Introdução: Na era da terapia alvo oncológica, a análise do valor clínico e farmacoeconômico
do uso de novas terapias é possível através do uso de scores para avaliação da qualidade
de vida dos pacientes. Objetivo: Determinar a qualidade de vida proporcionada por diferentes formas de tratamento
farmacológico do câncer de pulmão metastático. Método: Através de um estudo de coorte, 475 pacientes com câncer de pulmão metastático em
diversos estágios da doença, atendidos no Princess Margaret Cancer Centre (Toronto,
CA), tiveram sua qualidade de vida (QV) avaliada pelo questionário EQ5D-3L, em um
total de 1571 avaliações (valor máximo de QV: “1”). Efeitos colaterais dos tratamentos
utilizados foram avaliados pelo questionário PRO-CTCAE. Os pacientes foram divididos
em quatro grupos de acordo com o tipo de câncer de pulmão e presença de mutações driver:
1. Pacientes EGFR+ (n=183) 2. Pacientes ALK+ (n=38) 3. Pacientes com câncer de pulmão
pequenas células EGFR-e ALK - (CPPC) (n=30) 4. Pacientes com câncer de pulmão não
pequenas células EGFR-e ALK - (CPNPC) (n=224). Resultados: Comparando pacientes estáveis na terapia mais apropriada, a QV média dos grupos em
uso de inibidores de tirosina quinase (ITQ), EGFR + e ALK+, respectivamente de 0.81
e 0.82, foi superior à dos grupos que utilizaram quimioterapia convencional (CPPC
e CPNPC), respectivamente 0.72 (p=0.06) e 0.78 (p=0.04). Quando comparada a QV entre
os diversos estágios da doença dentro do mesmo grupo, observou-se que a estabilidade
no tratamento mais apropriado resultou em uma QV maior (p<0.01) do que na situação
de doença progressiva sem estabilidade no tratamento mais apropriado (QV: EGFR+ 0.7;
ALK+ 0.69; CPNPC 0.66; CPPC 0.52). Avaliando os efeitos colaterais do tratamento,
observou-se relação inversa entre os sintomas “severidade da fadiga” e “redução do
apetite” e a QV em pacientes do grupo EGFR+ (p<0.01). Além disso, uma significativa
relação inversa entre o número total de sintomas com intensidade clinicamente relevante
e a QV dos pacientes foi observada nos grupos EGFR+ (p=0.01) e CPNPC (p=0.055). Conclusão: A qualidade de vida de pacientes com câncer de pulmão metastático é maior naqueles
que carregam mutações “driver” e estão em uso de terapia alvo de modo estável. Isto
é parcialmente explicado pela diferença na toxicidade do tratamento de acordo com
a intensidade dos efeitos colaterais. Estas diferenças devem ser levadas em consideração
na análise farmacoeconómica do uso da terapia alvo.