SOBREVIDA E FATORES PROGNÓSTICOS EM PACIENTES COM CÂNCER DE MAMA COM METÁSTASES CEREBRAIS NO BRASIL: UMA SUB-ANÁLISE DO ESTUDO LACOG-0312

Introdução: A incidência de metástases cerebrais entre mulheres com câncer de mama metastático varia de 10 a 30% conforme subtipo tumoral. A presença de metás-tase cerebral é um fator de mau prognóstico, porém a experiência da prática clínica em pacientes brasileiras é pouco descrita na literatura. Objetivo: Descrever as características, desfechos de sobrevida e fatores prognósticos de pacientes com câncer de mama e metástase cerebral no Brasil. Métodos: LACOG-0312 é um estudo de coorte retrospectivo que incluiu pacientes diagnosticadas com câncer de mama metastático ou localmente avançado/recorrente não ressecável durante o ano de 2012 provenientes de 20 centros distribuídos em seis estados brasileiros, representando três regiões: Sul, Sudeste e Nordeste. Desfechos de sobrevida global (SG) foram descritos pelo método de Kaplan-Meier e fatores prognósticos avaliados pelo modelo de Cox multivariado. Resultados: Entre as 690 pacientes incluídas, 145 (21%) foram diagnosticadas com metástase cerebral durante o seguimento da doença. As pacientes que desenvolveram metástase cerebral ao longo do seguimento eram mais jovens, sendo mais comum o diagnóstico de câncer de mama antes dos 40 anos nesse grupo (22,1% vs. 15,0% p=0,03), tinham mais tumores triplo negativos (28% vs.18.5%, p = 0,03), porém o mesmo não foi observado em relação aos tumores HER2-positivos (28.3% vs. 20.6% p =0.11). Em geral, o intervalo livre de metástase cerebral (ILMC), mensurado a partir do diagnóstico de doença metastática, foi 14 meses. Entretanto, o ILMC foi menor em pacientes com tumores HER2-positivos (18 vs. 12 meses, p=0,011) e triplo negativo (18 vs. 12 meses, p<0,001), ambos comparados com tumores luminais. A sobrevida global (SG) mediana a partir do desenvolvimento de metástase cerebral foi 10 meses. Na analise multivariada, tumores triplo-negativos foram associados a um pior prognóstico (HR 1,82; IC95% 1,02-3,24 - p = 0,03), tendo sido observada uma tendência a pior SG nos tumores HER-2-positivos (HR 2,21; IC95% 0,91-5,33 – p = 0.08). Conclusão: Os resultados deste estudo, são similares aos dados da literatura internacional quanto a incidência e ao mau prognóstico associados ao desenvolvimento de metástase cerebral em pacientes com câncer de mama. Ratifica-se, então, a importância desta condição como problema de saúde pública no Brasil, sendo importante, portanto, buscarmos oferecer a estas pacientes as melhores opções em termos de tratamento sistêmico, radioterápico e neurocirúrgico.

 

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Article published online:
10 July 2025