Para realizar o planejamento tridimensional na radioterapia, faz-se necessário realizar
uma tomografia computadorizada (TC) de simulação dos pacientes. Neste momento definimos
a localização do isocentro e realizamos as devidas marcações na pele do paciente.
Para que seja possível identificar onde foi determinado o isocentro, são utilizados
marcadores radiopacos chamados de bibs, contudo devido a sua pequena dimensão e a
rotineira necessidade de descarte, o departamento de radioterapia deve sempre ter
uma grande quantidade de bibs para uso e reposição. Dependendo do material e da região
anatômica a ser tomografada, esses bibs podem gerar artefatos nas imagens, dificultando
o delineamento a ser realizado pelo médico, o cálculo de doses com correção de heterogeneidades
e a fusão com as imagens de posicionamento, como o conebeam CT. Frequentemente, meios
de contraste são usados para auxiliar a visualização de algumas estruturas e qualquer
quantidade de contraste não utilizada em um dia é descartada. Com o objetivo de testar
formas de fácil acesso e baixo custo para confeccionar bibs, identificamos neste caso
a oportunidade de usar a sobra de contraste (iodado e sulfato de bário, ambos de fácil
acesso em ambiente hospitalar) e pequenas miçangas plásticas esféricas com um orifício
em sua região central, compradas em armarinhos de artesanato com valor bem acessível.
Com o auxílio de uma pinça colocamos as miçangas numa fita microporosa, de modo que
um lado do orifício ficou em contato com a fita e o outro lado voltado para cima.
Administramos o contraste no orifício utilizando uma seringa. Após a secagem, cobrimos
com fita microporosa novamente. Realizamos uma TC de um fantoma, com os bibs dispostos
em sua superfície para analisar sua visualização nas imagens. Os bibs produzidos com
o contraste iodado não apresentaram a qualidade desejada, pois com o tempo eles deixaram
de ser radiopacos e, portanto não foram validados. Já os bibs produzidos com contraste
de sulfato de bário, mantiveram-se radiopacos e geraram menos artefatos nas imagens
do que os bibs metálicos utilizados rotineiramente. Após esta validação, o bib com
sulfato de bário foi implantado na rotina e utilizado no planejamento dos pacientes,
pois se mostrou adequado. Ele foi facilmente visualizado na TC de planejamento e gerou
pouco artefato nas imagens, além de ser uma opção fácil de fabricar, de baixo custo
e que pode ser produzida em larga escala, já que não perde seu efeito após a confecção.