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Apresentação do Caso Relatamos o caso de um paciente do sexo masculino, de 55 anos, com HIV em tratamento,
e diagnóstico de tumor de Buschke-Löwenstein (TBL) com lesões que se estendiam desde
região perineal, e bolsa escrotal que causava deformações cicatriciais até a porção
peniana. No seguimento ambulatorial, foram realizadas múltiplas biópsias até que o
resultado de uma amostra indicou carcinoma espinocelular (CEC), e então o paciente
foi submetido a esquema de quimiorradioterapia exclusiva em 2021 e seguimento oncológico.
Posteriormente, evoluiu com lesão ulcerada em margem anal, cuja biópsia confirmou
CEC. Realizou-se discussão multidisciplinar com a oncologia clínica, dado o histórico
de tratamento quimiorradioterápico, bem como lesão extensa com dor intratável, e optou-se
pela amputação abdominoperineal. O paciente foi submetido ao procedimento de amputação
abdominoperineal extraelevadora com reconstrução pélvica com retalho miocutâneo V-Y.
O pós-operatório foi complicado por deiscência de ferida perineal e osteomielite após
a exposição da região sacral. O seguimento multidisciplinar, com estomatoterapeuta
e equipe de feridas, associados a antibioticoterapia, foi suficiente para o controle
da ferida, cobertura óssea e tratamento da osteomielite. O paciente teve alta hospitalar,
apresenta independência para realizar suas atividades habituais e tem a dor controlada.
Discussão O TBL, também conhecido como condiloma acuminado gigante, é uma rara apresentação
do condiloma anogenital associada ao papilomavírus humano (HPV). Apresenta-se como
lesão vegetante com histopatologia benigna mas lesões com grande potencial desenvolvimento
de CEC. Uma vez comprovada a malignidade, o tratamento passa a ser o preconizado para
os CECs de canal anal, com quimiorradioterapia exclusiva (esquema Nigro), estando
restrita a cirurgia a casos de impossibilidade desse tratamento ou intratabilidade
após a sua realização. Em pacientes imunossuprimidos, a doença é mais agressiva, com
alto índice de recidiva local e diferenciação maligna, sendo a ressecção cirúrgica
indicada e desafiadora em função da alta morbidade.
Comentários Finais É necessário o seguimento regular de pacientes com TBL, com atenção a pacientes imunocomprometidos
e sinais de invasão de lesões, para que, se necessário, o tratamento oncológico seja
proposto com brevidade, e culmine em melhores índices de qualidade de vida e desfecho
oncológico satisfatório.