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DOI: 10.1055/s-0038-1672626
Terapia com morfina intratecal para espasticidade
Publication History
Publication Date:
06 September 2018 (online)
Introdução: A terapia intratecal de baclofeno é um tratamento bem estabelecido e muito eficaz para o tratamento a longo prazo da espasticidade de diversas etiologias. No Brasil, o baclofeno intratecal não está facilmente disponível devido ao seu alto custo. Assim, a morfina intratecal tem sido utilizada para tratamento da espasticidade em pacientes selecionados, com boa resposta tanto na dor quanto na espasticidade.
Objetivo: A proposta deste estudo é avaliar a eficácia e eficiência da terapia com morfina intratecal para tratamento de espasticidade.
Métodos: Nove pacientes com espasticidade de diversas etiologias, refratários ao tratamento medicamentoso oral foram submetidos ao implante de bomba de morfina para infusão intratecal. A dor foi analisada com Escala Verbal Numérica (EVN); Espasticidade com Escala de Ashworth Modificada (MAS) e Espasmos com Escala de Penn, além da impressão de melhora do paciente.
Resultados: As etiologias da espasticidade: TRM em 4 pacientes, TU medular em 1, doença desmielinizante em 2 e paralisia cerebral em 2. A dose de morfina utilizada variou de 0,4 mg/dia até 2,6 mg/dia, utilizadas em fluxo contínuo ou dose flexível com bolus diários. Complicações observadas: Houve um caso de infecção, com explantação da bomba, em paciente que havia melhorado tanto da espasticidade como da dor, secundária à desmielinizante. Houve 1 caso em que o paciente apresentou piora prolongada de nível de consciência associada com choque séptico de foco urinário e a bomba foi deixada em taxa mínima de infusão, com dose insignificativa. A espasticidade melhorou em 6 pacientes implantados. Dois pacientes que não apresentaram melhoram com a morfina intratecal, foram convertidos para baclofeno intratecal, sendo ambos secundários à paralisia cerebral. Um paciente relata que após a infusão de morfina intratecal ele perdeu a espasticidade de membros inferiores, com piora clínica, internação prolongada, perda de função e impressão de que a bomba foi um tratamento ruim.
Discussão/Conclusão: Morfina intratecal é uma opção para o tratamento da espasticidade. Pode ser usada como opção quando o paciente apresenta espasticidade e dor secundária à lesão medular ou esclerose múltipla. Para pacientes com paralisia cerebral, a morfina intratecal aparenta ser menos efetiva. O resultado global do nosso estudo demonstra que a terapia de infusão intratecal de morfina foi bom, sendo útil para controlar a espasticidade e a dor, conforme relato do grau de satisfação dos pacientes.
No conflict of interest has been declared by the author(s).