CC BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2018; 37(S 01): S1-S332
DOI: 10.1055/s-0038-1672398
Oral Presentation – Vascular
Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Tratamento cirúrgico de aneurismas intracranianos rotos: tempo para tratamento e desfecho

Júlio César de Almeida
1   Santa Casa de Belo Horizonte
,
Danilo Malta Batista
1   Santa Casa de Belo Horizonte
,
Renata Ferreira de Souza
1   Santa Casa de Belo Horizonte
,
Renato Rinco Fontoura
1   Santa Casa de Belo Horizonte
,
Breno Bezerra Arruda Câmara
1   Santa Casa de Belo Horizonte
,
Marco Aurélio Couto
1   Santa Casa de Belo Horizonte
,
Wilson Faglioni Júnior
1   Santa Casa de Belo Horizonte
,
Marcos Antônio Dellaretti Filho
1   Santa Casa de Belo Horizonte
› Author Affiliations
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Publication History

Publication Date:
06 September 2018 (online)

 

Introdução: Pacientes com aneurisma intracraniano roto devem receber tratamento o mais breve possível, idealmente nos primeiros 3 dias pós-hemorragia. Todavia, em países como o Brasil, frequentemente esses pacientes não são admitidos em centros de referência durante esse período, criando controvérsias sobre o momento ideal para a cirurgia.

Objetivo: Avaliar as associações entre o momento do tratamento e os desfechos de pacientes submetidos à cirurgia para clipagem de aneurismas intracranianos rotos.

Métodos: Investigação retrospectiva de 218 pacientes, com 251 aneurismas rotos da circulação anterior, submetidos à clipagem em um hospital de referência em neurocirurgia vascular do Sistema Único de Saúde de Belo Horizonte, entre abril de 2008 e setembro de 2016. Todos os pacientes foram tratados no dia da admissão hospitalar. Os aneurismas foram agrupados segundo tamanho e topografia da artéria de origem. Quanto ao tempo de tratamento pós-hemorragia, os pacientes foram divididos em cirurgia precoce (1° e 2° dias), intermediária (3° a 10° dias) e tardia (após o 10° dia). O estado clínico pós-hemorragia na admissão hospitalar foi avaliado pela escala de Hunt e Hess, e os desfechos na alta pela escala de Rankin modificada e taxa de mortalidade.

Resultados: A amostra estudada apresentou uma média de idade de 50 anos, com predomínio de mulheres (71%), pacientes submetidos a cirurgias tardias (55%) e aneurismas de carótida interna (35%) de tamanho inferior a 12 mm (55%). A mortalidade global foi de 15%, sendo sexo masculino, bom estado clínico à admissão e aneurismas de tamanho inferior a 12 mm relacionados a menor mortalidade. Dos 132 pacientes admitidos com bom estado clínico (HH ≤ II), 19 (14%) apresentaram desfechos ruins (mRS ≥ 3), com uma taxa de mortalidade de 7%. Em 86 pacientes admitidos com pobre estado clínico (HH ≥ III), 50 (58%) apresentaram desfechos ruins, com taxa de mortalidade de 28%. Não foram verificadas relações estatisticamente significativas entre o momento da cirurgia e um desfecho desfavorável ou mortalidade, mesmo classificando os pacientes de acordo com a localização do aneurisma e seu estado clínico na admissão.

Conclusão: Não foram demonstradas associações estatisticamente significativas entre mortalidade ou desfecho desfavorável e o momento da cirurgia após a hemorragia. Considerando os riscos de um novo sangramento e a permanência hospitalar, o tratamento cirúrgico deve ser considerado o mais rapidamente possível em pacientes com aneurismas rotos.