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DOI: 10.1055/s-0045-1807273
Desfechos da gestação em pacientes submetidas à abdominoplastia pós-bariátrica em âncora
Article in several languages: português | EnglishEnsaios Clínicos Não. | Clinical Trials None.
Resumo
Introdução
A obesidade é cada vez mais prevalente na atualidade, com consequente crescimento da realização de cirurgias bariátricas. A abdominoplastia pós-bariátrica em âncora é um procedimento cirúrgico para a melhora do contorno corporal pelo tratamento do excedente de pele e tecido subcutâneo abdominal. Sabe-se que a gravidez é um período no qual ocorre distensão da parede abdominal muscular e cutânea; no entanto, sua interferência nos resultados estéticos da abdominoplastia e os potenciais efeitos desta no processo gestacional são pouco conhecidos.
Materiais e Métodos
Realizamos estudo retrospectivo em que pacientes submetidas a abdominoplastia pós-bariátrica em âncora entre 2012 e 2023 que engravidaram posteriormente tiveram dados de prontuário e registro fotográfico avaliados e responderam a um questionário online.
Resultados
Foram avaliadas sete pacientes, todas submetidas a bypass gástrico. Uma paciente apresentou aborto, e as demais completaram a gestação. Seis pacientes relataram crescimento alterado do abdome na gestação. Cinco tiveram gestações a termo e uma, pré-termo; a via de parto foi cesariana em cinco pacientes e vaginal em uma. Dois recém-nascidos foram considerados pequenos para a idade gestacional. Entre as alterações estéticas houve novas estrias abdominais em cinco pacientes, alargamento da cicatriz em quatro e novo excesso de pele em seis. Houve redução de 8,7 para 5,8 pontos nas pontuações de resultado pré e pós-gestação. Apenas uma paciente referiu resultados inalterados.
Conclusão
Embora os resultados estéticos abdominais tenham sido impactados pela gestação, o grau de comprometimento não foi severo. A gestação e o parto em pacientes submetidas à abdominoplastia pós-bariátrica em âncora não apresentaram aumento de complicações.
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Palavras-chave
abdominoplastia - cirurgia bariátrica - cirurgia plástica - contorno corporal - gravidez - obesidadeIntrodução
A obesidade é uma doença com aumento significativo de prevalência na atualidade. Segundo dados fornecidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS), no ano de 2022, mais de 1 bilhão de pessoas no mundo eram obesas, sendo que 650 milhões eram adultas, 340 milhões, adolescentes, e 39 milhões, crianças. Dessa forma, houve um aumento maciço na realização de cirurgias bariátricas na última década como opção de tratamento para pacientes com obesidade.
A obesidade em mulheres em idade fértil aumentou em todo o mundo nas últimas décadas, e cada vez mais pacientes submetidas à cirurgia bariátrica são mulheres nesta faixa etária.[1] De acordo com um relatório da International Federation of Surgery for Obesity and Metabolic Diseases (IFSO) apresentado em 2019, foram realizados 833.687 procedimentos bariátricos em 61 países, sendo que 77,1% dos pacientes eram do sexo feminino, com idade média de 43 anos. Um estudo-piloto[2] para o registro nacional de dados brasileiros em cirurgia bariátrica, implementado em 7 centros de referência selecionados pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), identificou que 67,2% da amostra eram do sexo feminino, com média de idade de 39 anos. Alguns autores[3] [4] [5] relatam que a cirurgia bariátrica tem um efeito positivo nos desfechos maternos e fetais, pois reduz o risco de diabetes gestacional, doenças hipertensivas gestacionais, prematuridade, macrossomia fetal e complicações maternas durante o parto.
A abdominoplastia pós-cirurgia bariátrica é um procedimento cirúrgico realizado posteriormente à perda maciça de peso, com o objetivo de melhorar o contorno corporal por meio da remoção do excedente de pele e de gordura subcutânea da parede abdominal, além da restauração da integridade musculoaponeurótica, o que ocasiona melhora no bem-estar físico, psicológico e social.[6] [7]
Nesses casos, costuma-se aplicar duas técnicas. A abdominoplastia horizontal convencional permite predominantemente o tratamento da região abaixo da cicatriz umbilical e a plicatura da aponeurose anterior dos músculos retos abdominais na linha média para o tratamento da diástase, quando presente, sendo necessário realizar um amplo descolamento do retalho abdominal, mantendo a cicatriz umbilical aderida ao seu pedículo profundo para posterior transposição.[8] E a abdominoplastia “em âncora”, também conhecida como “em flor de lis”, e mais frequentemente empregada em pacientes após grande emagrecimento, utiliza, além da incisão horizontal, um componente vertical xifopúbico, de modo a realizar o tratamento tanto em sentido vertical quanto latero-lateral, especialmente na região epigástrica. Atualmente, utiliza-se em conjunto com essa abordagem a neoumbilicoplastia, ou seja, descarta-se a cicatriz umbilical original e se realiza a reconstrução umbilical com retalhos cutâneos do remanescente da pele abdominal. Nossa preferência é pela utilização de dois retalhos quadrangulares laterais; a técnica mostrou resultados superiores em termos de formato e aparência do umbigo.[9] [10]
A gravidez é um período no qual ocorre distensão progressiva da parede abdominal com alargamento da linha alba e da aponeurose dos músculos retos abdominais, o que constitui a principal etiologia da flacidez e do excedente cutâneo abdominal tratados cirurgicamente em pacientes não pós-bariátricas. Assim, pacientes que engravidassem após a abdominoplastia poderiam, além de prejuízo quanto aos resultados estéticos, ter comprometida a estabilidade da plicatura da musculatura realizada, o que favoreceria sua distensão ou rompimento, e até mesmo o aparecimento de hérnias epigástrica, incisional ou umbilical,[11] [12] [13] [14] [15] [16] [17] além de nova flacidez e excesso cutâneo.
Por outro lado, a plicatura do músculo reto do abdome pode aumentar a pressão intra-abdominal e, consequentemente, potencialmente diminuir a função pulmonar materna durante a gestação. O aumento da pressão intra-abdominal poderia ainda diminuir a perfusão uterina e, consequentemente, ocasionar restrição de crescimento intrauterino do feto, alterar a dinâmica do trabalho de parto e aumentar o número de cesárias.[18] [19] [20]
Existem poucos trabalhos publicados que relacionam os efeitos da gestação no resultado estético da abdominoplastia, assim como as possíveis consequências materno-fetais durante a gestação causadas pela abdominoplastia: somente duas casuísticas[21] [22] foram publicadas até o momento. Embora uma delas[21] tenha incluído pacientes pós-bariátrica, não houve discriminação quanto ao tipo de procedimento realizado nas abdominoplastias.
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Objetivo
O objetivo deste estudo foi avaliar os impactos da gravidez no resultado estético da parede abdominal das pacientes submetidas previamente à abdominoplastia pós-bariátrica e a ocorrência de complicações materno-fetais.
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Materiais e Métodos
Trata-se de um estudo observacional, retrospectivo e descritivo realizado no Ambulatório de Cirurgia Plástica do Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e na clínica privada do pesquisador principal (DRC).
Foram incluídas pacientes que engravidaram posteriormente à abdominoplastia pós-cirurgia bariátrica, operadas entre 2012 e 2023. Excluíram-se os casos em que houve negativa do consentimento para participação no estudo ou cujos dados não puderam ser coletados de maneira completa.
Após a identificação das pacientes submetidas à abdominoplastia pós-bariátrica em âncora por meio do levantamento do prontuário médico, incluindo documentação fotográfica, realizou-se contato telefônico para a identificação das que haviam engravidado após o procedimento.
Mediante aceitação para participar do estudo, após preencher o termo de consentimento livre e esclarecido, as pacientes foram convidadas a responder a um questionário online na plataforma Google Forms, no qual foram coletados dados relativos a data de nascimento, data do parto, idade gestacional, antecedentes obstétricos e gestacionais, doenças/complicações durante e após a gestação, comorbidades prévias e uso de medicamentos, altura, peso e possíveis doenças do recém-nascido, e a avaliação pessoal quanto ao resultado estético da parede abdominal após a gestação. Foram obtidos dos prontuários dados referentes às cirurgias realizadas (bariátrica e abdominoplastia).
O protocolo do estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp (CAAE: 71036423.4.0000.5404).
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Resultados
Características clínicas das pacientes
Foram identificadas 7 pacientes operadas entre 2012 e 2023 que engravidaram posteriormente à abdominoplastia em âncora pós-cirurgia bariátrica. Todas foram submetidas à gastroplastia redutora com reconstrução em Y de Roux, sendo que em 1 delas optou-se pela colocação do anel gástrico concomitante. A idade média no momento da cirurgia bariátrica foi de 26 anos, e variou entre 20 e 30 anos. O peso médio antes da cirurgia bariátrica foi de 113 kg, com um Índice de Massa Corporal IMC médio de 41,7 kg/m2. Já o peso médio antes da abdominoplastia foi de 68 kg, com perda de peso média de 45 kg no período entre a cirurgia bariátrica e a abdominoplastia. Todas as pacientes operaram o abdome com IMC abaixo de 28 kg/m2, sendo o índice médio de 25,4 kg/m2. O peso atual médio no momento da realização da pesquisa foi de 76 kg, correspondendo a um IMC médio de 28 kg/m2.
Em relação aos antecedentes obstétricos, 6 pacientes eram multigestas, e 1, primigesta. Apenas uma paciente relatou aborto nas gestações anteriores. Apenas 2 pacientes eram tabagistas, e não houve outros achados em relação a hábitos como etilismo ou uso de substâncias ilícitas ([Tabela 1]).
Paciente 1 |
Paciente 2 |
Paciente 3 |
Paciente 4 |
Paciente 5 |
Paciente 6 |
Paciente 7 |
|
---|---|---|---|---|---|---|---|
Idade atual (anos) |
38 |
39 |
39 |
36 |
41 |
31 |
30 |
Hábitos/vícios |
Nenhum |
Tabagismo |
Tabagismo |
Nenhum |
Nenhum |
Nenhum |
Nenhum |
Data da bariátrica |
2013 |
2014 |
2015 |
2013 |
2009 |
2018 |
2014 |
Idade na cirurgia bariátrica (anos) |
28 |
29 |
30 |
26 |
26 |
25 |
20 |
Peso pré-bariátrica (kg) |
100 |
112 |
143 |
113 |
130 |
104 |
95 |
Índice de Massa Corporal pré-barátrica (kg/m2) |
39,1 |
42,7 |
44,6 |
39,6 |
48,9 |
39,6 |
37,6 |
Perda de peso entre a cirurgia bariátrica e a abdominoplastia (kg) |
35 |
42 |
53 |
43 |
75 |
34 |
39 |
Data da abdominoplastia |
2019 |
2019 |
2016 |
2016 |
2012 |
2019 |
2019 |
Peso pré-abdominoplastia (kg) |
65 |
70 |
90 |
70 |
55 |
70 |
56 |
Índice de Massa Corporal pré-abdominoplastia (kg/m2) |
25,5 |
26,7 |
28,1 |
24,5 |
20,7 |
26,7 |
22,2 |
Peso atual (kg) |
75 |
70 |
96 |
75 |
72 |
82 |
65 |
Índice de Massa Corporal atual (kg/m2) |
29 |
26 |
29 |
26 |
27 |
31 |
25 |
Total de gestações |
3 |
4 |
3 |
2 |
1 |
2 |
2 |
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Caracterização do processo gestacional pós-abdominoplastia
O intervalo entre a gestação e a abdominoplastia foi de 4 anos em média, e nenhuma paciente apresentava comorbidade ao engravidar após a abdominoplastia. O peso médio pré-gestação foi de 70 kg, o que corresponde a um IMC médio de 26,7 kg/m2. Uma paciente (paciente 4) evoluiu com aborto com idade gestacional de 12 semanas, eao passo que as demais completaram a gestação. Cinco pacientes apresentaram doenças durante o período gestacional, e uma evoluiu com hérnia inguinal à esquerda com aparecimento ao final da gestação.
Quatro das pacientes referiram dor ou desconforto abdominal durante a gestação, que julgaram diferentes dos percebidos em gestações anteriores. Cinco pacientes, cuja gestação evoluiu a termo, relataram alteração no padrão de crescimento do abdome durante a gestação, sendo que 4 referiram maior aumento de volume de forma atípica na parte superior ([Tabela 2]).
Paciente 1 |
Paciente 2 |
Paciente 3 |
Paciente 4 |
Paciente 5 |
Paciente 6 |
Paciente 7 |
|
---|---|---|---|---|---|---|---|
Tempo entre a abdominoplastia e a gestação (anos) |
4 |
4 |
5 |
5 |
3 |
4 |
5 |
Peso antes da gestação (kg) |
70 |
68 |
95 |
70 |
55 |
80 |
57 |
Índice de Massa Corporal antes da gestação (kg/m2) |
27,3 |
25,9 |
29,6 |
24,5 |
20,7 |
30,5 |
22,5 |
Aborto após a abdominoplastia |
Não |
Não |
Não |
Sim |
Não |
Não |
Não |
Doenças gestacionais |
Anemia gestacional |
Placenta prévia |
Carcinoma uterino |
Nenhuma |
Nenhuma |
Anemia gestacional |
Diabetes gestacional |
Dor/desconforto abdominal durante a gestação |
Sim |
Sim |
Não |
Não se aplica |
Sim |
Sim |
Não |
Hérnia durante a gestação |
Não |
Não |
Não |
Não |
Sim (inguinal esquerda) |
Não |
Não |
Formato diferente no abdome durante a gestação (padrão de crescimento) |
Sim (pouco aumento de volume abdominal) |
Sim (cresceu mais superiormente) |
Sim (cresceu mais superiormente) |
Não se aplica |
Sim (cresceu mais no centro) |
Sim (cresceu mais superiormente) |
Não |
Paciente 1 |
Paciente 2 |
Paciente 3 |
Paciente 5 |
Paciente 6 |
Paciente 7 |
|
---|---|---|---|---|---|---|
Data do nascimento |
25 de fevereiro de 2023 |
17 de abril de 2021 |
15 de outubro de 2021 |
14 de abril de 2015 |
24 de maio de 2023 |
02 de dezembro de 2022 |
Idade gestacional |
38 semanas |
38 semanas |
34 semanas |
39 semanas |
38 semanas |
39 semanas |
Via de parto |
Cesariana |
Cesariana |
Cesariana |
Cesariana |
Cesariana |
Vaginal |
Peso ao nascimento |
2.622 g |
1.820 g |
2.600 g |
3.075 g |
3.660 g |
2.800 g |
Comprimento ao nascer |
45 cm |
41 cm |
48 cm |
48 cm |
47 cm |
42 cm |
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Resultados fetais e do parto da gestação pós-abdominoplastia
Cinco pacientes tiveram gestações a termo, e 1 paciente, pré-termo, sendo que a via de parto em 5 casos foi cesariana, e vaginal somente em 1 caso. Dois recém-nascidos foram considerados pequenos para a idade gestacional, tendo os outros três tamanho adequado para a idade gestacional. Nenhum recém-nascido apresentou alterações patológicas ao nascimento ou durante a gestação.
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Resultados estéticos da parede abdominal pós-gestação
Cinco pacientes apresentaram novas estrias no abdome após a gestação, e 4 referiram alargamento da cicatriz da abdominoplastia. Seis pacientes apresentaram novo excesso de pele no abdome e referiram que o abdome ficou mais expandido para a frente após o período gestacional ([Fig. 1]). Solicitou-se às pacientes que atribuissem uma nota de 0 a 10 aos resultados da abdominoplastia antes e após a gestação. A média pré-gestação foi de 8,7 pontos, e a média após, de 5,8 pontos, uma redução de 2,9 pontos, ou 33,3%. Apenas uma paciente achou que não houve piora nos resultados da abdominoplastia ([Fig. 2]). As [Figs. 3] [4] [5] exemplificam a evolução dos resultados estéticos da parede abdominal, nos casos das pacientes 6 (que relatou piora de 10 para 7 na nota autoatribuída) e 7 (que relatou piora de 10 para 6 na nota autoatribuída). Nenhuma das pacientes foi submetida a nova abdominoplastia após a última gestação.










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Discussão
O aumento da população obesa no Brasil nos últimos anos elevou, por consequência, o número das cirurgias bariátricas realizadas. Dados compilados pela SBCBM apontam que foram realizados 74.738 procedimentos em 2022, sendo que em 2011 esse número foi de 34.629. Além disso, um estudo[2] realizado em 7 centros de cirurgia bariátrica no Brasil, no qual foram incluídos 1.363 procedimentos, mostrou que a maioria das pacientes eram mulheres (67,2%), com idade média de 39 anos. Todas as pacientes incluídas no presente estudo foram submetidas a cirurgia bariátrica em idade fértil, com média de idade de 26 anos.
Devemos observar um número maior de gestantes submetidas previamente a abdominoplastia pós-bariátrica nos próximos anos, e não há estudos que avaliem o grau de satisfação das pacientes que engravidaram posteriormente a esse procedimento quanto aos resultados pós-gestacionais.
Existem poucos artigos científicos publicados na literatura que relacionam os impactos estéticos do pós-operatório da abdominoplastia após a gestação. A abdominoplastia é um procedimento de contorno corporal normalmente realizado devido à flacidez da parede abdominal e, entre as intervenções realizadas, estão especialmente a excisão do excedente de pele e a plicatura da aponeurose para o tratamento da diástase dos músculos retos abdominais. A literatura[6] [7] [8] [23] [24] aponta que a elevação da pressão intra-abdominal durante a gravidez pode comprometer os resultados estéticos e funcionais da abdominoplastia, com evoluição com recidiva do excesso de pele e da diástase da musculatura, abaulamento abdominal, alterações nas cicatrizes e aparecimento de novas estrias.
Segundo Faessen et al.,[25] o tecido fibrótico formado secundariamente ao reparo da diástase do músculo reto do abdome é forte o suficiente para suportar as alterações da pressão intra-abdominal durante a gravidez. No entanto, ainda no período pós-operatório imediato, o tecido fibrótico pode não ser forte o suficiente para suportar a gravidez, sendo que sua maturação estará completa aproximadamente 1 ano após a cirurgia. Além disso, os hormônios liberados durante a gestação promovem a elasticidade dos tecidos, o que ocasiona um alongamento dos outros músculos da parede abdominal (transverso, oblíquo interno e oblíquo externo) e reduz a tensão do músculo reto do abdome. A última etapa do processo de cicatrização fisiológica das feridas é a maturação, que dura aproximadamente de 1 a 2 anos, na qual ocorre o remodelamento das fibras de colágeno e a substituição do colágeno de tipo III para o colágeno de tipo I, o que promove o aumento da força tênsil da cicatriz e a contração da ferida.[26] Todas as pacientes do presente estudo engravidaram com um intervalo maior de 1 ano da abdominoplastia (variação: 3 a 5 anos), e referiram alterações no padrão de crescimento da parede abdminal durante a gravidez, o que pode ser explicado pela maior pressão intra-abdominal, que faz com que a parede abdominal não consiga se expandir centralmente devido à plicatura do músculo reto do abdome realizada na abdominoplastia.
De acordo com Oma et al.,[15] em um estudo descritivo com mais de 20 mil gestantes, 0,08% e 0,12% das mulheres apresentaram hérnias primária ventral e inguinal, respectivamente. Em nosso estudo, apenas uma gestante evoluiu com hérnia inguinal ao final da gestação, o que não sugere uma frequência aumentada, especialmente quando comparado à casuística prévia de gestações pós-abdominoplastia, que encontrou uma frequência de 6,3%.[22] Porém, em função da pequena amostra e da ausência de um grupo de controle, não podemos concluir sobre a incidência de hérnias da parede abdominal após a gestação em pacientes submetidas a abdominoplastia pós-cirurgia bariátrica.
Sagie et al.[22] realizaram um estudo descritivo transversal com 32 pacientes que engravidaram após abdominoplastia, sendo que 15% apresentaram partos prematuros tardios, 1 paciente evoluiu com aborto espontâneo, e 1 paciente, com cesariana de emergência. No presente estudo, cinco pacientes incluídas tiveram a via de parto por cesariana, o que não destoa da incidência global de cesarianas no Brasil, que é de mais de 50% dos partos.[27] Cinco pacientes tiveram gestações a termo, com idade gestacional entre 38 e 39 semanas, e 1 paciente, pré-termo, com idade gestacional de 34 semanas. Dois recém-nascidos foram considerados pequenos para a idade gestacional, sendo que os outros 4 foram considerados com tamanho adequado para a idade gestacional. Nenhum recém-nascido apresentou complicação ao nascimento. A despeito de o pequeno tamanho da amostra não permitir conclusões estatísticas sobre esses dados, as frequências observadas de prematuridade e de recém-nascidos pequenos para a idade gestacional não parece diferir de dados epidemiológicos brasileiros prévios,[28] [29] [30] o que a priori não corrobora as suspeitas de que a abdominoplastia implicaria uma restrição significativa do crescimento intrauterino.
Ainda, segundo Sagie et al.,[22] os resultados estéticos foram comprometidos após a gravidez, como aparecimento de novas estrias em 50% dos casos avaliados, alargamento da cicatriz da abdominoplastia em 28%, novo excesso de pele abdominal em 37%, e abaulamento abdominal em 25%. Duas pacientes realizaram revisão de abdominoplastia após a gestação, e todas referiram algum grau de comprometimento estético após a gestação. No presente estudo, a maioria (n = 6; 85,7%) das pacientes relatou algum grau de comprometimento estético no resultado da abdominoplastia após a gestação ([Fig. 2]), incluindo o aparecimento de estrias, alargamento de cicatriz, recidiva do excesso de pele ou alteração no formato do abdome ([Fig. 1]). A despeito da avaliação realizada pelas pacientes, que em sua quase totalidade referiram alguma piora perceptível dos resultados, não observamos uma piora muito significativa do aspecto geral nos casos em que houve acompanhamento mais longo, ainda havendo melhora importante em relação ao pré-operatório da abdominoplastia ([Figs. 3] [4]). Assim, conclui-se que, apesar das alterações referidas, a maior parte do resultado foi mantida, e nenhuma das pacientes do estudo se sentiu motivada a buscar uma nova intervenção cirúrgica.
Deve-se considerar também, ao se analisar a alteração dos resultados, que todas as pacientes apresentaram aumento de peso durante o período considerado, e progrediram de um IMC médio pré-operatório de 25,4 kg/m2 para 26,7kg/m2 pré-gestação e, finalmente, 28 kg/m2 no momento em que a autoavaliação foi feita, o que corresponde a um aumento médio de peso em todo o período de 8kg. O reganho de peso pode interferir na manutenção dos resultados de cirurgias do contorno corporal, é um fenômeno frequente na população pós-bariátrica,[31] e pacientes pós-bariátrica tendem a apresentar maior ganho de peso do que indivíduos não submetidos a bariátrica após cirurgias do contorno corporal.[32]
É interessante observar os aspectos específicos da abdominoplastia em âncora, quais sejam, o aspecto da cicatriz vertical e o formato do neoumbigo. As alterações da cicatriz umbilical são frequentes após a gestação, e não havia relatos prévios de como a reconstrução umbilical utilizada hoje como padrão na abdominoplastia em âncora evoluiria nesses casos. Nos casos avaliados com comparação fotográfica, houve boa manutenção do diâmetro e do formato do neoumbigo, que não cursou com o alargamento frequentemente observado nos casos de flacidez abdominal pós-gestacional.
Existem poucos estudos na literatura que avaliam a morbidade materna e fetal em gestantes submetidas previamente a abdominoplastia. Os estudos atuais[20] [21] sugerem que a abdominoplastia pode aumentar a frequência de cesariana. Menz[17] relatou 1 caso de gravidez de uma mulher de 37 anos sem intercorrências, submetida a abdominoplastia 3 anos antes, com parto cesárea. Nahas[13] relatou o caso de uma paciente de 25 anos que engravidou após 2 anos da abdominoplastia, que transcorreu sem intercorrências. Wallach[33] descreveu 1 caso de uma mulher de 24 anos, que engravidou 6 meses após a abdominoplastia, e teve o parto por via vaginal sem intercorrências. Nos resultados desta pesquisa, 5 pacientes foram submetidas a cesariana, 1 paciente, ao parto por via vaginal, e 1 paciente evoluiu com aborto espontâneo. As doenças gestacionais relatadas, como anemia gestacional, placenta prévia, diabetes gestacional e carcinoma uterino, não parecem estar relacionadas à abdominoplastia prévia.
Em relação à cirurgia bariátrica, segundo Pajula et al.,[21] os procedimentos bariátricos prévios não aumentaram o risco de parto prematuro ou de baixo peso ao nascer, sendo considerada segura a gravidez após a abdominoplastia. Todavia, os primeiros 12 a 16 meses após a cirurgia bariátrica são um período de perda de peso excessiva e alterações metabólicas importantes, que podem ocasionar deficiências nutricionais, sendo aconselhável esperar 2 anos para uma futura gestação.[34] [35] No presente estudo, incluímos apenas pacientes que engravidaram posteriormente à abdominoplastia realizada após cirurgia bariátrica, com intervalo de tempo superior a 2 anos entre os procedimentos. Dois recém-nascidos foram considerados pequenos para a idade gestacional. Apenas 1 recém-nascido (16%) foi considerado pré-maturo ao nascimento. Acreditamos que a abdominoplastia prévia não tenha relação com a prematuridade, visto que a prevalência de prematuridade no Brasil entre 2011 e 2021 foi de 11%,[28] taxa semelhante à do estudo realizado.
Acreditamos que os resultados obtidos podem ser usados para apoiar pacientes e cirurgiões no processo de decisão de realizar a abdominoplastia pós-bariátrica em âncora com neoumbilicoplastia em pacientes que desejam engravidar posteriormente. Algumas limitações do estudo devem ser, no entanto, mencionadas, como a casuística pequena, sem grupo controle, e o desenho retrospectivo, que, portanto, não permite que se tirem conclusões definitivas, principalmente sobre os desfechos gestacionais em termos de complicações. Embora de difícil execução, estudos prospectivos que comparem os resultados estéticos entre as mulheres que engravidaram após a abdominoplastia ou não e entre gestantes submetidas ou não à cirurgia bariátrica e subsequente abdominoplastia poderiam oferecer conclusões mais precisas.
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Conclusão
Embora os resultados estéticos da abdominoplastia tenham sido impactados pela gestação, o grau de comprometimento não foi intenso. O processo de gestação e parto em pacientes submetidas previamente à abdominoplastia pós-bariátrica em âncora não resultou em aumento de complicações maternas e fetais.
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Conflito de Interesses
Os autores não têm conflito de interesses a declarar.
Contribuições dos Autores
RLR: análise e/ou interpretação de dados, coleta de dados, investigação, metodologia, redação – revisão & edição e visualização; PK: aprovação final do manuscrito, supervisão e visualização; e DRC: análise e/ou interpretação de dados, aprovação final do manuscrito, conceitualização, concepção e desenho do estudo, gerenciamento do projeto, metodologia, redação – preparação do original, Redação – revisão & edição, supervisão, validação e visualização.
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Publication History
Received: 02 September 2024
Accepted: 06 February 2025
Article published online:
30 April 2025
© 2025. The Author(s). This is an open access article published by Thieme under the terms of the Creative Commons Attribution 4.0 International License, permitting copying and reproduction so long as the original work is given appropriate credit (https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/)
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