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CC BY-NC-ND 4.0 · Journal of Coloproctology 2023; 43(S 01): S1-S270
DOI: 10.1055/s-0044-1780820
Modalidade de apresentação: Vídeo
Câncer do Cólon/Reto/Ânus

TUMOR PRÉ-SACRAL COM INVASÃO DE RETO É SEMPRE SINAL DE INVASÃO MALIGNA?

Lavier Kelvin Holanda Vidal
1   Universidade Federal do Ceará.
,
José Jader Araujo de Mendonça Filho
,
Sthela Maria Murad-Regadas
,
Rodrigo Dornfeld Escalante
,
Carolina Vannucci Vasconcelos Nogueira Diogenes
,
Carlos Magno Queiroz da Cunha
,
Victor Ripardo Siqueira
,
William Pinheiro Boavista de Oliveira
› Author Affiliations
 
 

    lavierhv@gmail.com

    Introdução O espaço pré-sacral é sítio de enorme variedade de tumores, benignos ou malignos, cujo diagnóstico pode ser retardado por apresentação clínica oligossintomática. Casos sintomáticos podem corresponder a lesões mais avançadas. Pelo risco de malignidade, indica-se ressecção cirúrgica, estando a técnica relacionada com a extensão, o envolvimento de estruturas adjacentes, e a experiência do cirurgião. Biópsia pré-operatória não é recomendada, sendo necessários exames de imagem que possam caracterizar a lesão, e mensurar a extensão e a relação com estruturas adjacentes. Em tumores baixos, localizados até o nível de S3, pode ser realizado o acesso de Kraske e/ou combinado, de acordo com as características da lesão.

    Objetivo Apresentar caso de tumor pré-sacral volumoso, avaliado por exames de imagem, com caracterização da lesão e coleta de dados para a escolha da abordagem.

    Materiais e Métodos Paciente do sexo feminino, de 32anos, com queixa de tenesmo e mucorreia. A colonoscopia revelou lesão que abaulava a parede posterior do reto, com irregularidade de mucosa e depressão central. A RNM evidenciou lesão cística, multiloculada, com conteúdo líquido, que envolvia a parede retal, mas sem confirmação de invasão, sugestiva de cisto de duplicação. A ultrassonografia endorretal 3D mostrou imagem cística pré-sacral, volumosa, multiloculada, heterogênea, com sinais de invasão da parede retal, que acometia 10% da circunferência retal, e dissecava o espaço interesfinctérico, sem invasão da musculatura. A lesão se estendia do reto inferior até canal anal médio, no espaço interesfinctérico. Realizou-se o acesso de Kraske, com congelação em sala para definir o tipo da ressecção. Foi possível realizar a ressecção completa, e confirmou-se a invasão nas camadas da parede, sendo necessária a excisão do segmento retal acometido com margem cirúrgica, seguindo critérios oncológicos, e procedeu-se ao fechamento primário do reto. O estudo por congelação descreveu cisto de duplicação retal, permitindo a conclusão da cirurgia pela mesma via, sem necessidade de ressecção ampliada.

    Resultados Realizou-se preparo completo de cólon e antibioticoterapia por 14 dias. Não houve ostomia, e tampouco ocorreu complicação intraoperatória. A paciente apresentou abertura da sutura no reto no quinto dia, e realizou-se derivação do trânsito. A paciente teve alta no 21° dia de pós-operatório, e retornará no 3° mês para reconstrução.

    Conclusão A utilização de exames de imagem é necessária para a obtenção de informações completas quanto à extensão das lesões pré-sacrais e sua relação com estruturas adjacentes, para permitir o planejamento e a escolha da técnica operatória adequada, assim evitando ressecções incompletas ou procedimentos extensos desnecessários.


    No conflict of interest has been declared by the author(s).

    Publication History

    Article published online:
    27 February 2024

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