Apresentação do caso: A pleura é constituída de uma camada contínua de tecido conjuntivo que recobre as
estruturas intratorácicas, dividindo-se em visceral e parietal. A camada parietal
recebe inervação somática de fibras simpáticas e parassimpáticas, através dos nervos
intercostais. Um tumor que tenha origem na bainha nervosa pode ser classificado como
schwannoma, neurofibroma e perineurioma, sendo que tumores híbridos, compostos de
áreas com mais de um tipo histológico (ditos bifásicos) também foram descritos. Em
1910, José Juan Verocay, definiu como entidade o tumor que tipicamente se origina
da bainha de nervo periférico e que cresce dentro de uma cápsula, permanecendo aderido
a este nervo. Pode ocorrer em virtualmente qualquer local do organismo, mas é tipicamente
encontrado em nervos cranianos, além de mediastino e retroperitôneo, raramente em
parede torácica. Neste caso, tipicamente originam-se de nn. intercostais e, mais raramente
ainda, da pleura propriamente dita. Os sintomas devem-se pela localização, tamanho
e efeitos compressivos, que no tórax costumam ser de tosse irritativa, dor pleurítica
e dispnéia. O diagnóstico por imagem é inespecífico com uma massa sólida em exames
de radiografia, tomografia ou ressonância. A confirmação dá-se por anátomo-patológico,
após ressecção cirúrgica, podendo receber complementação por imunoistoquímica, com
positividade típica para a proteína S-100. Apresentamos o caso de um paciente masculino
de 43 anos, militar da ativa da Força Aérea Brasileira, que em exames de radiografias
simples de tórax, realizadas anualmente com finalidade de junta de saúde, nos últimos
cinco anos, evidencia-se lesão sólida periférica em hemitórax esquerdo, com lento
crescimento. A imagem de tomografia sugere origem pleural, sem sinais de linfonodomegalia
mediastinal ou lesão parenquimatosa associada, com tamanho de 4 x 3 cm. Foi submetido
a ressecção por videotoracoscopia, em bloco da lesão com pleura adjacente, congelação
sugerindo neoplasia fusocelular sem atipias. Estudo de parafina em H&E confirma schwannoma
benigno de pleura, com margens livres. O paciente evoluiu satisfatoriamente, sem complicações.
Em revisão da literatura, verificamos que o schwannoma de pleura e de nervos intercostais
é uma entidade rara, com não mais de 30 casos publicados. Seu interesse clínico se
justifica pelo diagnóstico diferencial difícil, pelos exames de imagem, sendo que
podem atingir tumorações volumosas, porém de comportamento absolutamente benigno.