Palavras-chave
artroscopia - treinamento por simulação - ombro - técnica de treinamento
Introdução
Ensinar residentes na sala de cirurgia é didático, mas pode aumentar o custo, a morbidade
e mortalidade dos pacientes.[1]
[2]
[3]
[4]
[5] Scott e Dunnington[6] em uma revisão do currículo cirúrgico nos EUA, recomendaram em seu artigo “Move the Learning Curve out of the Operating Room”, que o treinamento cirúrgico deveria se tornar mais eficiente se apoiando em simulações,
retorno de aprendizado e formas objetivas de avaliação de ganho de habilidades.
O desenvolvimento de habilidades artroscópicas pode ser particularmente difícil para
alguns cirurgiões.[7] O simulador provê oportunidades ilimitadas para treino, porém com custo que pode
passar de 80 mil dólares tornando inviável para várias instituições de ensino.[4]
[8]
Modelos secos podem ser fáceis de construir, baratos, e despertam interesse nos treinandos
e demonstram eficiência similar aos de realidade virtual,[8]
[9]
[10]
[11]
[12]
[13] o modelo aqui estudado, foi desenvolvido com este formato e conceito de usar materiais
de baixo custo. O passo a passo de materiais e montagem do modelo já foi publicado,[14] e o presente estudo propõe a validação deste modelo ([Fig. 1]).
Fig. 1 (a) Fixação da fita de simulação de manguito rotador, (b) Demonstração das posições das estruturas, (c) Posicionamento dos pontos de referência da glenóide. Fonte: Autor (2021).
Material e Método
Estudo experimental transversal aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital
do Trabalhador/SESA/PR com parecer n° 1.994.655.
Projeto consiste na validação do modelo de artroscopia de ombro pela metodologia de
constructo comparando entre grupos de diferentes níveis de treinamento (cirurgiões,
residentes e acadêmicos de medicina). O método de constructo de validação tem o foco
verificar se o modelo demonstra a diferença na destreza e velocidade na realização
de diferentes atividades padronizadas, e avaliando se há melhora nos escores e velocidade
com a repetição dos exercícios propostos.
Neste estudo foi utilizado um total de 30 indivíduos divididos nos seguintes grupos:
Dez acadêmicos de medicina do sexto ano da Universidade Federal do Paraná. (sorteados
pelo número de matricula e convidados a participar). Dez residentes de ortopedia do
terceiro ano e dez cirurgiões de ombro do Hospital de Clínicas / Hospital do Trabalhador
(não randomizados pois eram o universo total)
Todos indivíduos convidados assinaram o Termo de Concordância Livre e Esclarecido
e, independente do grau de treinamento, foram instruídos no funcionamento do modelo
com um vídeo de cerca de três minutos.
Todos os testes foram filmados e analisados pelos autores.
O artroscópio era inserido por um portal clássico de visualização, e um portal padrão
pelo intervalo rotador pré-confeccionado e colocado um probe. O indivíduo era orientado a tocar pontos marcados na articulação com números de
forma sequencial.
A segunda atividade foi utilizar o probe para engatar no orifício do elástico ali montado e tracionar até a linha desenhada
no elástico coincidir com o rebordo do acrômio do modelo ([Fig. 2]).
Fig. 2 Demonstração do uso do modelo (a) Modelo de treinamento em artroscopia de ombro pronto; (b) modelo em uso com artroscópio; (c) exercício de triangulação com “probe” em decúbito lateral; (d) exercício de manipulação de tecido por tração do elástico (supra espinhal) em cadeira
de praia. Fonte: Autor (2021).
O procedimento era reproduzido duas vezes por cada um dos indivíduos, sendo 600 segundos
(10 minutos) o tempo limite para completar cada teste. Após o término foi solicitado
a todos os participantes o preenchimento de um questionário de Likert.
Os critérios analisados foram tempo para cumprir as tarefas, contagem do número de
vezes de olhares para baixo (“lookdowns”), comparação do escore de GOALS. Todos os parâmetros foram avaliados em ambos os
testes tanto inter quanto intra grupos. As mensurações de tempo foram realizadas em
segundos, e os parâmetros segundo o escore de GOALS foi desenvolvido com quesitos
que atribuem notas 1, 3 e 5 para cada item de performance sendo cinco a nota máxima
e um a mínima.[15]
[16]
Adaptação do escore de GOALS
Quesito 1 - Percepção de profundidade
1. Constantemente passa do alvo, movimentos muito amplos, demora para corrigir
3. Um pouco de exagero no movimento ou perda do alvo, rápido para correção
5. Posiciona os instrumentos no plano correto para atingir o alvo
Utilizamos o tempo de triangulação. Até nove segundos cinco pontos, de dez a vinte
segundos três pontos e mais de vinte segundos um ponto.
Quesito 2 - Dextricidade bimanual
1. Usa apenas uma mão, ignora a mão não dominante, coordenação ruim entre as mãos
3. Usa ambas mãos, mas não otimiza interação entre elas
5. Usa ambas as mãos de forma complementar, de maneira a otimizar a atividade
Utilizamos o tempo de tempo para introduzir o probe no orifício. Até nove segundos cinco pontos, de dez a vinte segundos, três pontos
e mais de vinte segundos um ponto.
Quesito 3 - Eficiência
1. Ineficiente nos esforços: muitas tentativas de movimento; constantemente mudando
foco ou persistindo sem progresso
3. Lento, mas movimentos planejados são razoavelmente organizados
5. Confiante, eficiente e seguro; mantém foco na tarefa até que se resolva
Utilizamos o número de tentativas até o probe ser adequadamente posicionado no orifício para tracionar o elástico. Uma tentativa
cinto pontos, duas a cinco tentativas três pontos, mais de cinco tentativas um ponto.
Quesito 4 - Manipulação de tecidos
1. Movimentos grosseiros, rasga os tecidos, lesa os tecidos adjacentes, controle ruim
do “grasper”, o “grasper” frequentemente solta o tecido
3. Manipula o tecido de forma razoável, pouco trauma nos tecidos adjacentes
5. Manipula bem os tecidos, aplica tração apropriada, lesão mínima aos tecidos adjacentes
Utilizamos o tempo para puxar a fita do manguito. Até cinco segundos cinco pontos,
de seis a dez segundos três pontos e mais de dez segundos um ponto.
Quesito 5 - Autonomia
1. Inapto a completar a tarefa, mesmo com orientação verbal
3. Apto a completar a tarefa com moderada orientação
5.Apto a completar a tarefa sem orientação
Utilizamos a quantidade de orientações. Nenhuma orientação cinco pontos, se completou
com orientações três pontos e se não completou um ponto.
Ao final dos testes, os participantes foram solicitados a preencher uma Escala de
Likert (modificada para este estudo).
Todos os testes estatísticos foram realizados no programa livre R studios®.
Para a comparação entre os valores da primeira e segunda tentativas o teste de Wilcoxon
foi utilizado. Na comparação pareada intergrupos foi aplicado o teste de Mann-Whitney
e entre os três grupos foi utilizado teste de Kruskal-Wallis.
Resultados
Do grupo de acadêmicos quatro eram do sexo masculino e seis do sexo feminino com idade
média de 23,5 anos. Dos residentes nove eram do sexo masculino e 1 do sexo feminino
com média de 29,3 anos. Nos cirurgiões, todos do sexo masculino com idade média de
36,1 anos.
Na comparação intergrupos, o tempo médio para o primeiro teste, no grupo de cirurgiões,
foi de 102,59 segundos, contra 221 segundos no grupo de residentes e 265 segundos
no grupo de alunos, demonstrando diferença estatística. Assim como quando cirurgiões
e residentes, cirurgiões e alunos foram pareados, mas não entre residentes e alunos.
No segundo teste, houve diferença média de 59 segundos no grupo de cirurgiões, 86
segundos no grupo de residentes e 146 segundos entre os alunos, e novamente não foi
encontrada diferença estatística apenas na comparação entre o grupo de residentes
e alunos ([Figs. 3] e [4]).
Fig. 3 Comparação tempos intergrupos primeira tentativa. Fonte: O Autor (2021).
Fig. 4 Comparação tempos intergrupos segunda tentativa. Fonte: O Autor (2021).
Na comparação intragrupo, entre o primeiro e o segundo teste, o grupo cirurgiões apresentou
diferença média estatisticamente significativa de 102,59 segundos para 59 segundos.
No grupo de residentes, o tempo médio diminuiu de 265,9 para 184,7, mas sem diferença
estatística p = 0,08. No grupo de alunos, a diminuição do tempo foi de 376,5 no primeiro
teste para 146 no segundo teste (p = 0,0039).
Para a comparação entre os três grupos, observou-se diferença significativa no primeiro
(p = 0,00037) e no segundo teste (p = 0,0048).
O escore GOALS no grupo de cirurgiões apresentou aumento médio de 20,2 para 22,4 do
primeiro para o segundo teste (p = 0,05); no grupo de residentes, o passou de 13,4
para 15,8 (p = 0,16); e o grupo de alunos de 9,4 para 15,6 (p = 0,009).
A comparação dos escores do GOALS no primeiro teste entre cirurgiões e residentes,
cirurgiões e alunos e residentes e alunos mostrou que houve diferença estatística
(p = 0,0035, p = 0,0002, p = 0,012, respectivamente). No segundo teste, manteve-se
a diferença entre cirurgiões e residentes e cirurgiões e alunos (p = 0,011, p = 0,0045).
Entretanto, entre o grupo de residentes e estudantes não foi observada diferença (p = 0,73)
([Fig. 5]).
Fig. 5 Variação escore GOALS entre o primeiro e segundo teste. Fonte: O Autor (2021).
O grupo cirurgiões apresentou uma diminuição média no número de lookdowns de 2,6 para 1,2 do primeiro para o segundo teste, respectivamente (p = 0,29). No
grupo de residentes, observamos uma diminuição média de 10 lookdowns no primeiro teste para 4,2 no segundo teste (p = 0,05), e no grupo de alunos, de
8,6 para 3,6 comparando a primeira e a segunda tentativa (p = 0,009).
A resposta a escala de Likert foi de que o simulador era um ítem de utilidade tanto
no treinamento dos cirurgiões quanto um ítem de que seria útil, e poderia substituir
simuladores virtuais. O simulador apenas não foi bem aceito como um substituto adequado
para treino em cadáveres ([Tabela 1]).
Tabela 1
|
Questão
|
Discordo Fortemente
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Discordo
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Neutro
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Concordo
|
Concordo Fortemente
|
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%
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%
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%
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%
|
%
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CIRURGIÕES
|
1. O simulador tem utilidade no treinamento de cirurgiões iniciantes na área de artroscopia?
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|
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|
10
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90
|
2. O treinamento em simulador é uma atividade motivante/prazerosa?
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|
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|
20
|
80
|
3. O simulador de baixo custo pode substituir um simulador virtual?
|
|
|
20
|
30
|
50
|
4. A implementação do treinamento em simulador no programa de residência médica pode
melhorar a formação em artroscopia?
|
|
|
|
|
100
|
5. O simulador de baixo custo pode substituir o treinamento em cadáver?
|
|
30
|
20
|
40
|
10
|
Residentes
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1. O simulador tem utilidade no treinamento de cirurgiões iniciantes na área de artroscopia?
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|
100
|
2. O treinamento em simulador é uma atividade motivante/prazerosa?
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10
|
10
|
80
|
3. O simulador de baixo custo pode substituir um simulador virtual?
|
|
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|
40
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60
|
4. A implementação do treinamento em simulador no programa de residência médica pode
melhorar a formação em artroscopia?
|
|
|
|
|
100
|
5. O simulador de baixo custo pode substituir o treinamento em cadáver?
|
10
|
20
|
30
|
30
|
10
|
Acadêmicos
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1. O simulador tem utilidade no treinamento de cirurgiões iniciantes na área de artroscopia?
|
|
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|
30
|
70
|
2. O treinamento em simulador é uma atividade motivante/prazerosa?
|
|
|
10
|
30
|
60
|
3. O simulador de baixo custo pode substituir um simulador virtual?
|
|
|
30
|
60
|
10
|
4. A implementação do treinamento em simulador no programa de residência médica pode
melhorar a formação em artroscopia?
|
|
|
|
20
|
80
|
5. O simulador de baixo custo pode substituir o treinamento em cadáver?
|
|
20
|
40
|
30
|
10
|
Discussão
Para validar um dispositivo de simulação cirúrgica, um dos principais métodos é a
diferenciação de proficiência, ou seja, se o mesmo modelo for testado por grupos de
indivíduos com diferentes níveis de aprendizado, o desempenho deve ser diferente tal
metodologia se baseia no desenho de constructo. Neste método, o modelo deve demonstrar
diferença entre grupos de diferentes níveis de habilidades assim como evolução nas
habilidades com a repetição de tarefas.[17]
[18]
[19]
[20]
[21]
[22]
[23] Em nossa comparação entre os três grupos, tanto o primeiro quanto o segundo teste
mostraram diferença nos parâmetros, distinção que se manteve na comparação pareada
dos grupos, exceto entre residentes e estudantes. Em outro estudo, um experimento
utilizando um modelo laparoscópico com uma caixa de papelão e tablet montado na parte
superior demonstrou que o grupo de cirurgiões foi consistentemente mais rápido do
que o grupo de residentes seniores e juniores, resultados compatíveis com os nossos.[24]
Quando comparamos o desempenho de residentes e alunos em nosso estudo, não foi observada
diferença. Percebemos, no entanto, que, diferentemente do grupo de cirurgiões, o grupo
de residentes apresentou grande variação nos parâmetros estudados, incluindo dois
outliers com tempo muito maior, fato que pode estar relacionado ao treinamento não
ser uniforme neste grupo.
Para determinar se o modelo proporciona a melhoria das habilidades, o desempenho deve
melhorar com o treinamento.[19]
[22]
[25]
[26]
[27] Na repetição das tarefas, o grupo de cirurgiões e o de alunos teve uma diminuição
significativa no tempo. Embora o grupo de residentes tenha conseguido diminuir cerca
de 70% das vezes, não houve melhora estatística (p = 0,08). Entretanto, um participante
aumentou o tempo em quatro vezes, caracterizamos esse indivíduo como outlier e removendo
este resultado houve diferença. Esta melhora no desempenho demonstra que o simulador
pode ter a capacidade de melhorar as habilidades artroscópicas.
Em um estudo de validação semelhante ao nosso, mas com modelo de caixa, foram avaliados
cirurgiões, residentes e estudantes realizando procedimentos seis vezes e o progresso
no tempo foi analisado. Os residentes e alunos foram, respectivamente, 56% e 127%
mais lentos que os cirurgiões para concluir as tarefas propostas, e mantendo essa
diferença até o último teste, corroborando o presente estudo.[22]
Ao analisar a evolução do tempo para realização das tarefas, o grupo de cirurgiões
teve uma melhora de 44%, residentes 39% e alunos 45% sendo significativo para todos
os grupos, achados consistentes com os nossos, mas que diferiram no grupo de residentes,
fato que pode ter ocorrido devido ao nível de treinamento irregular entre nossos residentes,
conforme já mencionado.[22]
Para uma avaliação mais objetiva dos resultados, optou-se por utilizar o escore GOALS,
que, apesar de ter sido criado para avaliação de cirurgias laparoscópicas,[18] já havia sido utilizado na avaliação de um simulador de artroscopia de ombro e um
modelo de treinamento em flavectomia endoscópica.[15]
[28] Para ser o mais objetivo possível, criamos uma escala de tempo ou número de tentativas
para realizar tarefas específicas e a correlacionamos com cada item do escore GOALS
e na comparação intergrupos observamos diferença entre todos os grupos no primeiro
teste. Os mesmos resultados foram observados no segundo teste comparando cirurgiões
e residentes, mas não residentes e estudantes.
No estudo de flavectomia endoscópica já citado, comparando cirurgiões e estudantes
com o escore de GOALS, demonstrou diferenças entre os grupos, corroborando os achados
deste estudo.[28] Em um modelo de joelho, semelhante ao nosso e utilizando o escore ASSET, estudantes
e cirurgiões foram comparados e mostraram diferença estatística, confirmando novamente
a hipótese de que o construto permite a diferenciação entre indivíduos com diferentes
níveis de experiência.[13] Para o ombro encontramos um único estudo que utilizou o escore GOALS que avaliou
estudantes de medicina do primeiro ano e sua evolução com o uso do dispositivo e os
autores apresentaram melhora significativa como em nosso estudo.[15]
Outro parâmetro visual objetivo adotado foi o número de lookdowns.[29]
[30] No grupo de cirurgiões, houve apenas uma pequena diferença de 2,6 a 1,2 (p = 0,29)
na evolução do primeiro para o segundo teste, que pode ser explicado pelo fato de
os sujeitos já estarem acostumados a realizar cirurgias artroscópicas, diferente dos
grupos de residentes que apresentou uma diminuição média de 10 lookdowns do primeiro teste para 4,2 no segundo (p = 0,05) e no grupo de alunos, de 8,6 para
3,6 do (p = 0,009). Na validação de um simulador de joelho, os autores encontraram
uma média de 47 lookdowns no grupo de estudantes, contra 16,9 no grupo de cirurgiões, maior proporção e diferença
em relação ao presente estudo. Por se tratar de uma proposta semelhante, a discrepância
nas observações pode ser explicada por ser apenas um teste por indivíduo, sem chance
de aprendizado no grupo de alunos e o procedimento mais complexo de meniscectomia,
que pode justificar o maior número de olhares dos cirurgiões.[30]
Um ponto fundamental para que um simulador funcione bem é o nível de aceitação por
parte de quem vai utilizar.[31] Utilizamos a escala Likert, e os participantes foram unânimes em afirmar que o simulador
é útil na formação de cirurgiões e também que foi uma atividade agradável. Resultado
semelhante no estudo da flavectomia e no modelo de.[28]
[30] Avaliando modelo de caixa para artroscopia os autores observaram que 90% dos participantes
inexperientes concordaram. No entanto, no grupo, apenas 58% dos indivíduos acharam
válido. O modelo utilizado por esses autores não era um anatômico, mas uma caixa com
furos, e as tarefas não eram correlacionadas a cirurgias. Assim, apesar de melhorar
a coordenação motora para atividades sem visão direta, provavelmente não transmitiu
a sensação de estar com um paciente real.[21]
O item com maior discordância foi se o simulador poderia substituir o treinamento
em cadáveres com, 30% de discordância entre os cirurgiões e residentes, enquanto 20%
dos estudantes discordaram, correspondendo aos achados de outros autores.[28]
[30] O cadáver continua sendo o padrão-ouro para simulação, proporcionando anatomia idêntica,
sensação tátil semelhante, limitada apenas pela falta de sangramento e contração muscular
ativa.
Concordamos com McDougal[19] que diz que a simulação cirúrgica não substituirá a necessidade de aprendizagem
curricular habitual, com tutores e experiência prática, mas que deve permitir a obtenção
de habilidades básicas, deixando a interação com os pacientes para melhorar essas
habilidades.
O presente estudo apresenta limitações, o número de cirurgiões e residentes treinados
foi limitado pelo número de indivíduos disponíveis na instituição. A validade não
foi comparada com outro tipo de simulador já estabelecido, e não avaliamos se as habilidades
adquiridas podem ser transpostas para uma situação real de cirurgia. O simulador foi
criado o mais semelhante possível a um ombro, porém, a falta de tecidos moles e sangramento
o torna menos confiável. Futuramente, a impressão tridimensional utilizando materiais
com diferentes texturas poderá ser utilizada para melhor reproduzir um ambiente cirúrgico
real.
Conclusões
Este estudo concluiu que o simulador desenvolvido permitiu a diferenciação entre indivíduos
com diferentes níveis de treinamento em cirurgia artroscópica. Permitiu que os participantes
aprimorassem suas habilidades dos indivíduos à medida que repetiam as tarefas propostas.
Todos os participantes consideraram o simulador uma ferramenta útil no treinamento
de cirurgia artroscópica do ombro.