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DOI: 10.1055/s-0038-1672568
Manifestações reumáticas do diabetes melito e síndrome de Forestier: relato de caso e revisão da literatura
Publication History
Publication Date:
06 September 2018 (online)
Introdução: A hiperostose esquelética idiopática difusa (DISH), também denominada de doença de Forestier, é uma doença sistêmica do foro reumático cuja etiologia ainda permanece obscura. A DISH é caracterizada pela presença de ossificação exuberante do ligamento vertebral comum anterior e pela ossificação de enteses extra-raquidianas.
Objetivo: Os autores reportam um caso de diabetes melitus (DM) descompensado associado a doença de Forestier, assim como revisão da literatura sobre a avaliação radiológica, aspectos clínicos da doença e o diagnóstico diferencial.
Apresentação clínica: Paciente do sexo masculino, 60 anos, foi encaminhado para nosso serviço com quadro de cervicalgia e lombalgia mecânicas associado dor em região do quadril e comprometimento funcional progressivo do membro superior direito (MSD) há 15 anos. Nos antecedentes clínicos, foi evidenciado presença de tratamento irregular de DM há 17 anos e exames de glicemia do último mês evidenciram glicemia de 161 mg/dl e hemoglobina glicada de 8,1%. Ao exame físico foi evidenciado presença de teste de Patrick-Fabere positivo bilateralmente em quadril; Manobras de Lasegue e Kerning negativas; manobras de Tinel, Fallen, Filkenstein negativos, presença de limitação na abdução de MSD. Ao estudo por tomografia computadorizada de crânio, evidenciou-se a presença de espondiloartropatia degenerativa difusa cervical e lombar, osteófitos marginais nos corpos vertebrais associados a ossificações flutuanetes anteriores à mais de quatro corpos vertebrais dorsais e calcificação do ligamento longitudinal posterior cervical causando discreta estenose de canal cervical. Ao estudo por termografia, evidenciou-se a presença de sinais sugestivos de síndrome do ombro congelado por capsulite adesiva em MSD. Mediante os achados foi adotado o diagnóstico de doença de Forestier associado a conduta de manejo clínico sintomático e encaminhado para endocrinologia para controle rigoroso de DM.
Discussão/Conclusão: A potencial associação entre o DM e o desenvolvimento da osteoartropatia ainda permanece pouco elucidado, sendo necessários estudos de coorte prospectivos e de grande porte para elucidação etiológica, terapêutica e prognóstica. No nível molecular, estudos adicionais são necessários para esclarecer a contribuição potencial dos produtos de glicosilação e adipocinas para o desenvolvimento da osteoartropatia e síndromes musculoesqueléticas diabéticas, como capsulite adesiva de ombro e tenossinovite flexora estenosante.