IMPACTO DE LONGO PRAZO DO USO DE SOLUÇÃO REVELADORA DE LINFONODOS NO CÂNCER GÁSTRICO: SOBREVIDA DE 5 ANOS DE COORTE PROSPECTIVA RANDOMIZADA

Introdução: Estudo randomizado prévio demonstrou que a solução de Carnoy (etanol, ácido acético e clorofórmio) aumenta o número de linfonodos (LNs) dissecados em peças cirúrgicas de câncer gástrico (média: 34 para 50) (Dias AR, et al. Gastric Cancer, 2016). Esse incremento decorre do encontro de LNs pequenos, que passam despercebidos após fixação em formaldeído. Também se observou que todas as peças fixadas em formaldeído tinham LNs sendo perdidos e, em 32% delas, linfonodos metastáticos eram descartados. Esse achado modificou o estadiamento desses pacientes, demonstrando a importância clínica de encontrar todos os LNs ressecados. Em teoria, os pacientes desse protocolo seriam mais precisamente estadiados, com curvas de sobrevida mais distintas entre si, comparativamente àqueles operados previamente ao estudo (onde haveria, por exemplo, contaminação do grupo N0 com pacientes N+, N1 por pacientes N2, e assim por diante). Além disso, pacientes subestadiados como N0 não receberiam tratamento adjuvante, tendo menor sobrevida global (SG). OBJETIVOS: Analisar a sobrevida de 5 anos dos pacientes do protocolo (cujas peças foram fixadas em Carnoy) e daqueles operados previamente (peças fixadas em formaldeído). MÉTODOS: Os 50 pacientes do protocolo e os 50 operados previamente ao início deste, tiveram suas curvas de sobrevida por estádio calculadas pelo método de Kaplan-Meier. Os critérios de inclusão foram: adenocarcinoma gástrico, gastrectomia subtotal e linfadenectomia D2. Resultados: Os grupos protocolo e pré-protocolo foram homogêneos, exceto pela média linfonodal (50,3 vs 34,6; p<0.001). Enquanto no grupo protocolo a sobrevida livre de doença (SLD) por status linfonodal foi maior em pacientes pN0, no grupo pré-protocolo os pN1 tiveram maior SLD (inclusive que os pN0). A SLD conforme o estádio patológico foi significativamente diferente entre pacientes do grupo protocolo, mas não nos do grupo pré-protocolo (p=0.006 e p=0.081, respectivamente). A SG nos grupos protocolo e pré-protocolo foi de 74% e 68% (p=0,575), enquanto a SG apenas dos pacientes pN0 foi 92.6% (protocolo) and 78.6% (pré-protocolo). CONCLUSÕES: O resultado observado confirma a hipótese inicial de que o Carnoy, ao possibilitar estadiamento mais preciso, permite curvas de sobrevida mais distintas. Uma coorte maior é necessária para validar estatisticamente a maior sobrevida dos pacientes fixados em Carnoy (fruto da adjuvância indicada em casos que antes eram subestadiados).

 

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Article published online:
23 October 2019