Palavras-chave
falanges dos dedos da mão - fios ortopédicos - fixação de fratura interna - fraturas
ósseas - parafusos ósseos - placas ósseas
Introdução
As fraturas das mãos são reconhecidamente as lesões esqueléticas mais frequentes,
e são responsáveis por ∼ 20% de todas as fraturas.[1]
[2] As fraturas falangeanas representam 6% de todas as fraturas. Os objetivos primários
do tratamento são: corrigir a anatomia, evitar lesões desnecessárias dos tecidos moles,
e permitir a mobilização precoce do sítio da lesão.[3]
A solução geral para as fraturas falangeanas é a seguinte: usar a técnica de solidarização
ou tala, fraturas extra-articulares saudáveis, tratamento cirúrgico das partes articulares
deslocadas, desalinhamento rotacional, ou encurtamento > 15° ou 6 mm.[4] Os procedimentos cirúrgicos podem incluir redução fechada e pinagem ou redução aberta
e fixação. A redução fechada e a fixação interna fornecem compressão interfragmentária
e uma alternativa de mobilização mais precoce, ao passo que a redução aberta e a fixação
externa fornecem apenas compressão interfragmentária.[5]
Relatamos três casos de fraturas da falange proximal da mão submetidas ao método de
redução fechada com a fixação de parafuso intramedular e à mobilização precoce.
Relatos de Casos
Relatamos três casos de fratura da falange proximal: duas fraturas transversais da
base da falange, e uma fratura transversal simples da diáfise. Todos os pacientes
eram destros, e um deles apresentava lesão na mão não dominante. Foi realizada uma
avaliação radiográfica da mão ([Fig. 1]). Todas as fraturas foram fechadas, e não houve associação com lesão neurovascular.
Todos os pacientes foram submetidos a redução fechada com a fixação de parafuso intramedular.
Fig. 1 Avaliações radiológicas pré-operatória (esquerda) e pós-operatória (direita): (A) Caso 1. (B) Caso 2. (C) Caso 3.
Técnica Cirúrgica
As cirurgias foram realizadas por um ortopedista sênior em um único hospital universitário,
usando uma técnica idêntica em todas elas. O diâmetro do canal intramedular de cada
paciente foi avaliado por meio de radiografia na incidência de perfil. Usamos um parafuso
de 2,2 mm de diâmetro em cada cirurgia. Foram utilizadas as técnicas anterógrada e
a intra-articular em todos os dedos.
A redução das fraturas foi realizada sob fluoroscopia, sendo corrigida por tração
e manipulação do dedo em caso de deformidade rotacional. Foi realizada uma incisão
de 2 cm, seguida de uma capsulotomia dorsal, a fim de expor a metacarpofalangeana
(MCF) intra-articular, conforme mostrado na [Fig. 2]. Um fio guia foi inserido na porção dorsal central da base da falange proximal,
com a articulação MCF com aproximadamente 60° de flexão. A base do dedo foi suavemente
movida dorsalmente para que o fio pudesse ser colocado.
Fig. 2 (A) Esquema da técnica intra-articular anterógrada; incidências sagital e axial (B) da incisão do lado dorsal da articulação metacarpofalangeana.
Uma vez que o fio guia estava no devido lugar e tendo sido alcançada uma redução satisfatória,
um parafuso canulado sem cabeça foi inserido na metáfise da falange proximal. O fio
guia foi removido. O comprimento do parafuso foi medido por meio de radiografia, e
testado mediante fluoroscopia antes da inserção. Tomou-se cuidado especial para garantir
que a base do parafuso não se projetasse, e para que a extremidade superior do parafuso
atingisse a extremidade do canal medular. A amplitude de movimento (ADM) completa
das articulações MCF e interfalangeana proximal (IFP) foi testada antes do fechamento
da pele. No pós-operatório, prescreveu-se um regime fisioterapêutico da mão em todos
os pacientes.
Avaliação
Todos os pacientes foram avaliados com um acompanhamento mínimo de 3 meses. No último
acompanhamento, foi realizada uma avaliação com com a versão abreviada do questionário
de Disfunções do Braço, Ombro e Mão (Quick Disabilities of the Arm, Shoulder and Hand,
QuickDash, em inglês), em que foram observados quaisquer sintomas persistentes. Foi
realizado um exame clínico para avaliar qualquer deformidade, e a ADM ativa das articulações
MCF e IFP foi medida com um goniômetro.
Discussão
Buscar técnicas menos invasivas tem como objetivo a redução dos riscos, permitindo
assim a mobilização precoce do dedo.[2] A maioria das fraturas falangeanas podem ser tratadas de forma não cirúrgica. No
entanto, nos casos aqui descritos, as fraturas eram relativamente instáveis, e necessitavam
de cirurgia com parafuso intramedular para a obtenção de um resultado excelente.[3]
[4]
Em casos de fratura instável do dedo para a qual a cirurgia não é adequada, a operação
ideal é incerta. A fixação de placas ajuda a oferecer estabilização para a recuperação
precoce, embora os resultados clínicos sejam inconsistentes.[5] Técnicas minimamente invasivas podem oferecer alternativas viáveis para a fixação
das fraturas falangeanas nos tecidos moles. Pode ser usada uma fixação interna ou
externa.[6] Ambas as soluções têm suas próprias armadilhas, associadas à retirada não planejada
de hardware, à imobilização, e à fixação incompleta.[7]
O emprego de um método menos invasivo de tratamento das fraturas extra-articulares
disfuncionais da falange proximal é mais bem-sucedido e seguro. Análises mostram resultados
promissores após a fixação do parafuso intramedular para metacarpos e falanges, com
um número reduzido de complicações.[8]
[9]
[10] Após três meses de acompanhamento, não houve fraturas, deformidades rotacionais,
nenhuma doença, condição de dor regional dinâmica, e nenhuma migração de qualquer
parafuso. A ADM do dedo foi perfeita. Os resultados revelaram que 75% da ADM do punho
foram recuperados em 2 semanas, sendo que a ADM completa foi alcançada no acompanhamento
final.