CC BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2012; 31(04): 207-218
DOI: 10.1055/s-0038-1625710
Artigos Originais
Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Considerações hidrodinâmicas sobre a derivação liquórica V: alterações nos dimensionamentos originais do sistema valvular no momento do implante alteram suas características hidrodinâmicas e induzem a erros de avaliação clínica pelo neurocirurgião

Modifications in catheter dimensions upon shunt implantation – Revision affect shunt hydrodynamic profile and clinical judgment
Ítalo Capraro Suriano
,
Ângelo Luiz Maset
,
Thamires Arruda Fontolan
,
Ruy Monteiro
,
José Ricardo Camilo Pinto
,
José Ricardo Andrade
,
Diogo Gonçalves Freitas
,
Thiago Pereira Rodrigues
,
Daniel Araújo Paz
,
Sérgio Cavalheiro
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Publication Date:
11 January 2018 (online)

Resumo

Objetivo: Averiguar se as características hidrodinâmicas das válvulas se alteram significativamente quando os dimensionamentos originais são violados e a possível repercussão clínica desse fato. Métodos: Foi utilizada uma bancada de testes automatizada, conforme a norma ISO 7197. Um sistema valvular foi testado inicialmente com os componentes preconizados e embalados originalmente com o produto. A seguir, substituiu-se o cateter peritoneal original por diversos dimensionamentos encontrados no mercado nacional. Nos testes para a avaliação da influência do diâmetro do cateter no escoamento, foi utilizado sempre o mesmo comprimento original do cateter. Aplicou-se o mesmo raciocínio lógico para a análise do comprimento do cateter. Nove perfis hidrodinâmicos foram obtidos para as diferentes montagens valvulares. Resultados: Diminuições imperceptíveis no diâmetro do cateter peritoneal alteraram o perfil hidrodinâmico do sistema valvular testado. Alterações de 0,1 mm no diâmetro de um cateter peritoneal aumentaram o efeito resistivo do sistema valvular suficientemente para que ele funcionasse fora do perfil hidrodinâmico preconizado; o efeito resistivo se acentuou conforme o diâmetro diminuiu, e vice-versa. A diminuição do comprimento do cateter também influenciou significativamente no desempenho hidráulico da válvula, de um regime inicial de alta pressão para um regime de média pressão. Conclusão: Alterações de dimensionamento em cateteres peritoneais trazem complicações para o paciente e desorientam o julgamento clínico do neurocirurgião no período pós-implante, pois o sistema valvular funcionará em regime hidráulico fora do especificado, e o raciocínio lógico do neurocirurgião também se torna comprometido. Esse fato pode ser crítico principalmente em crianças e neonatos. Não foram identificados relatos desse fato na literatura que antecede esta apresentação.

Abstract

Objective: Check if the hydrodynamic characteristics of the valves change significantly when the original sizing are violated, and the possible clinical consequences of this fact. Methods: One shunt system was randomly submitted to hydraulic forces in a bench test according to ISO 7197, for 50, 40, 30, 20, 10 and 5 ml/h flow, in six sequential tests, and each sequential test was repeated 7 times. Results are the mean flow for the 7 events. Maintaining original peritoneal length of 1,200 mm, data were collected for i.d. catheter diameters of 1,5, 1,2, 1,1, and 1,0 mm. Maintaining original i.d., peritoneal catheter length was sequentially cut and tested every 10 cm down to 600 mm. Results: Changes in the order of 0,1 mm in catheter inner diameter changes the hydrodynamic profile of the shunt system. Cutting a peritoneal catheter by also changes its original hydrodynamic profile. Shunt will perform in a lower pressure setting from originally specified. Conclusion: Cutting peritoneal catheters upon implantation or revisions is a fact, especially in pediatric patients. Depending on the cutting length of the peritoneal catheter, the shunt system implanted will not perform according the its specifications, being a lower resistance shunt than preconized by the manufacturer, and the neurosurgeon may have misjudgments whenever the patient requires care for shunt malfunction.

1Neurocirurgião, coordenador do PSNcr HSP da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), São Paulo, SP, Brasil.


2Neurocirurgião da Sociedade Beneficência Portuguesa de São José do Rio Preto, São José do Rio Preto, SP, Brasil.


3Física biológica do Departamento de Hidrodinâmica de Ventura Biomédica Ltda., São José do Rio Preto, SP, Brasil.


4Neurocirurgião, chefe de Serviço do Hospital Municipal Miguel Couto, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.


5Engenheiro mecânico do Departamento de Hidrodinâmica de Ventura Biomédica Ltda., São José do Rio Preto, SP, Brasil.


6Técnico do Departamento de Hidrodinâmica de Ventura Biomédica Ltda., São José do Rio Preto, SP, Brasil.


7Médico-residente do Hospital Municipal Miguel Couto, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.


8Médico-residente da Escola Paulista de Medicina da Unifesp, São Paulo, SP, Brasil.


9Professor titular de Neurocirurgia da Escola Paulista de Medicina da Unifesp, São Paulo, SP, Brasil.