CC BY 4.0 · Rev Bras Ginecol Obstet 2016; 38(01): 027-034
DOI: 10.1055/s-0035-1570111
Original Article

Avaliação nutricional de gestantes sob acompanhamento em serviços de pré-natal distintos: a região metropolitana e o ambiente rural

Nutritional Status of Pregnant Women under Monitoring in Pre Distinct Prenatal Services: The Metropolitan Area and the Rural Environment
Caroline San Severino Teixeira
1   Programa de Pós-Graduação em Saúde da Mulher (Mestrado) da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil
,
Antônio Carlos Vieira Cabral
2   Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil
› Author Affiliations

Resumo

Objetivo Verificar diferenças em alguns aspectos nutricionais de gestantes acompanhadas em serviço de atenção pré-natal em uma cidade do interior e na região metropolitana.

Métodos Foram avaliadas gestantes em atendimento pré-natal na cidade de Belo Horizonte (BH), região metropolitana, e Paula Cândido (PC), interior de MG. Aplicou-se um Questionário de Frequência Alimentar (QFA) contendo informações socioeconômicas e sobre o hábito alimentar, além disso, foram aferidos peso e altura no momento do atendimento e questionado o peso pré-gestacional, para posterior cálculo do IMC (índice de massa corpórea). A análise dos dados foi dividida por região e trimestre gestacional, utilizando o software SPSS versão 15.0, teste t para comparação de médias e qui-quadrado de independência, com 5% de significância.

Resultados Foram incluídas 240 gestantes, sendo 90 do interior e 150 da região metropolitana. Destas, a maioria são casadas (BH = 56,6%; PC = 46,6%), não trabalham fora de casa (BH = 54,6%; PC = 84,4%), predominantemente se alimentam 3 a 4 vezes ao dia no 1° e 2° trimestre (BH = 54,0 e 46,0%; PC = 66,7 e 63,3%, respectivamente) e fazem 5 a 6 refeições ao dia no 3° trimestre em BH (44%). Houve ganho de peso significativo somente no 1° trimestre (BH: 58,0%; PC: 53,33%). Ganho de peso versus hábito alimentar foi significativo para as variáveis “almoça ou janta fora de casa,” no 1° trimestre BH (p = 0,006); “quantas vezes consome leite,” no 1° trimestre PC(p = 0,03); “quantas vezes consome fastfood,” no 3° trimestre BH (p = 0,009).

Conclusões As gestantes em ambas regiões se alimentam de forma adequada, apesar da prevalência de sobrepeso pré-gestacional em BH e baixo nível de escolaridade e renda, principalmente no interior, indicador que pode ser pouco favorável à nutrição das gestantes neste período. Estudos de associação entre hábito alimentar e saúde do recém-nascido irão contribuir para maiores informações sobre a nutrição no período gestacional.

Abstract

Objective To determine differences in some nutritional aspects of pregnant women assisted at prenatal care services in a country town and in a metropolitan area.

Methods Pregnant women received prenatal care in the city of Belo Horizonte (BH), metropolitan area, and Paula Cândido (PC), a country town. A Food Frequency Questionnaire (FFQ) containing socioeconomic information and information about eating habits was applied. In addition,weight and height were measured on the occasion of the visits and the women were ask to give their prepregnancy weight for subsequent BMI calculation. Data were analyzed according to region and trimester of pregnancy using the SPSS software version 15.0, the t-test to compare averages and the chi-square test of independence, with the level of significance set at 5%.

Results 240 pregnant women were included, 90 from the country town and 150 from the metropolitan area. Of these, most were married (BH = 56.6%; PC = 46.6%) and did not work outside the home (BH = 54.0%; PC = 84.4%). They predominantly had 3–4 meals/ day during the 1st and 2nd quarters (BH = 54.0 and 46%; PC = 66.7 and 63.3%, respectively) and had 5–6 meals/day during Q3 in BH (44%). There was significant weight gain only in the 1st quarter (BH: 58,0%; PC: 53.3%). Weight gain versus eating habits was significant for the variables “lunch or dinner away from home” for the 1st quarter in BH (p = 0.006), “How many times they consume milk” in the 1 st quarter in PC (p = 0.03), and “How many times they consume junk food” in the 3rd quarter in BH (p = 0.009).

Conclusions Pregnant woman showed proper eating habits in both regions despite the prevalence of pregestational overweight in BH and a low level of education and income, especially in the country town, an indicator that may be unfavorable for the nutrition of pregnant women during this period. Studies of association between eating habits and newborn health will provide more information about nutrition during pregnancy.



Publication History

Received: 14 May 2015

Accepted: 19 October 2015

Publication Date:
30 December 2015 (online)

© 2016. Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. This is an open access article published by Thieme under the terms of the Creative Commons Attribution License, permitting unrestricted use, distribution, and reproduction so long as the original work is properly cited. (https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/)

Thieme Revinter Publicações Ltda.
Rua do Matoso 170, Rio de Janeiro, RJ, CEP 20270-135, Brazil

 
  • Referências

  • 1 U.S. Department of Health and Human Services. U.S. Department of Agriculture [Internet]. Dietary guidelines for Americans, 2005. Washington (DC): U.S. Government Printing Office; 2005 [cited 2015 Mar 12]. Available from: <http://health.gov/dietaryguidelines/dga2005/document/pdf/DGA2005.pdf>
  • 2 Demetrio F. Pirâmide alimentar para gestantes eutróficas de 19 a 30 anos. Rev Nutr 2010; 23 (05) 763-778
  • 3 Kowal C, Kuk J, Tamim H. Characteristics of weight gain in pregnancy among Canadian women. Matern Child Health J 2012; 16 (03) 668-676
  • 4 Padilha PC, Saunders C, Machado RCM. et al. [Association between pre-gestational nutritional status and prediction of the risk of adverse pregnancy outcome]. Rev Bras Ginecol Obstet 2007; 29 (10) 511-518
  • 5 Nomura RMY, Paiva LV, Costa VN, Liao AW, Zugaib M. [Influence of maternal nutritional status, weight gain and energy intake on fetal growth in high-risk pregnancies]. Rev Bras Ginecol Obstet 2012; 34 (03) 107-112 Portuguese.
  • 6 Konno SC, Benicio D' Aquino MH, Barros AJD. Fatores associados à evolução ponderal de gestantes: uma análise multinível. Rev Saude Publica 2007; 41 (06) 995-1002
  • 7 Phelan S, Phipps MG, Abrams B, Darroch F, Schaffner A, Wing RR. Randomized trial of a behavioral intervention to prevent excessive gestational weight gain: the Fit for Delivery Study. Am J Clin Nutr 2011; 93 (04) 772-779
  • 8 Cade J, Thompson R, Burley V, Warm D. Development, validation and utilisation of food-frequency questionnaires - a review. Public Health Nutr 2002; 5 (04) 567-587
  • 9 Pinto E, Severo M, Correia S, dos Santos Silva I, Lopes C, Barros H. Validity and reproducibility of a semi-quantitative food frequency questionnaire for use among Portuguese pregnant women. Matern Child Nutr 2010; 6 (02) 105-119
  • 10 Slater B, Philippi ST, Marchioni DML, Fisberg RM. Validação de Questionários de Frequência Alimentar - QFA: considerações metodológicas. Rev Bras Epidemiol 2003; 6 (03) 200-208
  • 11 Giacomello A, Schmidt MI, Nunes MAA. et al. Validação relativa de Questionário de Frequência Alimentar em gestantes usuárias de serviços do Sistema Único de Saúde em dois municípios no Rio Grande do Sul, Brasil. Rev Bras Saude Mater Infant 2008; 8 (04) 445-454
  • 12 National Academy of Science. Institute of Medicine. Nutrition during pregnancy: Part I: weight gain, Part II: nutrient supplements. Washington (DC): National Academies Press; 1990
  • 13 Parizzi MR, Fonseca JGM. Nutrição na gravidez e na lactação. Rev Med Minas Gerais 2010; 20 (03) 341-353
  • 14 Gonçalves CV, Mendoza-Sassi RA, Cesar JA, de Castro NB, Bortolomedi AP. [Body mass index and gestational weight gain as factors predicting complications and pregnancy outcome]. Rev Bras Ginecol Obstet 2012; 34 (07) 304-309
  • 15 Gunderson EP, Murtaugh MA, Lewis CE, Quesenberry CP, West DS, Sidney S. Excess gains in weight and waist circumference associated with childbearing: The Coronary Artery Risk Development in Young Adults Study (CARDIA). Int J Obes Relat Metab Disord 2004; 28 (04) 525-535
  • 16 Stulbach TE, Benício MHD, Andreazza R, Kono S. Determinantes do ganho ponderal excessivo durante a gestação em serviço público de pré-natal de baixo risco. Rev Bras Epidemiol 2007; 10 (01) 99-108
  • 17 Drehmer M, Camey S, Schmidt MI. et al. Socioeconomic, demographic and nutritional factors associated with maternal weight gain in general practices in Southern Brazil. Cad Saude Publica 2010; 26 (05) 1024-1034
  • 18 Monteiro CA, Mondini L, Costa RBL. Mudanças na composição e adequação nutricional da dieta familiar nas áreas metropolitanas do Brasil entre 1988 e 1996. In: Monteiro CA. organizador. Velhos e novos males da saúde no Brasil: a evolução do país e de suas doenças. 2a ed. São Paulo: Hucitec; 2000: 359-74
  • 19 Brasil. Ministério da saúde. Secretaria de Políticas Públicas. Departamento de Gestão de Políticas Estratégicas. Área Técnica de Saúde da Mulher. Gestação de alto risco: manual técnico. 3a ed.. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2000
  • 20 Andreto LM, de Souza AI, Figueiroa JN, Cabral-Filho JE. Fatores associados ao ganho ponderal excessivo em gestantes atendidas em um serviço público de pré-natal na cidade de Recife, Pernambuco, Brasil. Cad Saude Publica 2006; 22 (11) 2401-2409
  • 21 Accioly E, Saunders C, Lacerda EMA. Nutrição em obstetrícia e pediatria. 2a ed. Rio de Janeiro: Cultura Médica/Guanabara Koogan; 2010
  • 22 Reticena KO, Mendonça FF. Perfil alimentar de gestantes atendidas em um hospital da região noroeste do Paraná. UNOPAR Cient Ciênc Biol Saúde 2012; 14 (02) 99-104
  • 23 Waijers PM, Feskens EJ, Ocké MC. A critical review of predefined diet quality scores. Br J Nutr 2007; 97 (02) 219-231
  • 24 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Coordenação-Geral da Política de Alimentação e Nutrição. Guia alimentar para a população brasileira: promovendo a alimentação saudável. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2005
  • 25 Lange NE, Rifas-Shiman SL, Camargo Jr CA, Gold DR, Gillman MW, Litonjua AA. Maternal dietary pattern during pregnancy is not associated with recurrent wheeze in children. J Allergy Clin Immunol 2010; 126 (02) 250-255 , 255.e1–255.e4
  • 26 Musselman JR, Jurek AM, Johnson KJ. et al. Maternal dietary patterns during early pregnancy and the odds of childhood germ cell tumors: A Children's Oncology Group study. Am J Epidemiol 2011; 173 (03) 282-291
  • 27 McGowan CA, McAuliffe FM. Maternal dietary patterns and associated nutrient intakes during each trimester of pregnancy. Public Health Nutr 2013; 16 (01) 97-107
  • 28 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [Internet]. Pesquisa de orçamentos familiares 2008–2009: antropometria de crianças, adolescentes e adultos no Brasil. Rio de Janeiro: IBGE; 2010 [cited 2015 Apr 2]. Available at: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/pof/2008_2009_encaa/pof_20082009_encaa.pdf
  • 29 Brasil. Ministério da Saúde. Secretária de Atenção a Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia alimentar da população brasileira: promovendo a alimentação saudável. Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2006
  • 30 Belarmino GO, Moura ERF, Oliveira NC, Freitas GL. Risco nutricional entre gestantes adolescentes. Acta Paul Enferm 2009; 22 (02) 169-175