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DOI: 10.1055/s-0038-1673049
Lesão completa de VI nervo pós-TCE: uma lesão rara
Publication History
Publication Date:
06 September 2018 (online)
Apresentação do caso: Paciente jovem, sexo masculino, vítima de acidente de moto sem capacete, evoluiu com coma durante 48 horas, após, apresentou bom estado geral, consciente e orientado, Glasgow de 15, sem déficit motor, porém referiu diplopia à movimentação ocular. Tomografia Computadorizada (TC) sem alterações, e Ressonância Nuclear Magnética (RNM) evidenciou lesão completa do VI nervo à direita, compatível com o quadro sintomatológico.
Discussão: O VI nervo é responsável pela inervação do músculo extrínseco do olho, reto lateral, que produz o movimento de abdução ocular, e lesões nele causam estrabismo (esotropia) e diplopia horizontal. Diabetes descompensado, eventos traumáticos, fístulas arteriovenosas, processos congênitos, inflamatórios e neoplásicos são fatores etiológicos para lesões isoladas do VI nervo. Diante da evolução do quadro clínico, é possível sugerir se houve comprometimento neurológico mais importante, pois as lesões isoladas de VI nervo tendem a regredir espontaneamente. O caso em questão é de etiologia traumática, com comprometimento unilateral de VI nervo e sem outros sinais de afecção neurológica, o que caracteriza uma lesão raríssima. A possibilidade desse tipo de comorbidade reside no fato do trajeto do VI ser relativamente longo e isolado após sua emergência ao nível do tronco cerebral até sua entrada no seio cavernoso. A lesão traumática do VI nervo geralmente é acompanhada por fraturas da porção petrosa do temporal e quando lesado isoladamente possui melhor prognóstico. Na neurotmese o axônio, a bainha de mielina e o estroma circundante são irreversivelmente danificados. Nenhuma regeneração significativa ocorre em tal lesão, a menos que a reanastomose cirúrgica seja realizada.
Comentários finais: Acredita-se que a correção cirúrgica deve ocorrer dentro das primeiras 72 horas. Nas lesões sem descontinuidade do nervo, o estudo da condução nervosa sensorial é de extremo auxílio do cirurgião na decisão entre neurólise ou neurorrafia. Se algum potencial sensorial puder ser registrado através da lesão durante o ato cirúrgico, apenas neurólise é realizada, deixando o nervo intacto. Caso nenhum potencial sensorial seja obtido, a lesão é ressecada e neurorrafia é realizada.
No conflict of interest has been declared by the author(s).