CC BY-NC-ND 4.0 · Arquivos Brasileiros de Neurocirurgia: Brazilian Neurosurgery 2018; 37(S 01): S1-S332
DOI: 10.1055/s-0038-1672588
E-Poster – Spine
Thieme Revinter Publicações Ltda Rio de Janeiro, Brazil

Material de fusão de artrodese cervical anterior solto é de tratamento cirúrgico?

P. M. C. Barroso
1   Biocor Instituto
,
F. L. R. Dantas
1   Biocor Instituto
,
F. Dantas
1   Biocor Instituto
,
G. A. F. Filho
1   Biocor Instituto
,
R. Z. Darwich
1   Biocor Instituto
,
Y. Hon
1   Biocor Instituto
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Publication Date:
06 September 2018 (online)

 

Introdução: A instrumentação cirúrgica nos traumas cervicais com instabilidade biomecânica é uma indicação clássica na propedêutica neurocirúrgica. O seguimento clínico ambulatorial periódico dos pacientes abordados com instrumentação cirúrgica torna-se, então, fundamental para o controle da fusão e diagnóstico de possíveis complicações como o pull-out dos parafusos.

Materiais e métodos: Relato de caso de um paciente abordado cirurgicamente para retirada de parafuso de cervical anterior que havia sofrido pull-out.

Caso clínico: A.A.S., 42 anos, masculino, com história de acidente automobilístico em 1996, submetido à artrodese cervical C4–T1. Permaneceu com quadro neurológico sequelar de tetraplegia (nível motor em C6), clônus inesgotável e retenção urinária. Em seguimento ambulatorial diagnosticado em controle radiológico de rotina, pull-out completo do parafuso de T1. Internado eletivamente para retirada do material de fusão devido ao risco de lesão das estruturas nobres do percoço. No pré-operatório, foi observado que o parafuso estava aderido em grandes vasos cervicais e evoluiu com discreta hemorragia consequente à manipulação cirúrgica. Optado por interromper o procedimento cirúrgico e encaminhar o paciente à hemodinâmica para realização angiografia arterial dos vasos cervicais. Constatado íntima relação do parafuso com artéria subclávia e vertebral direita, o que tornou sua retirada cirúrgica inviável devido ao risco-benefício cirúrgico. No pós-operatório, ainda internado, o paciente evoluiu com hematoma cervical sintomático com dispneia. Encaminhado à Hemodinâmica de urgência, onde foi diagnosticado pseudoaneurisma na artéria vertebral direita que nesse contexto teve a oclusão com molas e stent revestido na artéria subclávia direita como a melhor opção terapêutica, devido ao alto risco de novo sangramento arterial cervical.

Resultados: Paciente evoluiu satisfatoriamente, sem progressão de déficit neurológico. Optado por não reabordar o parafuso remanescente e manter seguimento ambulatorial periódico.

Conclusão: A instrumentação cirúrgica via artrodese cervical anterior é feita rotineiramente e uma possível complicação é a pseudoartrose com pull-out de material. Assim, o seguimento ambulatorial é fundamental e cada caso deve ser cuidadosamente avaliado em sua individualidade, sempre pesando o risco benefício do ato cirúrgico.