CC BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2008; 27(01): 01-06
DOI: 10.1055/s-0038-1625523
Artigos Originais
Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Neurorrafia hemiipoglosso-facial após dissecção intratemporal do nervo facial: análise retrospectiva de 13 pacientes

Hemihypoglossal-facial neurorrhaphy after intratemporal dissection of facial nerve: retrospective analysis of 13 patients
Roberto S. Martins
,
Mario G. Siqueira
Further Information

Publication History

Publication Date:
11 January 2018 (online)

Resumo

Introdução: Apesar de a neurorrafia hipoglosso-facial ser considerada uma técnica efetiva para o tratamento da paralisia facial após uma lesão proximal do nervo facial, a freqüente atrofia da hemilíngua no pós-operatório conseqüente à secção completa do nervo hipoglosso é uma complicação muitas vezes incapacitante. Uma das técnicas utilizadas para evitar essa complicação é a neurorrafia hemiipoglosso-facial. Nessa técnica, o nervo facial é dissecado no seu canal, seccionado, deslocado caudalmente e suturado com metade do nervo hipoglosso na região cervical. Objetivo: Analisar retrospectivamente os resultados da técnica de neurorrafia hemiipoglosso-facial em 13 pacientes. Método: Os resultados foram avaliados por meio da classificação da paralisia facial na escala de House-Brackmann. Resultados: A idade média dos pacientes foi de 42,2 anos e a cirurgia foi realizada no período médio de 6,8 meses após a lesão do nervo facial. Em todos os pacientes, a paralisia era completa. A maioria dos pacientes (70%) apresentou melhora significativa da paralisia facial, de completa para graus II e III. Nenhum paciente apresentou sintomas relacionados à disfunção da hemilíngua. Uma correlação positiva foi identificada entre a idade e o resultado (p < 0,05) e entre o tempo da lesão até a cirurgia e o resultado final (p < 0,05). Conclusões: Concluímos que a neurorrafia hemiipoglosso-facial apresenta bons resultados funcionais, sem complicações significativas. Recomenda-se que a cirurgia seja realizada em um menor tempo possível após a lesão confirmada do nervo facial.

Abstract

Background: The hypoglossal-facial neurorrhaphy has been an effective surgical procedure for reanimation of paralyzed facial muscles after an irreparable injury of the proximal facial nerve. In spite of good results obtained through this technique, the tongue dysfunction after total section of hypoglossal nerve may be quite disturbing. To avoid this complication some authors have been using a hemyhypoglossal-facial neurorrhaphy. This technique involves mobilization of the intratemporal portion of facial nerve with its proximal section allowing caudal dislocation and suture without tension with half of the sectioned hypoglossal nerve. Objective: To evaluate retrospectively the results of this technique in 13 patients. Method: The outcome was evaluated by grading the facial paralysis by House-Brackmann scale. Results: By the time of surgery the average age was 42.2 years and the delay between nerve injury and nerve transfer was 6.8 months. All patients had complete facial paralysis previous to surgery. In 70% of patients there was a good return of facial nerve function, improved from grade VI to grade II or III. There was no subjective tongue dysfunction. A significant correlation was identified between age and final outcome (p < 0.05) and between surgery delay and results (p < 0.05). Conclusions: Good results in facial reanimation can be obtained with the hemyhypolglossal-facial neurorrhaphy with low morbidity. We recommended that this technique should be applied as soon as possible after confirmed facial nerve injury.

1Grupo de Cirurgia do Sistema Nervoso Periférico, Disciplina de Neurocirurgia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. São Paulo, SP.


2Grupo de Cirurgia do Sistema Nervoso Periférico, Serviço de Neurocirurgia do Hospital Santa Marcelina. São Paulo, SP.