Pott’s puffy tumor como complicação de sinusite crônica em paciente pediátrico: um relato de caso

Apresentação Do Caso: Paciente, 10 anos, masculino, previamente hígido, consultou em Unidade Básica de Saúde (UBS), por cefaleia, vertigem e febre, havia 3 semanas. Diagnosticado com Sinusite, recebeu Azitromicina, por 5 dias. Ao término, retornou à UBS, com persistência sintomática; iniciou Ceftriaxone Intramuscular, por 14 dias. Depois de uma semana, foi ao Pronto-Socorro, por dor severa, tumefação e hiperemia em região frontal, sem comprometimento neurológico e sinais meníngeos ao exame clínico. Ressonância Nuclear Magnética (RNM) de crânio evidenciou Sinusopatia Crônica, coleção intracraniana extra axial, frontal, sugestiva de abscesso epidural, e rarefação de paredes de osso frontal, compatível com Pott’s Puffy tumor (PPt). Submetido à Craniotomia para drenagem de abscesso associada à Vancomicina e Meropeném via endovenosa por 30 dias, com excelente evolução clínica e radiológica.

Discussão: Sinusite é uma das infecções mais comuns em pediatria. A criança não tratada, com tratamento inadequado ou atraso diagnóstico pode evoluir para graves complicações, por disseminação contígua de germes. O PPt representa complicação não neoplásica e causa não usual de empiema subdural de origem sinogênica. Em seu curso clássico tem-se febre e cefaleia intensa, edema, eritema e tumefação de região frontal. Mostra-se evitável com diagnóstico precoce envolvendo anamnese minuciosa, exame físico detalhado e RNM de crânio, padrão-ouro, sugerindo abscesso subperiosteal secundário à Osteomielite de osso frontal. É fundamental instituição imediata do tratamento, associando-se antibioticoterapia à drenagem neurocirúrgica, habitualmente por trepanação ou craniotomia.

Comentários Finais: Ainda que Sinusite seja situação corriqueira na infância, complicações são raras. O PPt é pouco frequente em pré-adolescentes, em razão da finalização do processo de pneumatização de seios frontais ocorrer somente ao final da adolescência. Identificar cefaleia intratável, associada a diferentes graus de alteração do nível da consciência, déficit neurológico e presença de sinais de irritação meníngea é essencial para a suspeita de complicações intracranianas. A terapêutica adequada deve ser rapidamente instituída para minimizar as chances de o paciente adquirir complicações severas e permanentes. A intervenção neurocirúrgica é parte integrante da terapia e não deve ser protelada.

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