CC BY-NC-ND 4.0 · Rev Bras Ortop (Sao Paulo) 2022; 57(06): 975-983
DOI: 10.1055/s-0041-1736513
Artigo Original
Ombro e Cotovelo

Fatores prognósticos da cirurgia de Latarjet

Article in several languages: português | English
1   Hospital Mater Dei, Belo Horizonte, MG, Brasil
2   Hospital Unimed BH, Belo Horizonte, MG, Brasil
,
2   Hospital Unimed BH, Belo Horizonte, MG, Brasil
,
3   Ortopedia e Traumatologia, Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg), Belo Horizonte, MG, Brasil
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2   Hospital Unimed BH, Belo Horizonte, MG, Brasil
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2   Hospital Unimed BH, Belo Horizonte, MG, Brasil
3   Ortopedia e Traumatologia, Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (Ipsemg), Belo Horizonte, MG, Brasil
› Author Affiliations
Fontes de Financiamento Esta pesquisa não recebeu nenhuma bolsa específica de agências de fomento nos setores público, comercial, ou sem fins lucrativos.
 

Resumo

Objetivo Investigar os fatores que influenciam os resultados funcionais dos pacientes submetidos ao procedimento de Latarjet.

Métodos Avaliação de 26 pacientes submetidos ao tratamento cirúrgico, seguindo a técnica de Latarjet, devido a luxação anterior recidivante traumática da articulação glenoumeral, com perda óssea glenoidal maior do que 20% e/ou lesão off-track. O tempo mínimo de seguimento foi de doze meses. Foram avaliadas as seguintes escalas: Escala Visual Analógica (EVA), The Western Ontario Shoulder Instability Index (WOSI), e Subjective Shoulder Value (SSV), além dos dados objetivos dos participantes.

Resultados A maioria dos pacientes (84,62%) não apresentou recidiva de luxação, e 92,31% ficaram satisfeitos. Em relação à análise funcional, a pontuação do componente físico (PCF) e a pontuação do compenente mental (PCM) encontradas estavam dentro da média de qualidade de vida da população. Os sintomas físicos, pela escala WOSI, apresentaram a melhor porcentagem (8,5%), ao passo que o pior resultado foi observado com relação ao estilo de vida (20%). Na EVA, a dor foi classificada como moderada (3/10) por 15,38% dos pacientes (4/26). Em relação aos esportes, os pacientes que praticavam alguma atividade esportiva apresentaram melhora nos parâmetros da escala SSV, que tiveram relação inversa com o número de recidivas. Observou-se ainda que, quanto menor foi o tempo entre a primeira luxação e a realização da cirurgia, maior foi a satisfação do paciente.

Conclusão A indicação precoce do tratamento cirúrgico da instabilidade anterior glenoumeral pode proporcionar melhores resultados funcionais subjetivos ao paciente.


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Introdução

Diferentes procedimentos cirúrgicos foram propostos para o tratamento da luxação anterior recidivante traumática do ombro. O reparo capsulolabial foi descrito por Bankart e modificado por Rowe et al.,[1] e pode ser realizado por método cirúrgico aberto ou artroscópico. Em um estudo cadavérico, Itoi et al.[2] demonstraram que defeitos ósseos da glenoide maiores do que 21% diminuem a força necessária para causar a luxação, e recomendaram enxertia óssea para aumentar a estabilidade.

Em 1954, Latarjet[3] descreveu a transferência do processo coracoide com fixação na porção anterior da glenoide, que produz dois efeitos: o enxerto do coracoide atuando como bloqueio ósseo, e o tendão conjunto com efeito tipoia atuando como bloqueio dinâmico. Tradicionalmente, o procedimento é realizado por via aberta, mas alguns autores recentemente passaram a defender a via artroscópica.[4] [5]

O procedimento de Latarjet apresenta taxas de recidiva menores do que as dos reparos aberto ou artroscópico de Bankart.[6] [7] [8] Em uma revisão sistemática, Bliven e Parr[9] demonstraram também melhores resultados funcionais e menor limitação da rotação externa com o procedimento de Latarjet quando comparado à cirurgia de Bankart. Contudo, apresenta maiores taxas de complicações, como pseudartrose, complicações com o material de síntese, e lesões neurovasculares associadas.[10] [11] [12]

Na avaliação de retorno ao esporte, tanto a cirurgia de Latarjet quanto a de Bankart não demonstram diferenças, apesar de haver poucos estudos comparativos.[13] [14] [15]

O objetivo deste estudo é investigar os fatores que influenciam os resultados funcionais nos pacientes submetidos ao procedimento de Latarjet. A hipótese é a de que tanto o atraso do paciente em procurar atendimento quanto a demora para o retorno ao esporte após o procedimento afetam diretamente a sua qualidade de vida e a satisfação.


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Pacientes e Métodos

O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa de nossa instituição. Foi solicitada e aprovada a dispensa do termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) para o projeto.

Trata-se de um estudo com uma coorte retrospectiva, realizado no período de julho de 2014 a julho de 2018, em que 41 pacientes foram submetidos ao tratamento cirúrgico de luxação anterior traumática recidivante do ombro pelo procedimento aberto de Latarjet, em um hospital particular de nível terciário. Os pacientes foram operados por dois cirurgiões de ombro participantes do estudo como pesquisadores, sendo que ambos utilizaram a mesma técnica.

Os critérios de inclusão foram: pacientes com luxação anterior recidivante traumática da articulação glenoumeral, maiores de 18 anos, submetidos ao procedimento cirúrgico de Latarjet por via aberta, com lesões off-track com perda óssea glenoidal maior do que 20% ([Figura 1]) – aferida pelo método no qual se comparam as distâncias entre o bare spot e as bordas anterior e posterior da glenoide –, e com seguimento pós-operatório mínimo de 1 ano. Os critérios de exclusão foram: pacientes com luxação anterior não traumática da articulação glenoumeral, menores de 18 anos, com lesões on-track, e perda óssea menor do que 20%. No pós-operatório, os pacientes usaram tipoia por quatro semanas. Na quarta semana, iniciou-se a fisioterapia com atividades leves no plano horizontal, com ganho progressivo de amplitude de movimento (ADM). No terceiro mês, iniciaram-se exercícios de fortalecimento. O retorno às atividades normais ocorreu após 5 a 6 meses de pós-operatório.

Zoom Image
Fig. 1 Imagem de ressonância magnética no corte sagital ponderada em T2, que mostra defeito ósseo glenoidal.

Após a consideração de todos os critérios mencionados, a amostra constituiu-se de 26 pacientes que responderam ao questionário e participaram da pesquisa, sendo que 3haviam sido submetidos ao procedimento cirúrgico previamente. O contato feito por telefone, assim como foi respondido o questionário. Não se conseguiu contato com 15 pacientes. Por conta da pandemia de doença do coronavírus 2019 (coronavirus disease 2019, COVID-19, em inglês), houve dificuldade para avaliar presencialmente os pacientes no ano de 2020.

Técnica Cirúrgica

Os pacientes foram submetidos a bloqueio do plexo braquial para analgesia pós-operatória e anestesia geral, e foram operados em posição de cadeira de praia. Utilizou-se o acesso deltopeitoral, expôs-se o processo coracoide, e fez-se a transecção do ligamento coracoacromial e do músculo peitoral menor, protegendo-se os nervos musculocutâneo e axilar. Em seguida, mediu-se o enxerto do coracoide, em justaposição aos ligamentos coracoclaviculares com uma angulação de 90° e, na direção medial para a lateral, com o destacamento do enxerto. O enxerto foi então preparado com a decorticação de sua face inferior, com o auxílio de uma lâmina de shaver. Com o ombro em rotação externa, o músculo subescapular foi exposto e dividido entre os dois terços superiores e o terço inferior com uma tesoura Mayo. A cápsula glenoumeral anterior foi identificada e incisada transversalmente para a exposição da glenoide. Realizou-se a ressecção do tecido labial anteroinferior da glenoide, e o local de fixação do enxerto, na face anteroinferior do colo da glenoide, foi preparado e cruentizado. O processo coracoide foi colocado na posição entre 3 e 5 horas dos ponteiros do relógio, e a fixação foi realizada com 2 parafusos esponjosos de pequenos fragmentos (de 3,5 mm) na direção anteroposterior, perpendicular ao coracoide e paralelo à superfície articular da glenoide[16] ([Figura 2]). O membro operado foi colocado em uma tipoia Vealpeau simples. O curativo foi trocado no primeiro dia de pós-operatório, e os pacientes fizeram as trocas subsequentes diariamente em suas residências até o dia da retirada dos pontos, na segunda semana de pós-operatório. O membro operado foi imobilizado com a tipoia por quatro semanas, sendo que os movimentos de flexão e extensão do cotovelo foram iniciados no primeiro dia de pós-operatório. A partir da quarta semana, foi iniciada a fisioterapia assistida por profissional, que objetivava medidas antiálgicas e anti-inflamatórias e ganho de ADM passiva e autopassiva, limitando-se a rotação externa à 30° até a oitava semana de pós-operatório. A ADM completa foi recuperada após a décima segunda semana. Depois, iniciou-se o reforço muscular da cintura escapular, do manguito rotador, e da atividade proprioceptiva. Todas as atividades de impacto foram liberadas após o sexto mês de pós-operatório, desde que nas radiografias fosse identificado um bom posicionamento dos parafusos e consolidação do enxerto do coracoide.

Zoom Image
Fig. 2 Radiografias que mostram a fixação com parafusos esponjosos na ciruriga de Latarjet: (A) incidência anteroposterior; (B) incidência de perfil; (C) incidência axilar.

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Coleta de Dados

Por meio de um formulário, coletaram-se informações relativas ao sexo, idade, dominância, lado acometido, profissão, comorbidades, tabagismo, prática esportiva, complicações pós-operatórias (infecção, rigidez articular, soltura de implantes, recidivas), intensidade da dor segundo a Escala Visual Analógica (EVA), que teve que ser adaptada perguntando ao paciente a percepção da dor de 1 a 10, a percepção subjetiva da função pela escala Subjective Shoulder Value (SSV), e a pontuação funcional segundo The Western Ontario Shoulder Instability Index (WOSI).


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Análise Estatística

A análise estatítica foi realizada por meio do teste t de Student. O teste de Tukey foi empregado para a análise de comparações múltiplas usando análise de variância unidirecional (one-way analysis of variance [ANOVA], em inglês), para os dados paramétricos, e o teste de Kruskal-Wallis, para os dados não paramétricos.

A análise de correlação foi realizada com o teste de Spearman para dados não paramétricos.

Para a análise multivariada, foi realizado o teste de regressão linear, considerando como “variável resposta” cada um dos instrumentos utilizados (SSV, EVA, WOSI, SF-12V2 PCS e SF-12V2 MCS). Após a análise bivariada, foram selecionadas para a análise multivariada aquelas variáveis que apresentaram valor de p ≤ 0,3.

Em todos as análises realizadas, as diferenças obtidas foram consideradas estatisticamente significativas quando p < 0,05.

As análises estatísticas foram realizadas utilizando os programas Prism (Graphpad Software, Inc., San Diego, CA, Estados Unidos), versão 5.0 para Windows, e Stata (Statacorp LLC, College Station, TX, Estdos Unidos), versão 14.0.


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Resultados

A população do estudo foi composta exclusivamente por pacientes do sexo masculino, com média de idade de 26 (±5,17) anos, que variou de 18 a 35 anos. No total, 69,23% afirmaram realizar alguma atividade esportiva, sendo predominantemente recreativa. Os parâmetros analisados na [Tabela 1] não apresentaram diferença estatisticamente significativa na população estudada (p > 0,05).

Tabela 1

Idade (anos)

 Média (desvio padrão)

26 (±5,17)

 Mínimo–máximo

18–35

Sexo

Frequência absoluta

%

Valor de p

 Masculino

26

100,00

1,0000T

 Feminino

0

0,00

TOTAL

26

100,00

Comorbidades

Frequência absoluta

%

Valor de p

 Sim

1

3,85

1,0000T

 Não

25

96,15

TOTAL

26

100,00

Tabagismo

Frequência absoluta

%

Valor de p

 Sim

2

7,69

1,0000T

 Não

24

92,31

TOTAL

26

100,00

Prática de esportes

Frequência absoluta

%

Valor de p

 Sim

18

69,23

1,0000T

 Não

8

30,77

TOTAL

26

100,00

Tipo de atividade esportiva

Frequência absoluta

%

Valor de p

 Academia

3

16,67

0,8143TK

 Futebol

11

61,11

 Trilha de moto

2

11,11

 Musculação e mountain biking

1

5,56

 Vôlei e futebol

1

5,56

TOTAL

18

100,00

Competitivo versus recreativo

Frequência absoluta

%

Valor de p

 Competitivo

0

0,00

1,0000T

 Recreativo

18

100,00

TOTAL

18

100,00

A média de tempo entre a primeira luxação e o procedimento cirúrgico foi de 24 meses, com a ocorrência média de 10 luxações. A maioria (84,62%) dos pacientes não apresentou episódios de recidiva da luxação. Ao todo, 3 (11,54%) pacientes tiveram somente 1 recidiva, e 1 (3,85%) paciente teve 2. No entanto, a recorrência ficou limitada a esses casos, e reoperações não foram necessárias. Em relação ao grau de satisfação, 92,31% dos pacientes informaram estar satisfeitos, quando da consulta por telefonema, inclusive alguns dos que apresentaram recidiva ([Tabela 2]).

Tabela 2

Tempo entre a primeira luxação e o procedimento cirúrgico (meses)

 Mediana

24

 P25–P75

18–48

 Mínimo–máximo

6–96

Número de luxações antes do procedimento cirúrgico

 Mediana

45

 P25–P75

12–65

 Mínimo–máximo

2–150

Recidiva

Frequência absoluta

%

Valor de p

 Nenhuma

22

84,62

1,0000TK

 Uma vez

3

11,54

 Duas vezes

1

3,85

TOTAL

26

100,00

Reoperação

Frequência absoluta

%

Valor de p

 Sim

0

0,00

1,0000T

 Não

26

100,00

TOTAL

26

100,00

Satisfação

Frequência absoluta

%

Valor de p

 Satisfeito

24

92,31

1,0000T

 Não satisfeito

2

7,69

TOTAL

26

100,00

Realizou o procedimento de Bankart previamente ao de Latarjet?

Frequência absoluta

%

Valor de p

 Sim

3

11,54

1,0000T

 Não

23

88,46

TOTAL

26

100,00

Análise Funcional

A média da amostra na escala SSV foi de 90%. O 25o percentil (P25) foi de 80%, e o 75° percentil (P75) foi de 100%. A pontuação da maioria dos pacientes na escala SSV ficou entre 80% e 100% na escala SSV.

Na EVA, 76,92% (20/26) dos pacientes relataram não sentir dor (0/10); para 7,69% (2/26), a dor foi leve (2/10), e, para15,38% (4/26) dos pacientes, foi moderada (3/10).

Segundo os dados gerais da escala WOSI, a classificação média dos pacientes foi de 18,70%, com mínimo de 2,38% (melhor pontuação) e máximo de 45,24% (pior pontuação). Considerando os 4 domínios de forma isolada, os sintomas físicos apresentaram a melhor porcentagem (8,5%), ao passo que o pior resultado foi observado quanto ao estilo de vida (20%) ([Tabela 3]).

Tabela 3

SSV – pontuação

Frequência absoluta

%

Valor de p

 100%

10

38,46

1,0000KW

 95%

2

7,69

 90%

6

23,08

 80%

4

15,38

 60%

1

3,85

 56%

1

3,85

 40%

2

7,69

TOTAL

26

100,00

SSV (%) – geral

Mediana

P25–P75

Mínimo–máximo

90

80 - 100

40 - 100

Na avaliação pelo SF-12V2, o valor médio da pontuação do componente físicos (PCF) foi de 55,93 (±3,44), e o da pontuação do compenente mental (PCM) foi de 45,22 (±5,96). Considerando-se os valores padronizados para a população geral, de 50 ± 10, o PCF e o PCM estavam dentro da média de qualidade de vida ([Tabela 4]). Nesse âmbito, observou-se uma correlação positiva (p < 0,0001, r = 0,7252) entre as pontuações na EVA e no WOSI. Assim, quanto melhor os resultados da EVA, melhor será a qualidade de vida do paciente medida pelo WOSI.

Tabela 4

Domínios do SF-12V2

Frequência das alternativas (%)

1

2

3

4

5

TOTAL (%)

 Capacidade funcional

9,62

90,38

*

*

100,00

 Aspecto físico

3,85

3,85

92,30

100,00

 Dor corporal

53,85

46,15

100,00

 Saúde geral

7,70

76,92

15,38

100,00

 Vitalidade

11,54

69,23

19,23

100,00

 Aspecto social

7,69

7,69

84,62

100,00

 Aspecto emocional

3,85

25,00

21,15

50,00

100,00

 Saúde mental

11,54

34,61

11,54

19,23

23,08

100,00

Resumo dos componentes físico e mental

Média

Desvio padrão

Mínimo–máximo

 Pontuação do componente físico

55,93

 ± 3,44

48,22–61,65

 Pontuação do componente mental

45,22

 ± 5,96

32,20–58,83

Observou-se também que as pontuações foram coerentes com a do PCF, que apresentou correlação negativa com a EVA e o WOSI (p = 0,0066; r = -0,5189; e p = 0,0159; r= -0,4681, respectivamente). Com isso, quanto melhor o PCS, menores são as pontuações na EVA e no WOSI, o que demonstra melhor qualidade de vida.

Em relação aos pacientes que praticam algum esporte, os parâmetros do SSV (p = 0,0081; r = 0,5076–correlação positiva) apresentaram melhora, ao passo que a correlação das pontuações na EVA (p = 0,0124; r = -0,4832) e no WOSI (p = 0,0112; r = -0,4892) foi negativa, porque, quanto melhor o valor destes, melhor a qualidade de vida.

A ocorrência de recidivas, estava inversamente relacionada ao SSV (p = 0,0033; r = -0,5537), o que sugere uma pior avaliação subjetiva funcional pelo paciente.

O grau de satisfação dos pacientes em relação ao procedimento cirúrgico foi inversamente proporcional ao tempo entre a primeira luxação e a realização da cirurgia, ou seja, quanto menor o tempo, maior foi a satisfação (p = 0,0499; r = -0,3884) ([Tabela 5]).

Tabela 5

PCM FINAL

SSV

EVA

WOSI

IDADE

PRÁTICA DE ESPORTES

NÚMERO DE RELUXAÇÕES

GRAU DE SATISFAÇÃO

PCF FINAL

 valor de r

−0,6260

0,1105

−0,5189

−0,4681

0,0302

0,2335

−0,1190

0,0963

 valor de p

0,0006*

0,5910

0,0066*

0,0159*

0,8835

0,2509

0,5627

0,6398

PCM FINAL

 valor de r

−0,3983

0,5980

0,4660

−0,1412

−0,3670

0,0699

−0,0963

 valor de p

0,0439*

0,0013*

0,0164*

0,4915

0,0652

0,7346

0,6398

SSV

 valor de r

−0,3983

−0,4245

−0,5446

0,1149

0,5076

−0,5537

0,2798

 valor de p

0,0439*

0,0307*

0,0040*

0,5762

0,0081*

0,0033*

0,1663

EVA

 valor de r

0,5980

−0,4245

0,7252

−0,3255

−0,4832

0,2875

0,1569

 valor de p

0,0013*

0,0307*

0,0000*

0,1047

0,0124*

0,1544

0,4440

WOSI

 valor de r

0,4660

−0,5446

0,7252

−0,2988

−0,4892

0,3536

−0,2311

 valor de p

0,0164*

0,0040*

0,0000*

0,1382

0,0112*

0,0764

0,2560

IDADE

 valor de r

−0,1412

0,1149

−0,3255

−0,2988

0,4684

−0,1034

−0,2994

 valor de p

0,4915

0,5762

0,1047

0,1382

0,0158*

0,6151

0,1373

PRÁTICA DE ESPORTES

 valor de r

−0,3670

0,5076

−0,4832

−0,4892

0,4684

−0,1595

−0,1925

 valor de p

0,0652

0,0081*

0,0124*

0,0112*

0,0158*

0,4364

0,3462

NÚMERO DE RECIDIVAS

 valor de r

0,0699

−0,5537

0,2875

0,3536

−0,1034

−0,1595

0,1228

 valor de p

0,7346

0,0033*

0,1544

0,0764

0,6151

0,4364

0,5502

GRAU DE SATISFAÇÃO

 valor de r

−0,0963

0,2798

0,1569

−0,2311

−0,2994

−0,1925

0,1228

 valor de p

0,6398

0,1663

0,4440

0,2560

0,1373

0,3462

0,5502

TEMPO (ENTRE A PRIMEIRA LUXAÇÃO E O PROCEDIMENTO CIRÚRGICO)

 valor de r

0,1409

0,2224

0,0131

0,2189

0,2304

0,3363

−0,2624

−0,3884

 valor de p

0,4925

0,2748

0,9493

0,2828

0,2574

0,0930

0,1953

0,0499*


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Discussão

O achado mais importante deste estudo foi a correlação entre a maior satisfação dos pacientes e a diminuição do tempo entre a luxação e o procedimento cirúrgico. Desta maneira, confirma-se a hipótese de que o tempo para a realização do procedimento cirúrgico influencia na satisfação do paciente.

A amostra apresentava predominantemente homens jovens, com média de idade de 26 anos, o que está de acordo com a literatura que demonstra ocorrência maior em atletas de contato, os quais pertencem ao grupo de risco.[17] [18] Neles, o tempo médio entre o procedimento cirúrgico e a primeira luxação foi de 24 meses, com uma ocorrência média de 10 luxações antes da decisão de se submeter ao procedimento.

Estudos de metanálise[10] [19] relatam entre 25% e 31% de complicações possíveis com o procedimento de Latarjet . Por outro lado, ao analisar somente a ocorrência de recidivas, os índices variam de 1% a 7,5%.[7] [13] [20] [21] A única complicação relatada neste estudo foi a recidiva, que ocorreu em 4 dos 26 pacientes (15,39%). Como o estudo foi feito por entrevista pelo telefone, os pacientes podem ter tido dificuldade em identificar outras complicações, ou até mesmo em compreender que o termo luxação refere-se à incongruência total da articulação glenoumeral.

Na avaliação das escalas funcionais e de qualidade de vida, mais de 75% dos pacientes apresentaram valores maiores de 80% no SSV, o que demonstra uma avaliação subjetiva alta da funcionalidade. Em relação à EVA, o resultado de 76,92% da amostra foi 0, ou seja, nenhuma dor, e o pior foi 3, que equivale a dor de leve a moderada. Portanto, pode-se afirmar que ows resultdos relacionados à dor foram bastante satisfatórios. Ao se questionar sobre a satisfação, 92,31% relataram estar satisfeitos, assim como no trabalho de Da Silva et al.[22] Taxas de satisfação > 90% também foram encontradas por Hurley et al.,[4] mesmo após seguimento de 16 anos. Hovelius et al.[23] acompanharam 118 ombros, e relataram taxas de satisfação de 98% após 15 anos. Schroder et al.,[24] em um o trabalho envolvendo 49 pacientes com seguimento de 26,4 anos, encontraram taxa de cerca de 70% de resultados bons ou excelentes. Já Silva et al.[25] obtiveram resultados bons e excelentes em 82,7% dos casos.

O SF-12V2 permite a avaliação e a comparação com o valor padronizado para a população geral: 50 ± 10. Portanto, pode-se afirmar que a amostra do presente estudo estava próxima dessa faixa, pois os valor médio encontrado para o PCF foi de 55,93, e, para o PCM, de 45,22. Esses valores também demonstram que, com o procedimento de Latarjet, o paciente pode voltar a níveis similares a aos de um indivíduo que nunca apresentou luxação quanto às avaliações física e mental.

Na análise da correlação entre as diferentes variáveis, foi observada coerência entre as escalas subjetivas: o SSV demonstrou estar inversamente relacionado tanto à EVA quanto ao WOSI, o que confirma que, quanto mais próxima for a avaliação subjetiva do ombro operado em relação a um ombro saudável, menor a sensação de dor e limitação funcional.

O número de recidivas piorou as pontuações no SSV segundo a correlação de Spearman (p = 0,0033, r = 0,5537), o que sugere que recidivas acarretam piores resultados funcionais. Além disso, um número maior de luxações pré-operatórias influenciou negativamente nos resultados do EVA. A cada luxação, pode ocorrer um aumento da lesão dos estabilizadores estáticos e dinâmicos, bem como do tamanho das lesões de Hill-Sachs e de Bankart.

Por outro lado, a prática de esporte demonstrou-se benéfica para a qualidade de vida, e apresentou, pela correlação de Spearman, as melhores pontuações no SSV (p = 0,008), na EVA e no WOSI, o que foi reiterado na análise multivariada da EVA. A importância do retorno ao esporte foi reforçada por Warth et al.,[26] que relataram que umas das grandes preocupações do paciente no pré-operatório é a capacidade de retornar ao esporte.

Pela correlação de Spearman, demonstrou-se que a satisfação do paciente foi inversamente proporcional ao tempo entre a primeira luxação e a realização da cirurgia. Dessa maneira, a indicação cirúrgica no menor tempo possível pode ser benéfica para o paciente em termos dos resultados subjetivos.

O presente trabalho apresenta limitações por ser retrospectivo, e por ter sido realizado pelo telefone. Portanto, nele pode ter havido um viés quanto à transmissão de informação e às complicações referentes ao exame físico, como a limitação da ADM, que não foi avaliada. A amostra de 26 pacientes é pequena, e limita a avaliação estatística. O tempo de seguimento de 12 meses também é considerado relativamente curto para tratamentos cirúrgicos e instabilidade recorrente do ombro.


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Conclusão

Fatores como um tempo longo entre o primeiro episódio de luxação e a realização do procedimento cirúrgico e uma ocorrência maior de recidivas influenciaram negativamente na qualidade de vida dos pacientes.

A indicação precoce do tratamento cirúrgico da instabilidade anterior glenoumeral pode proporcionar melhores resultados funcionais subjetivos ao paciente.


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Conflito de Interesses

Os autores declaram não haver conflitos de interesse.

* Trabalho desenvolvido no Hospital Unimed BH, Belo Horizonte, MG, Brasil


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Endereço para correspondência

Thalles Leandro Abreu Machado, MD
Rua Grão Pará, 658, 2° andar, Santa Efigênia, Belo Horizonte, MG, 30150-341
Brasil   

Publication History

Received: 15 December 2020

Accepted: 08 July 2021

Article published online:
11 November 2021

© 2021. Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia. This is an open access article published by Thieme under the terms of the Creative Commons Attribution-NonDerivative-NonCommercial License, permitting copying and reproduction so long as the original work is given appropriate credit. Contents may not be used for commecial purposes, or adapted, remixed, transformed or built upon. (https://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/)

Thieme Revinter Publicações Ltda.
Rua do Matoso 170, Rio de Janeiro, RJ, CEP 20270-135, Brazil

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Fig. 1 Imagem de ressonância magnética no corte sagital ponderada em T2, que mostra defeito ósseo glenoidal.
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Fig. 2 Radiografias que mostram a fixação com parafusos esponjosos na ciruriga de Latarjet: (A) incidência anteroposterior; (B) incidência de perfil; (C) incidência axilar.
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Fig. 1 Sagittal T2-weighted magnetic resonance imaging scan showing glenoid bone defect.
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Fig. 2 Radiographs showing fixation with cancellous screws in the Latarjet procedure: (A) anteroposterior view; (B) profile view; (C) axillary view.