CC-BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2010; 29(01): 14-17
DOI: 10.1055/s-0038-1625581
Artigos Originais
Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Aspectos clínicos e epidemiológicos da cefaleia pós-traumática crônica

Clinical and epidemiological aspects of chronic post-traumatic headache
Rodrigo Antônio Rocha da Cruz Adry
,
Catarina Couras Lins
,
Marcio Cesar de Mello Brandão
Further Information

Publication History

Publication Date:
11 January 2018 (online)

Resumo

Contexto: Existem muitas controvérsias acerca da patogênese da cefaleia pós-traumática, se vem de alterações orgânicas devidas a um trauma cranioencefálico ou se os acometidos dessa condição buscam um ganho secundário. Objetivo: Descrever os aspectos clínicos e epidemiológicos da cefaleia pós-traumática crônica (CPTC) em pacientes atendidos em dois hospitais de referência de Salvador, BA. Métodos: Foram estudados 33 pacientes que preencheram os critérios estabelecidos para CPTC. Resultados: Seis por cento apresentaram frequência de cefaleia inferior a 1 dia por mês; 49% apresentaram frequência de 1 a 7 dias por mês; 30%, de 8 a 14 dias por mês; 6%, por mais de 14 dias por mês, e 9% apresentaram cefaleia diariamente. Quanto à intensidade, 3% dos pacientes classificaram a cefaleia como leve, 30% como moderada e 67% como grave. Vinte e sete por cento caracterizaram sua cefaleia como “em pressão”, 61% como “pulsátil” e 12% como “em pontada”. O diagnóstico da CPTC foi migrânea em 79% dos pacientes e cefaleia tensional em 21% dos pacientes. Conclusão: A maior prevalência de migrânea nesses pacientes se deve ao fato de o trabalho ter sido realizado em um dos centros especializados. A uniformidade do padrão manifestado de cefaleia e a média de idade do aparecimento da cefaleia também falam a favor de uma causa orgânica para a CPTC, entretanto faz-se necessária a realização de estudos experimentais que possam comprovar essa teoria analisando os pacientes mais graves para reforçar a hipótese orgânica para origem da CPTC.

Abstract

Background: Current data describes 75% to 85% of chronic post-traumatic headaches (CPTH) have a clinical presentation of tension-type headache. Pathogenesis of post-traumatic headache has been controversial; is it an organic secondary lesion due to head trauma or is simulated on aim of a secondary gain. Objective: To describe the clinical and epidemiological aspects of CPTH in two headache centers in Salvador city (Bahia, Brazil). Method: We studied 33 patients that fulfilled the established criteria for CPTH. Results: The frequency of headache was less than 1 day/month in 6% of the patients, 1 to 7 days/month in 49%, 8 to 14 days/month in 30%, more than 14 days/month in 6% and 9% had daily headache. Intensity was analyzed and 3% of the patients referred mild headache, 30% moderate and 67% referred severe headache. Twenty-seven per cent characterized the headache as “pressing”, 61% as “pulsating” and 12% referred the pain manifesting like “sharp”. Migraine type was diagnosed in 79% of the patients and tension-type headache in 21%. Conclusion: A high prevalence of migraine may be explained by the recruitment of more severe patients in specialized centers and it supports the hypothesis of an organic pathogenesis for the CPTH. The uniformity of the pattern of headache and the average age of onset of headache also suggest an organic cause for the CPT, however it is necessary to perform experimental studies that can prove this theory.

1Serviço de Neurologia e Neurocirurgia do Hospital Geral Roberto Santos e Hospital Geral do Estado, Salvador, BA.


2Acadêmica de Medicina da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Salvador, BA.


3Chefe do Serviço de Neurologia e Neurocirurgia do Hospital Geral Roberto Santos e Hospital Geral do Estado, Salvador, BA.