COMPARAÇÃO DA AVALIAÇÃO E CONDUTA TERAPÊTICA ANTES E APÓS IMPLEMENTAÇÃO DO SISTEMA BETHESDA NA CLASSIFICAÇÃO DOS NÓDULOS TIREOIDIANOS

Em outubro de 2007, a realização do “The National Cancer Institute Thyroid Fine-Needle Aspiration State of the Science Conference”, em Bethesda-MD, direcionou à formação do “The Bethesda System for Reporting Thyroid Cytopathology (TBSRTC), sistema que padroniza os laudos citológicos na análise de nódulos tireoidianos. O TBSRTC não só descreve lesões tireoidianas benignas e malignas em amostras de Punção Aspirativa por Agulha Fina (PAAF), mas também as frequentemente classificadas como “indeterminadas para malignidade”, conhecidas como pertencentes à ‘zona cinzenta’. Esta última é subdividida nas seguintes categorias diagnósticas: Atipia de significado indeterminado/Lesão folicular com significado indeterminado (AUS/FLUS; III); Neoplasia folicular/Suspeito para Neoplasia folicular (FN/SFN; IV) e Suspeito para Malignidade (SM; V). Para cada categoria diagnóstica, há correspondente risco de malignidade assim como respectiva conduta terapêutica, fundamentada em revisão bibliográfica. O estudo visa avaliar a influência do TBSRTC em pacientes incluídos nas categorias III, IV e V, analisando a conduta estabelecida, incidência cirúrgica e taxa de tratamentos equivocados a partir dessa classificação, comparada à utilização do sistema não padronizado antigo. O estudo apresenta cunho retrospectivo, transversal e observacional. Dados foram coletados de prontuários médicos de pacientes submetidos à PAAF no período de 2002 a 2007 com resultado citológico indeterminado e de prontuários de pacientes que realizaram PAAF entre 2010 e 2015 com resultado citológico das categorias III, IV e V do TBSRTC. Subsequentemente, os dois grupos foram comparados considerando conduta estabelecida, incidência cirúrgica e taxa de malignidade. Dos 135 casos do grupo pré-Bethesda, 126 (93,3%) tiveram indicação cirúrgica. Já dos 94 casos do grupo Bethesda 65 (69,1%) tiveram indicação cirúrgica. Esta diferença se mostrou estatisticamente significativa (p<0,001). Em relação aos pacientes que fizeram cirurgia, não houve diferença significativa entre os grupos em relação à taxa de malignidade no resultado histopatológico - 42 (46,7%) grupo pré-Bethesda versus 26 (52%) grupo Bethesda, (p>0,05). O TBSRTC demonstrou ser uma boa ferramenta para o manejo de nódulos tireoidianos, reduzindo a taxa de cirurgias, mas com a necessidade de maior precisão na detecção de nódulos malignos, oferecendo maior segurança para o manejo clínico do paciente.

 

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Article published online:
10 July 2025