HP. Neoplasms with eccrine differentiation. Acta Dermatovenerologica 1997; 06 (97) 151-154
- 8 Casper DJ, Glass LF, Shenefelt PD. An unusually large eccrine poroma: a case report and review of the literature. Cutis 2011; 88 (05) 227-229
- 9 Mulinari-Brenner FA, Mukai MM, Bastos CA, Filho EA, Santamaria JR, Neto JF. Porocarcinoma écrino: relato de quatro casos e revisão da literatura [Eccrine porocarcinoma: report of four cases and literature review]. An Bras Dermatol 2009; 84 (05) 519-523
- 10 Galadari E, Mehregan AH, Lee KC. Malignant transformation of eccrine tumors. J Cutan Pathol 1987; 14 (01) 15-22
Endereço para correspondência
Publikationsverlauf
Eingereicht: 03. April 2021
Angenommen: 23. April 2021
Artikel online veröffentlicht:
01. Oktober 2021
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Referências
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- 10 Galadari E, Mehregan AH, Lee KC. Malignant transformation of eccrine tumors. J Cutan Pathol 1987; 14 (01) 15-22



















